23 de janeiro de 2019

O MILAGRE DA VIDA



A avó Mary, há três anos trouxe-me um pequeno embrulho: a sua neta Adela. Muito pequena, desnutrida e doente.

A bebé tinha 12 meses, mas mostrava uns quatro. A mãe, afetada pela sida, morreu poucas semanas após o parto, deixando a Adela com a avó, que, no entanto, tinha dificuldade em a alimentar.

A malnutrição, juntamente com todas as infecções oportunistas que se juntaram, estavam a «comer» a bebé.

A avó estava decidida a manter a netinha, acompanhando-a até a morte, certa de que logo voaria para o céu como a sua mãe.

MAS ESTES NÃO ERAM OS PLANOS DE DEUS «cujos pensamentos não são os nossos pensamentos, cujos caminhos não são os nossos caminhos» (Is 55).

Eu tinha chegado recentemente ao Uganda quando a avó Mary nos procurou uma tarde para levar uma pequena sacola com comida, como fazia todas as semanas.

A minha irmã, que a atendeu, disse-lhe para me mostrar a bebé, porque eu era enfermeira e já tinha lidado com crianças em condições semelhantes.

Mas por medo, superstição ou qualquer outra coisa, a avó estava reticente. Um dia Adela piorou, e a avó faz a última tentativa à sua disposição: ela DECIDIU trazer-me a bebé.

No nosso primeiro encontro, percebi todo o esforço da avó para confiar em mim e acreditar que a netinha «ainda não está morta».

Então começamos uma longa caminhada, nem sempre fácil, marcada por altos e baixos, mas também pelo incrível desejo de viver de Adela, bem como pela hesitação da avó que lentamente começou a arrepender-se e a alegrar-se.

Hoje, Adela tem quatro anos, frequenta a creche e, mesmo vivendo com a sida, respira vida por todos os poros.

E a avó Mary? A sua coragem de ousar ir além do muro do medo e da superstição foi recompensada pela alegria e pela «turbulência benéfica» que Adela traz diariamente à sua vida.

A avó Mary ensinou-me que se pode decidir superar a si mesmo apenas por amor. O Amor é aquela palha que manteve Jesus aquecido na manjedoura.
Maria Luísa Miccoli, missionária comboniana 
Campala- Uganda

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