31 de dezembro de 2016

A FORÇA DA NÃO-VIOLÊNCIA


O papa repropõe a não-violência como método evangélico para uma «política para a paz» baseado no Sermão da Montanha. Uma proposta ousada e corajosa que nos devolve às origens do cristianismo e responde aos desafios de «uma terrível guerra mundial aos pedaços» em curso.

«Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência», destaca Francisco.

A mensagem do papa para o 50º Dia Mundial da Paz de 2017 – que se celebra a 1 de janeiro – faz uma leitura holística da experiência de todos os dias e revela o fio subtil que nos «cose»: os conflitos que preenchem noticiários e telejornais são os mesmos que enchem o meu coração.

Não há violências maiores e menores, nem violências de estimação. O coração humano é o campo de batalha onde a violência e a paz se defrontam, onde nasce o conflito. Daí que o papa proponha um roteiro cordial para o superar: admitir a violência que cada um carrega no coração e buscar a cura na misericórdia de Deus, através da solidariedade «como estilo para fazer a história e construir a amizade social».

A família é o primeiro laboratório da paz. A não-violência aprende-se de pequenino em casa na forma de lidar com os conflitos e atritos através do diálogo, respeito, busca do bem do outro, misericórdia e perdão.

A paz na família gera a paz entre a família das nações!

O desarmamento começa com palavras gentis, de sorrisos, gestos mínimos de paz e amizade, o pequeno caminho do amor de Teresa de Lisieux, que conduzem ao desarmamento global.

A violência dá sempre mais violência para gáudio e ganho de uns tantos «senhores da guerra» desviando recursos tão urgentes para a grande multidão dos pobres de hoje!

O Papa apela ao desarmamento, à proibição e abolição das armas nucleares juntamente com o fim da violência doméstica e do abuso sobre mulheres e crianças, do descarte das pessoas, dos danos do meio ambiente e do vencer a todo o custo.

«A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado», afirma com veemência.

António Guterres, secretário-geral designado da ONU, defendeu no discurso de juramento a reforma do sistema de manutenção de paz das Nações Unidas.

Notou que os capacetes azuis muitas vezes são chamados a manter uma paz que não existe e propôs um continuum de paz baseado na prevenção, resolução de conflitos, manutenção e construção da paz e desenvolvimento.

A «ética da fraternidade e da coexistência pacífica» não seria mais efectiva para proteger e manter a paz entre os povos? Resultou na África do Sul e é incomparavelmente mais barata que a solução militar.

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