16 de outubro de 2016

ETIÓPIA EM ESTADO DE EMERGÊNCIA


A Etiópia está sob estado de emergência desde 8 de outubro em resposta a protestos violentos contra o Governo.

O primeiro-ministro Hailemariam Desalegn decretou seis meses de estado de emergência para controlar os protestos antigovernamentais cada vez mais fortes e violentos nas regiões da Oromia e Amara.

«Queremos parar com a destruição contra projectos de infraestrutura, centros de saúde, de administração e edifícios de justiça», explicou o primeiro-ministro na televisão etíope ao anunciar o estado de emergência.

Desalegn disse que a onda de protestos que alastra um pouco por todo o país põe em causa a integridade nacional.

Os protestos começaram em novembro de 2015 quando o Governo anunciou planos para alargar o perímetro urbano de Adis-Abeba, a capital etíope.

Os agricultores oromos manifestaram-se contra a ocupação dos seus terrenos férteis.

Desde então mais de 500 pessoas foram mortas pela polícia e pelos militares em protestos.

A 2 de outubro, 52 pessoas morreram durante um festival oromo em Bishiftu, nos arredores da capital.

Os distúrbios chegaram às zonas mais remotas da Oromia, incluindo Sollamo, a capital do distrito do Uraga, a mais de 500 quilómetros de Adis-Abeba.

Os amaras que contestam a anexação de território tradicionalmente seu ao estado do Tigrai fizeram coro com os oromos, bloquearam as entradas para Adis-Abeba e pararam a cidade turística de Bahr Dar.

A Etiópia é controlada pela elite política do Tigrai desde 1991, quando os rebeldes tigrinos derrotaram o regime comunista com a ajuda dos oromos.

Oromos e amaras fazem cerca de 70 por cento da população etíope.

Os tigrinos quedam-se pelos seis por cento, mas têm-se mantido no poder através de alianças locais.

A elite tigrina controla cerca de 70 por cento de economia etíope e tem feito negócios de terras pouco claros com investidores estrangeiros, expropriando as terras aos agricultores.

Segundo a Constituição etíope, a terra pertence ao Estado, que a concede aos interessados, um entendimento muito diferente dos grupos étnicos que consideram as terras ancestrais como suas.

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