O. P. Ítalo Scoccia, comboniano italiano, fez hoje os seus primeiros votos na Congregação dos Missionários Combonianos durante a Assembleia Provincal. E deixou-nos o seu testemunho.
Chamo-me Italo, tenho 64 anos de idade e sou noviço comboniano. Nasci a 11 de Setembro de 1949 na Itália. Os meus pais, Adino Scoccia e Clara Marinelli, eram agricultores pobres. Éramos uma família rica de fé. O meu pai nas noites de inverno sentava-me nos seus joelhos perto da lareira e, depois de rezar o terço em família, contava-me a história de Jesus que me comovia e fazia chorar. Embora pobre, sentia-me uma criança feliz, rodeada de muito carinho.
Aos oito anos, depois de escutar o testemunho de um missionário, manifestei, pela primeira vez, o desejo de ser missionário na África. Acabada a escola primária ingressei nos Salesianos de Loreto, para ser missionário, motivado mais pela devoção a Nossa Senhora que por um discernimento vocacional. Em 1966, aos dezasseis anos, fui admitido ao Noviciado em Lanúvio de Roma, onde comecei a discernir mais seriamente a minha vocação. Em 1968, durante os meus votos temporários, estudei no Liceu de Genzano de Roma. Em 1969 renovei os votos por um segundo triénio e fui destinado a Terni para o tirocínio prático. Tive as primeiras responsabilidades educativas, comecei os estudos universitários de Letras e Filosofia em Perugia, e experimentei a vida de uma comunidade religiosa real com muito trabalho, com muitas gratificações e também algumas desilusões no apostolado.
Quando estava preparado para fazer os votos perpétuos, no dia 27 Abril de 1972 morreu o meu único irmão Renato. Entrei em crise e, depois de um longo tempo de discernimento, saí dos Salesianos para, de acordo com os meus superiores e com o bispo da minha diocese, entrar no seminário regional de Ancona. Antes de entrar no seminário, passei um ano com os meus pais e depois de um ano de seminário fiz um ano de serviço militar em Treviso. Durante os estudos teológicos fiz experiências pastorais e estudei música no Conservatório Gioacchino Rossini de Pésaro. Antes da ordenação sacerdotal já estava de acordo com um missionário Fidei Donum da minha diocese para ir para a missão, num futuro próximo.
Em 1979 fui ordenado sacerdote pelo Papa João Paulo II. Trabalhei como vice-pároco na maior paróquia da diocese, em Castelraimondo. Além disso, ensinei religião na escola pública e música no seminário. Sentia-me realizado. Porém, o desejo mais forte era da missão. Em 1985 com a bênção dos meus pais e a autorização do Vigário Geral, deixei tudo e fui para Lima, Peru, como sacerdote fidei donum, para uma paróquia onde já trabalhavam outros dois sacerdotes. Os pobres, a vida comunitária, a pastoral e todas as vivências e atividades em ambiente de igreja que vive entre os últimos e mais atribulados da periferia de Lima fizeram-me mudar o meu modo de crer, de orar, de atuar.... Alegrei-me com as pequenas conquistas dos pobres e neles reconheci a acção de Cristo Ressuscitado. Aí encontrei esse povo que sofre e que crê e nele pareceu-me tocar a «carne de Cristo açoitado». Por isso o amei como a nenhum outro povo. Considero os doze anos de vida missionária no Peru como os melhores que eu vivi até agora, apesar de algumas sombras e erros.
No dia1 de Janeiro 1997, o meu pai faleceu de repente e minha mãe ficou sozinha. E eu que não havia deixado a missão nem com as ameaças dos terroristas, voltei para minha diocese e levei a minha mãe para morar comigo. A 14 Março de 2012 faleceu também a minha mãe e eu fiquei só. Imediatamente anunciei ao meu bispo a minha vontade de voltar para a missão. Entrei também contacto com o meu amigo Comboniano, Pe. Daniele Moschetti, que me orientou para o superior da província italiana. Juntos mandaram-me fazer uma experiência no Sudão do Sul e depois de diálogos e consultas o superior provincial e o meu bispo puseram-se de acordo para o meu ingresso no Noviciado Europeu de Santarém, em 19 agosto 2013.
As motivações que me levaram a optar pelos Combonianos foram: o método missionário de São Daniel Comboni de «Salvar África com África», a opção missionária da sua congregação de testemunhar o evangelho entre os pobres mais pobres, opção que eu tinha amadurecido no Peru, e finalmente a esperança de realizar a minha vocação missionária ad gentes, que senti desde pequeno, que nunca esqueci e que, para mim, é o melhor presente da minha vida.
Este tempo do Noviciado é um grande dom do Coração de Jesus. Estou contente por ter muito tempo de oração e uma comunidade que me ajuda a discernir e fazer a vontade de Deus. Sinto-me bem acolhido. Procuro partilhar o que sou e sei em solidariedade com os meus colegas sem distinção. Se Deus quiser, em Setembro faço a minha Profissão Religiosa e sonho ser enviado ao Sudão do Sul, «a missão do coração».
Rezem por mim.
P. Italo Scoccia
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