A CRIANÇA QUE VIA ESTRELAS
Era noite! Estava cansada de mais um dia de aulas, estudo, agitação e rotinas. Fiz os deveres, fui ao computador e apressei-me para ir para a cama. Tomei banho, lavei os dentes e vesti-me.
Já na cama, fechei os olhos e rapidamente se apagaram em mim todos os pensamentos.
Entrei num mundo, o meu mundo.
Tudo era claro. Ao longe via um fundo coberto de cores calmas: amarelo, cor-de-rosa bebé, azul bebé, cor-de-laranja.
Existia também uma quantidade infinita de flores e plantas nunca vistas. Talvez fossem plantas imaginárias que criamos no âmbito de uma ilusão!
De repente – e para meu espanto – encontrei uma criança que olhava o céu e em pleno dia dizia ver as estrelas.
Reparei também que estava rodeada de lindas borboletas que pareciam fazê-la voar.
Pensei: mas se este é um sitio meu que faz esta criança de pele clara e com a cara coberta de pintinhas aqui? Depressa afastei este pensamento e desatei a falar com ela. Estranhamente não tive curiosidade de saber quem era. Falámos de sonhos e de medos. Que pensamentos tão controversos, mas que nos elucidaram tanto.
– Fala de ti!, pedi.
– Pouco tenho a falar… Sabes bem que me conheces!
Fiquei intrigada com esta resposta, mas nem liguei muito. Afinal era uma criança e o que me poderia ensinar ela?
Como em sufoco ela diz-me:
– Na verdade estou aqui, porque existem coisas das quais já não te lembras. São passado mas constituem o teu presente e farão parte do teu futuro. Lembras-te do dia em que entraste para a escola e daquilo que sentiste; do orgulho que por tempos tiveste e voltaste a ter pelo teu pai; da alegria que exibiste quando soubeste que ias ter o teu primeiro primo; do que sentiste no primeiro dia no 5.º ano ao conhecer uma das pessoas mais importantes da tua vida; do que sentias de todas as vezes que chegavas a casa e Ela estava à tua espera; do orgulho que exibes pela tua mãe; de quão feliz o teu tio te faz; de quando chamaste pela primeira vez mana àquela que vês como melhor amiga; do dia em que te uniste firmemente à Cátia e à Ana; da leveza que sentes ao ouvir as músicas daqueles que bem conheces e que tanto te identificas; da adrenalina que sentes ao entrar no Estádio; do orgulho, esperança e vontade que sentes perto dos teus novos amigos; de todos aqueles que NOS fazem felizes próxima ou afastadamente…
Foi aqui que a interrompi!
– Nós? Mas afinal quem és tu?
– Eu? Sou a relação entre ti e os teus pensamentos mais puros, que a certo momento te viu sem eira nem beira e decidiu falar-te daquilo que eras, daquilo que era, daquilo que és, daquilo que sou, daquilo que fomos e daquilo que somos. Lembras-te do dia em que conseguiste ver as estrelas?
Foi então que percebi que as crianças são o relógio do mundo e quando já não há rumo possível, elas resolvem o problema acendendo a luz.
Era noite! Estava cansada de mais um dia de aulas, estudo, agitação e rotinas. Fiz os deveres, fui ao computador e apressei-me para ir para a cama. Tomei banho, lavei os dentes e vesti-me.
Já na cama, fechei os olhos e rapidamente se apagaram em mim todos os pensamentos.
Entrei num mundo, o meu mundo.
Tudo era claro. Ao longe via um fundo coberto de cores calmas: amarelo, cor-de-rosa bebé, azul bebé, cor-de-laranja.
Existia também uma quantidade infinita de flores e plantas nunca vistas. Talvez fossem plantas imaginárias que criamos no âmbito de uma ilusão!
De repente – e para meu espanto – encontrei uma criança que olhava o céu e em pleno dia dizia ver as estrelas.
Reparei também que estava rodeada de lindas borboletas que pareciam fazê-la voar.
Pensei: mas se este é um sitio meu que faz esta criança de pele clara e com a cara coberta de pintinhas aqui? Depressa afastei este pensamento e desatei a falar com ela. Estranhamente não tive curiosidade de saber quem era. Falámos de sonhos e de medos. Que pensamentos tão controversos, mas que nos elucidaram tanto.
– Fala de ti!, pedi.
– Pouco tenho a falar… Sabes bem que me conheces!
Fiquei intrigada com esta resposta, mas nem liguei muito. Afinal era uma criança e o que me poderia ensinar ela?
Como em sufoco ela diz-me:
– Na verdade estou aqui, porque existem coisas das quais já não te lembras. São passado mas constituem o teu presente e farão parte do teu futuro. Lembras-te do dia em que entraste para a escola e daquilo que sentiste; do orgulho que por tempos tiveste e voltaste a ter pelo teu pai; da alegria que exibiste quando soubeste que ias ter o teu primeiro primo; do que sentiste no primeiro dia no 5.º ano ao conhecer uma das pessoas mais importantes da tua vida; do que sentias de todas as vezes que chegavas a casa e Ela estava à tua espera; do orgulho que exibes pela tua mãe; de quão feliz o teu tio te faz; de quando chamaste pela primeira vez mana àquela que vês como melhor amiga; do dia em que te uniste firmemente à Cátia e à Ana; da leveza que sentes ao ouvir as músicas daqueles que bem conheces e que tanto te identificas; da adrenalina que sentes ao entrar no Estádio; do orgulho, esperança e vontade que sentes perto dos teus novos amigos; de todos aqueles que NOS fazem felizes próxima ou afastadamente…
Foi aqui que a interrompi!
– Nós? Mas afinal quem és tu?
– Eu? Sou a relação entre ti e os teus pensamentos mais puros, que a certo momento te viu sem eira nem beira e decidiu falar-te daquilo que eras, daquilo que era, daquilo que és, daquilo que sou, daquilo que fomos e daquilo que somos. Lembras-te do dia em que conseguiste ver as estrelas?
Foi então que percebi que as crianças são o relógio do mundo e quando já não há rumo possível, elas resolvem o problema acendendo a luz.
Carla Pereira
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