Um aeroporto é local aonde chegam e de onde partem os aviões. Ou seja, é um lugar onde as pessoas chegam e partem, usando o avião. Ao aeroporto chega-se para partir. O tempo de espera varia, mas está-se sempre de passagem. Sabe-se de onde vimos e para onde vamos.
Além disso, cada passageiro tem um bilhete e um cartão de embarque com todas as informações necessárias – identidade, origem e o meu destino do voo. Normalmente espera-se o mínimo possível e é-se feliz quando se pode partir a horas.
O aeroporto da vida
A nossa vida podia ser comparada ao que se passa no aeroporto. Há semelhanças, mas muitas e importantes diferenças. Semelhanças – a vida é um lugar de passagem, chega-se para partir. A identidade profunda de tudo o que nasce nesta terra é o prazo de validade. Ninguém vive para sempre.
Nasce-se para morrer, esta é a infalível lei da vida.
Todos os seres vivos têm um cartão de embarque – “vieste do pó e para o pó voltarás!“ Para os humanos, seres complexos porque feitos “à imagem e semelhança de Deus”, voltam à terra o que é da terra e a Deus o que “a Deus pertence”.
O tempo de espera varia. A grande diferença é que no aeroporto quere-se o mínimo e na vida o máximo. Mas, nos dois casos, dependemos de terceiros – das companhias aéreas ou de Deus.
A grande diferença é na intenção de viajar ou não. Podemos escolher se viajar de avião ou não. Também se escolhe a hora e o destino. Na vida, tudo é dado como dom e graça de Deus. Ele chama à existência quando quer e decide a hora da partida!
A tragédia da humanidade é esquecer de onde vem e para onde vai. Teimamos em fazer moradas permanentes nos aeroportos e não sabemos ler as indicações precisas do nosso cartão de embarque.
A pessoa humana que foi feita por Deus. Como a água vai para o mar, nós acabamos inexoravelmente na casa de Deus.
Seria fácil imaginar uma sociedade onde cada um lesse frequentemente o seu cartão de embarque. Podemos esquecer a hora “que só a Deus pertence”, mas nunca esquecer o nosso destino. Nós somos o que somos, porque temos um destino divino e eterno.
(Escrito no aeroporto de Bruxelas à espera do voo que me levará ao funeral da minha mãe.)
Abraço amigo,
P. Manuel Fidelino
Missionário Comboniano no Uganda
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