Gosto muito de nadar: é como voltar ao seio da mãe e relaxar, sobretudo se a água é quentinha.
Dei os primeiros mergulhos nos tanques de rega de Travassos, nos arredores de Cinfães. Como muitos, aprendi a nadar à cão! Depois aperfeiçoei o estilo em Joazim, no Poço Negro e no Poço do Padre, e no rio Bestança, nas praias fluviais das Aveleiras e Cinco Rodas.
A vida missionária abriu-me a novas águas. Nadei no Mondego (em Coimbra), no Sado, (em Troia) e no Guadiana (no Alqueva); no nosso Douro, no Paiva e no Âncora. Também nadei na Ribeira de Cabrum, num dos cursos de água do Gerês, num riacho no Campo-Valongo, durante um acampamento e na praia fluvial do Azibo.
Na Etiópia, nadei sobretudo no rio Hawata e, no Sudão do Sul, no Nilo Branco, que na nomenclatura árabe se chama Bar el Jebel, o rio dos Montes. As suas águas são quentes, com uma corrente forte.
Uma vez uma comboniana foi comigo. Queria nadar, mas tinha medo de ficar sozinha na zona reservada às mulheres por detrás de uns canaviais por causa das cobras. Perguntei aos rapazes se podia nadar na parte dos homens. Perguntaram se era minha esposa. Como não era, tivemos de sair todos do rio para ela entrar!
A primeira vez que fui ao mar foi na praia da Árvore, em Vila do Conde. Tinha 12 anos e estava a fazer o estágio em VN Famalicão para entrar nos Combonianos. Perdi uma sandália, que ficou entalada entre duas rochas. Mas a paixão pelas águas salgadas e revoltas ficou.
Outras praias e mares se seguiram: as da Foz e da Boa Nova, no Porto; do Guincho, Maçãs, e Grande, na zona de Sintra; Carcavelos; Costa da Caparica, um dos mares meus favoritos, em Almada, onde perdi o meu colega P. Manuel Pinho, devido a uma crise cardíaca; Comporta, Troia e Portinho da Arrábida; e o Algarve (Albufeira, Quarteira, Vila Moura, Armação de Pera – são as que me recordo). Mais a norte, provei as águas da Nazaré, Mira, Esmoriz, Espinho, Póvoa de Varzim, Vila Praia de Âncora...
Fui estudar teologia para a Inglaterra e nadei com sapatilhas em Brighton, no Canal da Mancha: as jogas a servir de areia não eram nada agradáveis.
Uma manhã acordei na comunidade comboniana de Ardrossen, na Escócia. O Mar do Norte expandia-se, tranquilo, em frente da janela do meu quarto. Peguei na toalha para um mergulho matinal. O cachorro acompanhou-me. Quando meti os pés na água, apanhei tamanho choque térmico que dei volta e acabei a tomar um duche quentinho...
Depois, nadei no Índico em Moçambique (Maputo e Nacala) e Quénia (na Ilha de Mombaça), no Vermelho (quando visitei o Monte Sinai, aproveitando uma paragem na viagem) e no Mediterrâneo (em Alexandria, no Egito). Fiquei chocado com o que vi em Alexandria: os homens a nadar de calções de banho. As mulheres entravam na água tapadinhas da cabeça aos pés. Também boiei no Mar Morto, da vez que acompanhei uma peregrinação à Terra Santa. No fim apanhei uma banho de lama...
Também experimentei o Atlântico no Ilhéu de Vila Franca, nos Açores, e em Tecolutla, no Golfo do México. Uma autêntica malga de caldo: águas tranquilas, quentes e cheias de algas. Durante o curso de formação permanente no México tive a oportunidade de nadar no Pacífico, na baía de Acapulco.
Quanto a lagos, Langano, Hawassa e Babo Gaya, foram onde mais nadei na Etiópia. Em Portugal, nadei numa das praias fluviais do Alqueva e na Lagoa das Sete Cidades, graças ao meu colega P. José Tavares.
Piscinas? Comecei da piscina do Seminário Comboniano de VN de Famalicão durante o estágio no verão de 1972, passei para a da Maia e acabei na de Santarém. Nos tempos da teologia em Londres era sócio da piscina de Borehamhood (onde também aprendi a fazer canoagem) e no último ano acompanhei crianças com deficiência às sextas-feiras a nadar noutra piscina de que não me recordo o nome.
Em Lisboa, quando trabalhei nas revistas combonianas, fui sócio do Clube Nacional de Natação dos tempos da piscina exterior até à coberta. Também nadei numa piscina perto da residência do Primeiro-Ministro.
Na Etiópia, usei sobretudo piscinas abertas de água quente natural: Aleta Wondo – uma pequena piscina que foi pertença da filha do imperador Haile Selassie, nacionalizada e aberta ao público depois do golpe de estado comunista em 1975 e que fica perto de Hawassa, Ambo e Sodoré. As últimas visitei-as uma vez.
No México, nadei muito na piscina do Cruz Azul, o clube de futebol da capital com o centro de treinos paredes meias com a comunidade provincial dos combonianos em La Noria, Xochimilco. Antes, um médico fez-nos uma revisão minuciosa da pele, sobretudo dos pés, para não contaminarmos os atletas.
O centro de espiritualidade, em Cuernavaca, onde fiz um retiro, tinha uma pequena piscina, que eu gostava de usar antes de ir dormir. Era muito giro nadar ao luar.
Em Juba, nadei muitas vezes na piscina do Jebel Lodge, o hotel onde um casal amigo morava. Os residentes tinham direito a dois convidados de borla. Ia lá sobretudo depois do trabalho. Que bem que sabia!
Também nadei na piscina descoberta de Cinfães – com as sobrinhas-netas. Na recuperação da cirurgia à anca, utilizei a piscina de Gueifães, na Maia, duas vezes por semana.
Gostei das braçadas que dei nas piscinas de água salgada de Espinho e da Granja, perto de VN de Gaia. E de um dia passado na piscina do meu compadre no Escorregadoiro, São Cristóvão de Nogueira (Cinfães).
1 comentário:
Que bom que sempre gostou de nadar! É bom sinal: sentir-se no seio da mãe, imerso no Seio de Deus! Li um pensamento de alguém que escreveu: "Não digas que tens Deus no teu coração, mas que estás no Coração de Deus"! Muito em Comunhão!
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