Não tem o feitio de contar os
anos ao certo.
Mas já lá vão umas décadas
Desde quando se enamorou da missão,
Deixando tudo e partindo na mais bela e nobre aventura.
Não lhe importa que tenha que reduzir o peso da bagagem.
Porque o essencial não tem lugar em mala ou cacifo.
O Ressuscitado é parte da sua pessoa.
Leva-o no seu coração.
Pobre e titubeante, balbucia meias-palavras.
Porém, confiado, e orgulhoso
Por seguir a voz do Mestre Fiel
Ao jeito de S. Daniel Comboni.
Da janela do avião
Vai observando a constante infinitude pálida do deserto.
Na sua imaginação pululam multidões de gentes variadas.
Jovens e velhinhos, mulheres e crianças.
O povo que quer enxergar Deus
Na pessoa do missionário que chega.
No meio da multidão virtual que o rodeia
Surge, natural e espontâneo, o jovem Comboni.
Naquele então, há um século atrás,
Tinha alcançado, montado em camelo,
Estas terras de deserto escaldante.
Consumiu-se em larga sementeira
Com a vontade firme de servir fielmente a Deus.
Seu corpo entregou nas margens do Nilo, em Cartum.
Seu corpo, mas não a sua vida.
Ele está vivo com o Ressuscitado
E há-de viver para sempre nos seus seguidores.
Retirando o olhar da pequena janela
Achou-se companheiro de viagem,
Com alguém a seu lado, vestido de branco sem mancha: jalabia e turbante.
Recitava, devotamente, versos do Santo Alcorão.
Longe de mim, pensou o missionário, estorvar a sua oração.
Humildemente, preferiu o respeito e silêncio...
Todavia, momentos depois, ouviu a agradável saudação:
- Al salamu aleicum, a paz esteja contigo.
- Ua aleicum al salam, e contigo também.
Entraram em fácil e bela simpatia.
- Tenho pena mas ainda não sou capaz de usar fluentemente a tua bela língua árabe…
- Isso não é problema. Deus te ajude a realizar o teu sonho.
- In chá Allah (se Deus quiser).
Escavaram as suas identidades.
Acendeu-se uma polémica a não mais terminar.
Por fim, o Espírito mostrou o rosto alegre de Deus.
Afinal, não eram mal-intencionados. Inimigos… isso, então, muito menos.
Juntos, evidenciaram e desmascararam verdades adormecidas.
Deus, meu Criador.
Deus, teu Criador.
Deus, nosso Criador.
Deus, um só.
Somos família. Somos irmãos.
Dois livros sagrados se cruzaram,
Passando de mão para mão:
El kitab El muqaddas e El Qor’an El Karim,
A Bíblia e o Alcorão.
Dois ignotos viajantes que, com delicadeza e coragem,
Amaciaram as rugas da velhice, da suspeita e da ignorância.
Dois peregrinos, caminhando caminhos andados por seu pai Abraão.
Reconheceram-se evangelizadores de um só Deus e mesmo Senhor.
Sem antagonismos, nem fanatismos, sem outros ismos.
O avião aterrou em Cartum.
O missionário comboniano tinha chegado ao seu destino.
Depois de uma breve pausa, o missionário muçulmano continuaria rumo ao Sul: Juba.
Despediram-se com um desejo e uma promessa:
Falar com Deus.
Falar de Deus.
Escutar quem lhes fala de Deus.
Sem antagonismos. Sem fanatismos. Sem outros ismos.
Desde quando se enamorou da missão,
Deixando tudo e partindo na mais bela e nobre aventura.
Não lhe importa que tenha que reduzir o peso da bagagem.
Porque o essencial não tem lugar em mala ou cacifo.
O Ressuscitado é parte da sua pessoa.
Leva-o no seu coração.
Pobre e titubeante, balbucia meias-palavras.
Porém, confiado, e orgulhoso
Por seguir a voz do Mestre Fiel
Ao jeito de S. Daniel Comboni.
Da janela do avião
Vai observando a constante infinitude pálida do deserto.
Na sua imaginação pululam multidões de gentes variadas.
Jovens e velhinhos, mulheres e crianças.
O povo que quer enxergar Deus
Na pessoa do missionário que chega.
No meio da multidão virtual que o rodeia
Surge, natural e espontâneo, o jovem Comboni.
Naquele então, há um século atrás,
Tinha alcançado, montado em camelo,
Estas terras de deserto escaldante.
Consumiu-se em larga sementeira
Com a vontade firme de servir fielmente a Deus.
Seu corpo entregou nas margens do Nilo, em Cartum.
Seu corpo, mas não a sua vida.
Ele está vivo com o Ressuscitado
E há-de viver para sempre nos seus seguidores.
Retirando o olhar da pequena janela
Achou-se companheiro de viagem,
Com alguém a seu lado, vestido de branco sem mancha: jalabia e turbante.
Recitava, devotamente, versos do Santo Alcorão.
Longe de mim, pensou o missionário, estorvar a sua oração.
Humildemente, preferiu o respeito e silêncio...
Todavia, momentos depois, ouviu a agradável saudação:
- Al salamu aleicum, a paz esteja contigo.
- Ua aleicum al salam, e contigo também.
Entraram em fácil e bela simpatia.
- Tenho pena mas ainda não sou capaz de usar fluentemente a tua bela língua árabe…
- Isso não é problema. Deus te ajude a realizar o teu sonho.
- In chá Allah (se Deus quiser).
Escavaram as suas identidades.
Acendeu-se uma polémica a não mais terminar.
Por fim, o Espírito mostrou o rosto alegre de Deus.
Afinal, não eram mal-intencionados. Inimigos… isso, então, muito menos.
Juntos, evidenciaram e desmascararam verdades adormecidas.
Deus, meu Criador.
Deus, teu Criador.
Deus, nosso Criador.
Deus, um só.
Somos família. Somos irmãos.
Dois livros sagrados se cruzaram,
Passando de mão para mão:
El kitab El muqaddas e El Qor’an El Karim,
A Bíblia e o Alcorão.
Dois ignotos viajantes que, com delicadeza e coragem,
Amaciaram as rugas da velhice, da suspeita e da ignorância.
Dois peregrinos, caminhando caminhos andados por seu pai Abraão.
Reconheceram-se evangelizadores de um só Deus e mesmo Senhor.
Sem antagonismos, nem fanatismos, sem outros ismos.
O avião aterrou em Cartum.
O missionário comboniano tinha chegado ao seu destino.
Depois de uma breve pausa, o missionário muçulmano continuaria rumo ao Sul: Juba.
Despediram-se com um desejo e uma promessa:
Falar com Deus.
Falar de Deus.
Escutar quem lhes fala de Deus.
Sem antagonismos. Sem fanatismos. Sem outros ismos.
Feliz da Costa Martins
Missionário
comboniano
El Obeid
Sudão
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