10 de março de 2019

TENTAÇÕES DO MISSIONÁRIO



No Evangelho de hoje, Jesus é tentado três vezes no deserto, o início da luta contra o Diabo, aquele que divide como a palavra quer dizer. A missão de Jesus e vencer o poder do Mal dentro de si e à sua volta. Os milagres – ou sinais como João lhes chama – são a marca da vitória de Deus sobre Satanás.

A tentação, o teste faz parte da vida. Quais são as tentações de um missionário?

1. Transformar pedras em pão. O sofrimento das pessoas com que vivemos afeta-nos; a falta de condições de vida mínimas (pão, saúde, educação, habitação) não nos pode deixar indiferentes. Mas não podemos parar numa missão puramente sociológica, assistencial. Como não podemos parar numa missão puramente proclamadora, espiritual. Jesus diz: «Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus». A promoção humana é uma das vertentes essenciais da missão, mas não é a única. É consequência da vivência da Palavra de Deus.

2. Poder e glória. A missão pode ser uma vaidade. Um protagonismo. Um ato de poder. Uma glória vã à procura do reconhecimento. Um ato de adoração ao ego – somo s filhos da cultura do «euismo». A resposta de Jesus: «Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás». O missionário não é nem o centro nem o ator da missão: é servidor, colaborador na única missão de Deus-Trindade que quer encarnar o seu amor pelas pessoas através dele, um humilde trabalhador na vinha, na seara do Senhor.

3. Sucesso descuidado: atira-te, que Deus cuida de ti! Viver completamente centrado na missão, descuidando o corpo e o espírito, o descanso e a saúde, a formação permanente, pondo em Deus o ónus da responsabilidade pelas opções pessoais. Jesus diz: «Não tentarás ao Senhor teu Deus». Temos que colaborar com o Senhor que cuida de nós e está connosco até ao fim dos tempos. O cuidado é uma responsabilidade partilhada.

O texto do Evangelho de hoje conclui assim: «Tendo terminado toda a tentação, o Diabo afastou-se dele até certo tempo». As tentações não são um parêntesis de 40 dias na vida pública de Jesus, acompanharam-no todos os dias, porque todos os dias teve que escolher entre a fidelidade ao Pai que antes lhe dissera «Tu és o meu filho muito amado. Em ti me comprazo» e um projeto centrado nele próprio, usando o poder que Deus lhe deu para proveito pessoal. A última tentação de Jesus é na cruz: «Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós» (Lucas 23, 39), blasfemou um dos malfeitores crucificado com Ele. Jesus é fiel ao Pai fiel. O Pai e a sua vontade foram o seu sustento. Somos fiéis porque Ele permanece fiel (2 Timóteo 2, 13).

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