4 de agosto de 2009

LUBNA

Lubna Hussein foi detida pela polícia num café de Cartum com mais 12 mulheres. Crime? Usavam calças e a polícia considera isso indecente.
Dez das detidas aceitaram o castigo das dez vergastadas, pagaram uma multa de cerca de 80 euros e voltaram para casa.
Lubna, uma jornalista que trabalhava para o ONU, decidiu desafiar a irracionalidade da lei islâmica que considera um par de calças vestuário indecente.
O julgamento foi marcado para 29 de Julho, mas o juiz adiou-o. A jornalista tinha convidado camaradas de profissão e defensores dos direitos humanos para assistirem ao julgamento e ao castigo corporal.
A sessão foi re-marcada para hoje depois de Lubna ter deixado de trabalhar para a ONU e assim pôr de lado a imunidade a que tinha direito.
Uma pequena multidão de mulheres juntou-se à frente do tribunal em Cartum com cartazes a denunciar a interpretação abusiva e anti-islâmica da lei.
Alguns cartazes diziam em árabe que não queriam regressar à idade das trevas.
A polícia de choque foi chamada para dispensar a manifestação que segundo a BBC até meteu gás lacrimogéneo. A Reuters falou de tiros para o ar.

Mas as imagens da TV mostraram uma festa espontânea de mulheres solidárias com Lubna e com muitas outras colegas anónimas que sofrem por causa de interpretações retrógradas e machistas da Charia.
Entretanto, o juiz decidiu adiar o caso para 7 de Setembro alegando ter que verificar se a arguida ainda se encontrava sob a imunidade da ONU.
Lubna disse que não tem medo de apanhar 40 vergastadas. Quer é acabar com a humilhaç
ão das mulheres. E vai ter que pagar uma multa de 80 euros. A não ser que o juiz decida arquivar o processo para salvar a imagem do país que continua nas bocas do mundo pelas piores razões!
Lubna, és a minha heroína.

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