8 de outubro de 2025

7 DE OUTUBRO: FIOS DE PAZ NO DESERTO

O 7 de outubro pesa na memória dos povos, especialmente na Terra Santa. Enquanto o mundo observa com ansiedade e dor os ecos da guerra e sonha com a paz, numa pequena aldeia no deserto da Cisjordânia floresce algo diferente: a esperança, bordada por mãos beduínas.

Nesse mesmo dia, um grupo de mulheres — avós, mães e jovens estudantes — reúne-se na creche da aldeia, transformada em ateliê e espaço de encontro. Com linhas e agulhas, elas aprendem, ensinam, partilham. 

O bordado palestiniano — arte milenar, memória viva, símbolo de identidade e resistência — volta a ganhar vida entre os seus dedos.

— Posso convidar outra pessoa? Hoje ela não pôde vir... — pergunta alguém. 

Outra mostra, orgulhosa, o seu primeiro desenho. 

Elas riem, animam-se, prometem avançar juntas. 

Em um mês, dizem, todas bordarão com desembaraço. 

Quem sabe mais, ensina; quem aprende, agradece.

Recebem agulhas, linhas, padrões e uma pequena bolsa como quem recebe uma semente. 

Cada ponto bordado é um gesto de esperança; cada reunião, um ato de solidariedade.

Enquanto o mundo recorda a ferida, elas tecem o futuro com fios de paz. 

No meio do deserto da Cisjordânia, o 7 de outubro deixa de ser apenas um dia de dor: torna-se um canto de resistência criativa, um amanhecer de vida que renasce entre as mãos.

Ir Cecília Sierra, 

Missionária Comboniana na Cisjordânia 

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