7 de junho de 2025

A FORÇA DO SORRIR


Estava tão feliz. Era a festa de formatura do jardim de infância, numa aldeia beduína do deserto da Judeia. Com os olhos brilhantes e as mãos ansiosas, abriu o pequeno saco que, como as outras crianças, tinha recebido. Festejou cada doce, o pequeno carrinho e, sobretudo, os dois balões que tirou com espanto. Ficámos encantadas por o ver saltar de alegria. A sua alegria era contagiante, sincera, pura.

As professoras beduínas acompanham esta viagem com dedicação e ternura. Uma delas, de 34 anos, foi a primeira professora de todas as crianças da região. Ensinou raparigas que agora se preparam para a universidade. É respeitada e amada. Uma verdadeira líder, uma tecedeira do futuro no meio da incerteza.

Neste jardim de infância, as crianças chegam com fome de aprender. Para muitas, esta será a sua única experiência escolar. São sobretudo as raparigas beduínas que conseguem continuar. Poucos beduínos do deserto da Judeia conseguem chegar à universidade, mas elas, com muito trabalho, fazem-no. Curiosamente, neste jardim de infância, ameaçado pela expansão dos colonatos israelitas, há mais rapazes do que raparigas.

Aqui, onde crescer como criança palestiniana significa enfrentar a insegurança e a desapropriação, um sorriso é já um ato de resistência, uma centelha de esperança. E é por causa desses sorrisos – por causa deste sonho partilhado – que ainda aqui estamos, sob um sol cada vez mais abrasador. Sonhamos que cada menina e cada menino, com a sua alegria curiosa, possam abrir-se ao mundo e traçar caminhos de paz, dignidade, justiça e vida plena para todos.

Ir Cecília Sierra

Missionária Comboniana no Deserto da Judeia

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