Kitaaba Woyyicha, a Bíblia Sagrada em língua guji, foi apresentada ao público numa cerimónia muito concorrida em Adis Abeba, capital da Etiópia, no dia 12 de maio de 2024.
A tradução ecuménica de toda a Bíblia para guji teve início no ano 2000 e demorou mais de duas décadas a ser concluída.
O Novo Testamento em guji foi publicado em 2007.
A equipa principal de tradutores era composta por membros das Igrejas Católica, Luterana, Luz da Vida e Palavra da Vida. Muitas outras Igrejas participaram também no projeto com apoio técnico e financeiro.
O P. Pedro Pablo Hernández, missionário comboniano, evangelizador entre os gujis em Galcha, Haro Wato e Qillenso-Adola durante mais de duas décadas, apresentou uma mensagem do Administrador Apostólico de Hawassa, o comboniano P. Juan Núñez, na cerimónia de apresentação.
«A partir de agora, o povo guji poderá ler a Palavra de Deus na sua língua materna. Isto torna-a mais familiar e mais próxima deles, mais íntima e mais querida para os crentes», o P. Núñez escreveu.
O administrador apostólico da diocese de Hawassa sublinhou também o carácter ecuménico da tradução, «fruto da colaboração entre diferentes confissões cristãs», agradecendo ao Senhor e a todos os que tornaram possível a publicação da Bíblia na língua guji.
Tsegaye Hailemichael Barisso, o tradutor católico da missão Galcha, explicou que a equipa utilizou quatro fontes principais no seu trabalho: Good News Bible, as traduções antiga e nova em amárico e a Bíblia Oromo (no Oromo do Wollega, na Etiópia Ocidental). Utilizaram também o New Jerome Biblical Commentary.
A equipa de tradutores foi assistida por um número de consultores internacionais que os prepararam para o trabalho.
«A tradução não foi um percurso fácil. Comecei quase como um miúdo e agora sou um homem feito. No início era aborrecido. Era preciso encontrar a palavra comum exata. Por vezes, era doloroso quando o orçamento mingava. Mas, quando vi como as pessoas receberam a Bíblia Sagrada em guji, senti uma grande alegria e todas as feridas ficaram saradas», disse Tsegaye.
O tradutor católico sublinhou ainda a alegria da experiência ecuménica. Explicou que a Sociedade Bíblica da Etiópia tinha planeado imprimir 50 mil exemplares. No entanto, muitas igrejas juntaram mais dinheiro e, com a ajuda de alguns doadores, foi possível imprimir 200 mil exemplares em dois formatos.
Kitaaba Woyyicha é uma edição conjunta da The World for the Word-Ethiopia e da Sociedade Bíblica da Etiópia.
A tradução segue o cânone protestante. A Bíblia é ilustrada com uma série de desenhos que explicam algumas passagens e conceitos bíblicos. Tem 1650 páginas. Os mapas bíblicos são a cores.
A obra tem um glossário de cinco páginas que explica algumas palavras e os seus significados.
O povo guji faz parte da família oromo. São mais de dois milhões, divididos em três grupos principais. Vivem nas montanhas e nas terras baixas do sul da Etiópia. No passado, eram pastores. Atualmente, cultivam também os seus campos.
Os Combonianos começaram a trabalhar na terra dos gujis em 1976, assistindo ocasionalmente alguns católicos Sidama de Teticha que emigraram para Qillenso e Gosa. Quando os Sidama foram expulsos, os missionários abriram uma missão em Qillenso e começaram a evangelizar os gujis em 1981.
De Qillenso, chegaram a Soddu Abala (1984), Haro Wato (1995) e Adola (2016). Os Jesuítas, juntamente com as Franciscanas Missionárias de Maria, abriram uma missão em Gosa em 1985, que, entretanto, deixaram. Agora, Gosa é uma capela de Qillenso.
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