11 de outubro de 2018

ANO MISSIONÁRIO


Os bispos portugueses proclamaram um ano missionário de outubro de 2018 a outubro de 2019 para apelar «a um maior vigor missionário». Fizeram-no em resposta à declaração do Mês Missionário Extraordinário de outubro de 2019 por parte do Papa Francisco para «despertar e em medida maior consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral» como o próprio explica na carta por ocasião do centenário da promulgação da carta apostólica Maximum illud (MI). 

Bento XV escreveu a MI «sobre a propagação da fé católica no mundo inteiro» a 30 de novembro de 1919, no rescaldo da grande hecatombe que foi a primeira Grande Guerra. Propôs revitalizar a missão através da santidade – «seja homem de Deus aquele que prega Deus» (MI 41), da localização da Igreja (inculturação, formação do clero local e do episcopado autóctone), de uma pastoral de conjunto, e o fim dos nacionalismos e ostentação da parte dos missionários estrangeiros.

«Bento XV deu um particular impulso à missio ad gentes, esforçando-se, com os meios concetuais e comunicativos de então, por despertar, especialmente no clero, a consciência do dever missionário», sublinha Francisco.

Os bispos portugueses intitularam a nota pastoral «Todos, tudo e sempre em missão». TODOS, porque cada cristão é missionário em virtude do batismo; TUDO, porque a missão deve ser «capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação» (EG 27); SEMPRE, porque constituídos «em estado permanente de missão» (EG 25).

A nota faz uma síntese (quase) perfeita da Doutrina Missionária da Igreja. Está dividida em quatro subtítulos: (1) Encontro pessoal com Jesus Cristo, (2) Em estado permanente de Missão, (3) Viver a Missão, e (4) Renovação missionária.

Os bispos recordam, citando Francisco, que «é tarefa diária de cada um “levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, porque o anúncio do Evangelho, Jesus Cristo, é o anúncio essencial, o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, o mais necessário” (EG 127).»

Propõem para o ano missionário as quatro dimensões que o Papa sublinhou para o Outubro Missionário: a) Encontro pessoal com Jesus Cristo através da Eucaristia, Palavra, oração pessoal e comunitária; b) Testemunhos; c) Formação bíblica, catequética, espiritual e teológica em chave de missão; d) Caridade missionária.

O episcopado sublinha a alegria e a cordialidade como elementos fundamentais da missão:
  • «No centro desta iniciativa, que envolve a Igreja universal, estão a oração, o testemunho e a reflexão sobre a centralidade da missão como estado permanente do envio para a primeira evangelização (Mt 28,19). Trata-se de colocar a missão de Jesus no coração da própria Igreja, transformando-a em critério para medir a eficácia das estruturas, os resultados do trabalho, a fecundidade dos seus ministros e a alegria que são capazes de suscitar, porque sem alegria não se atrai ninguém.» 
  • «Do encontro com a Pessoa de Jesus Cristo nasce a Missão que não se baseia em ideias nem em territórios, mas “parte do coração” e dirige-se ao coração, uma vez que são “os corações os verdadeiros destinatários da atividade missionária do Povo de Deus”.» 
A nota recorda o testamento de São Daniel Comboni no leito da morte: «Coragem para o presente, e sobretudo para o futuro.» Coragem é agir com o coração.

Os bispos voltam a insistir no estabelecimento dos Centros Missionários Diocesanos e dos Grupos Missionários Paroquiais oito anos depois de proporem o projeto e advogam uma pastoral missionária para e a partir dos jovens.

Terminam com um voto: «Que este Ano Missionário se torne uma ocasião de graça, intensa e fecunda, de modo a que desperte o entusiasmo. E que este jamais nos seja roubando! Nesse entusiasmo, a formação missionária deve perpassar toda a nossa catequese e as escolas de leigos, e ser inserida nos currículos dos Seminários e das Faculdades de Teologia.»

Este voto deixa pistas preciosas para a nossa animação missionária em Ano Missionário, uma ocasião de ouro para relançar em novos modos esse serviço fundamental às Igrejas locais que os bispos pediram às congregações missionárias e é expressão da nossa missão na Europa.

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