11 de junho de 2018

Apelo: QUE ITÁLIA ACOLHA MIGRANTES, PRESSIONE EUROPA





Os missionários combonianos italianos dizem-se «chocados e indignados» com a recusa do Ministério do Interior em autorizar o desembarque a um navio cheio de migrantes. Pedem ao governo para continuar no caminho do acolhimento e a Bruxelas para mudar o epicentro das políticas europeias para o Mediterrâneo.

Como cidadãos e cristãos, ficamos chocados e indignados com a decisão do ministro do Interior, Matteo Salvini, que impede que o navio Aquarius traga para os portos italianos 629 migrantes, salvos em águas territoriais líbias.

A recusa em prestar socorro aos migrantes não tem precedentes na nossa história e está em flagrante violação das convenções internacionais, que a Itália também é signatária, que obrigam ao resgate no mar das pessoas em risco de morte.

Entre os migrantes no navio há mais de cem menores desacompanhados e sete mulheres grávidas. Cerca de cinquenta migrantes foram resgatados enquanto corriam risco de afogamento.

Deploramos a decisão de Malta, primeiro destino de desembarque, que se recusou a aceitar a atracagem do navio Aquarius. Assim como o fechamento da França e da Espanha a qualquer possibilidade de acolher os migrantes. Mas é deplorável e vergonhoso que a Itália decida alinhar-se, fazendo assim pagar a pessoas inocentes que precisam de ajuda com o preço de uma diatribe entre os Estados sobre quem deveria assumir a responsabilidade de acolher os migrantes.

Portanto, pedimos que o novo governo italiano reconsidere a decisão tomada pelo ministro Salvini e dê imediatamente autorização ao navio Aquarius para atracar num dos portos italianos mais próximos de onde se encontra.

É verdade que a Itália não pode ser deixada sozinha face ao fenómeno migratório que tem um enorme alcance e implicações internacionais (especialmente na bacia do Mediterrâneo) que põem em causa a atenção e o peso geopolítico da União Europeia. Por conseguinte, é correcto e justo que o Governo italiano faça ouvir a sua voz em Bruxelas, solicitando aos parceiros europeus que tomem parte também eles do dossiê migrante.

Mas, ao mesmo tempo, a Itália não pode escapar ao dever de receber pessoas que, em grande parte, tentam construir uma vida melhor na Europa e que, nalguns casos, fogem de guerras e regimes ditatoriais.

É importante que a Itália mantenha um papel duplo: ser refúgio seguro para os migrantes e, ao mesmo tempo, não parar de pedir à Europa que encontre soluções viáveis (não fundadas simplesmente no controle militar das áreas de trânsito migrantes, como acontece no Níger e Mali), mesmo nos países de partida dos migrantes.

Os parceiros europeus devem ser urgidos a mudar o foco das suas políticas para o Mediterrâneo. É aqui – em particular através da pacificação e estabilização dos estados do Norte da África – que podemos começar a construir novos equilíbrios políticos e económicos.

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