1 de janeiro de 2009

2009

2009 chegou a Juba com estrondo.
Fui acordado por voltas das 6h00 pelo cantar desenfreado de armas ligeiras à volta da nossa casa. Um tiroteio impressionante.
A princípio pensei que se tratasse de um ataque dos rebeldes ugandeses do LRA ou de algum levantamento de soldados com salários em atraso. O presidente do Sul do Sudão e muitos dos seus ministros são nossos vizinhos.
Por outro lado, só ouvia o cantar de armas ligeiras. Nada de bazucas ou granadas. E não se ouvia ninguém a gritar ou barulho de passos.
Telefonei a um amigo da segurança da ONU a perguntar o que se passava. Disse-me que o tiroteio era para festejar o Ano Novo e o Dia da Independência.
Os «festejos» demoraram quase uma hora e deixaram pelo menos cinco mortos e um menino de três anos com uma bala no abdómen – a informação que recolhi das urgências do Hospital às 11h00.

Não me assustei muito com a «festa das metralhadoras», porque o nosso recinto está protegido por um muro alto de tijolos de barro, uma boa barreira contra balas perdidas.
De resto, o ano novo foi acolhido em estilo pelos habitantes da Comboni House: irmãs, irmãos, padres e um casal de leigos polacos que estão connosco desde o Natal.
Às 21h00 fizemos uma vigília de oração agradecendo o ano velho e acolhendo o ano novo como tempos de graça e salvação.
No final fizemos um pequeno convívio com alguns acepipes e um bolo.
Depois fui celebrar a missa da meia-noite à paróquia de S. José Operário num ambiente tranquilo e recolhido.

No fim, os Salesianos convidaram-nos a mim e às duas irmãs que foram comigo para comermos uma fatia de bolo e bebermos uma cerveja.
Voltei a casa às 2h30.
Hoje passei parte do dia na Rádio Bakhita e um bocadinho com alguns amigos, porque a vida também se celebra.
Feliz Ano novo para ti!

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