As crianças beduínas do jardim-de-infância aguardavam com entusiasmo a chegada da professora para a sua primeira aula de hebraico. A professora beduína tinha-os preparado com um «Ahlan wa sahlan!», «Bem-vinda!».
Quando Nancy, da comunidade messiânica, entrou, os seus olhinhos arregalaram-se de excitação. Para surpresa deles, ela cumprimentou-os em hebraico, e assim aprenderam a sua primeira palavra: «Shalom!», «Paz!».
Durante quase uma hora, aprenderam novas palavras. Nancy contou-lhes uma história sobre o leão e o morango, captando a sua atenção de tal forma que, sem saberem hebraico, compreenderam toda a história. No final, cantaram também uma canção para dizer olá e adeus.
As crianças ficaram felizes, assim como os seus professores, e saíram repetindo a letra. Um deles até disse a outra criança: «Quando chegares a casa, diz-lhes “Shalom!”».
Pouco depois, a professora exclamou, entusiasmada: «Ouçam as mensagens de WhatsApp que vos enviámos!». Nelas, uma das crianças repetia as palavras aprendidas em hebraico. Tinha enviado cinco mensagens, cada uma com uma palavra nova.
Decidimos começar este curso na mesma comunidade onde, há dois anos, os jovens e os pais das crianças estudaram hebraico com a Nancy e o seu marido. Os beduínos queriam aprender a língua para o seu trabalho.
Tanto Nancy como nós rezámos a Deus para que nos iluminasse sobre se o curso deveria ter lugar e, através de vários meios, recebemos a confirmação de que aquilo que traz unidade e respeito vem de Deus.
Este é um projeto-piloto num dos cinco jardins-de-infância para crianças beduínas que coordenamos no Deserto da Judeia, com a esperança de que, se der frutos, possa crescer.
Numa região tão conturbada, com tantas fraturas e dores, esperamos que esta iniciativa ajude os mais pequenos a crescerem com uma visão mais aberta e reconciliadora.
Ver os seus rostos, hoje, a sua grande emoção e o seu enorme acolhimento, permite-nos esperar que este curso seja uma ponte de encontro e de compreensão, onde as crianças não só aprendam uma língua, mas a descubram como uma ferramenta de diálogo.
Confiamos que cada palavra que proferirem seja uma semente de unidade e de respeito, um contributo para a paz.
Ir Cecília Sierra
Missionária Comboniana no Deserto da Judeia
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