Os bispos portugueses, seguindo uma deixa do Papa Francisco, puseram em primeiro lugar na vivência do Ano Missionário a relação pessoal com Jesus, que é a fonte de todas as relações que tecem e ligam o nosso ser missionários combonianos, hoje.
Escrevem na nota pastoral Todos, tudo e sempre em missão que o «encontro pessoal com Jesus Cristo vivo na sua Igreja: Eucaristia, Palavra de Deus, oração pessoal e comunitária» é a primeira das quatro dimensões para prepararmos e vivermos o Ano Missionário.
Daí surgiu o compromisso provincial de «favorecer nas nossas comunidades e nos grupos o encontro com Jesus (Lectio Divina, partilha da Palavra)» como foi expresso na primeira proposta operativa para a animação missionária este ano.
O encontro pessoal, a relação com Jesus, com os outros e com todas as criaturas é uma dimensão fundamental do nosso ser missionário.
A Intercapitular sublinhou que vivemos um deficit de humanidade e que a formação permanente nos deve humanizar. Notou também que a tensão entre o ser e o fazer é mãe de muitas das nossas doenças e sofrimentos que nos amarram.
Não fazemos missão, estamos em estado permanente de missão. Melhor, «eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» como o Papa Francisco escreveu na Evangelii gaudium (nº 273).
Na exortação Gaudete et exsultate o papa argentino vai mais além. Nota que somos uma missão de santidade, chamados a encarnar uma palavra, uma mensagem de Jesus com e na nossa vida:
- «Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade» (nº 19);
- «Pode também envolver a reprodução na própria existência de diferentes aspetos da vida terrena de Jesus» (nº 20);
- «Também tu precisas de conceber a totalidade da tua vida como uma missão. […] E permite-Lhe plasmar em ti aquele mistério pessoal que possa refletir Jesus Cristo no mundo de hoje» (nº 23);
- «Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida» (nº 24).
Viver a missão pelo lado do fazer tem a ver com a eterna tentação de escrever o quotidiano através de uma folha de cálculo, uma página Excel. Se pegamos na missão pelo lado do fazer, temos que dizer: «somos servos não necessários: fizemos o que devíamos fazer» (Lucas 17, 10).
Contudo, somos relação com o Deus-Trindade – donde viemos – para tecermos relações interpessoais e comunitárias, cordiais de vida e de missão: a missão nasce no coração amoroso da Trindade para chegar aos corações do mundo através do coração de cada um de nós.
Daí a necessidade de rever o silogismo cartesiano do «penso, logo existo» para o «relaciono-me, logo existo».
Que encarne e nasça em ti a Palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer que digas ao mundo. Assim serás Natal todos os dias, assim 2019 será verdadeiramente Ano Missionário.