18 de dezembro de 2014

MISSIONÁRIOS CONSAGRADOS


Os votos de uma freira de clausura ou de um frade de uma ordem mendicante são iguais aos votos de um comboniano mas também são diferentes! Somos consagrados através dos votos de castidade, pobreza e obediência para o serviço missionário no mundo.

A consagração é a forma de sermos missionários. Esta é uma reflexão que somos chamados a aprofundar durante o Ano da Vida Religiosa!

Podemos entender os votos pela negativa como interditos, áreas proibidas, fora dos limites: sou casto, não exerço a minha genitalidade; sou pobre, não gasto dinheiro comigo; sou obediente, não faço a minha vontade. Esta é uma maneira de entender a consagração e que geralmente gera negatividade, pessoas azedas e legalistas com quem é difícil viver e conviver.

A Regra de Vida ao dizer que a consagração religiosa está ao serviço da evangelização, faz missionários os votos de castidade, pobreza e obediência, porque eles nos abrem ao serviço da missão.

O P. Francisco Pierli tratou deste tema em profundidade no livro Come eredi – Como herdeiros. A obra apresenta linhas de espiritualidade missionária comboniana que merecem ser revisitadas 22 anos depois!

No capítulo A consagração do comboniano, hoje insere uma longa reflexão sobre os votos «combonianos» (as aspas são dele) depois de escrever sobre a consagração como iniciativa do amor gratuito e geradora de comunhão.

Começa pela obediência que «com o seu dinamismo de informação, reflexão e discernimento comunitário, é um antídoto formidável para o individualismo e ativismo», favorecendo a corresponsabilidade e a participação.

Depois diz que «sem a experiência da pobreza, da insegurança e da ausência de poder não se pode viver a missão» e nota que a partilha de todos os bens com os confrades é outro aspeto importante da pobreza para ultrapassar a lógica do «meu».

A Regra de Vida fala também da pobreza como trabalho diário sério e empenhado (RV 27, 2) e como partilha de bens materiais e de experiências de fé (RV 27, 3).

Finalmente, Pierli sublinha que «o fundamento do voto de castidade é um amor profundo, um coração apaixonado por Jesus Cristo, por Comboni, pelos confrades e pela gente». E afirma: «Nós fazemos o voto de castidade porque queremos que Ele, Bom Pastor, possa continuar a amar em nós e através de nós, porque queremos que o nosso corpo sexuado e casto seja em certo sentido sacramento do amor de Deus».

O missionário é obediente para discernir, pobre para partilhar e casto para amar a todos de coração inteiro!

Desta maneira, os votos não nos «protegem» das pessoas e do mundo, mas lançam-nos no coração do mundo para o serviço missionário, para anunciar o Reino que é de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Carta aos Romanos 14: 17).

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