19 de setembro de 2014

FREI BENTO DOMINGUES


O teólogo dominicano Frei Bento Domingues foi hoje homenageado pelos 80 anos de vida e mais de 1000 crónicas dominicais que escreveu nos últimos 22 anos no Público.

Mais de 500 pessoas passaram pelo Auditório dois da Gulbenkian durante o dia, incluindo Jorge Sampaio, Maria Barroso, o constitucionalista Jorge Miranda, o historiador José Mattoso, o filósofo Eduardo Lourenço, Dom Januário Torgal, as escritoras Lídia Jorge e Inês Pedrosa, para homenagear o teólogos original e marginal.

A sessão intitulada «Cidadania, Cultura e Teologia na Praça Pública» foi composta por painéis de debates sobre liberdade, paz e utopias, Da crónica de jornal à intervenção na cultura e na sociedade, tentando responder à pergunta se Jesus e a Igreja ainda interessam à sociedade portuguesa.

O P. Anselmo Borges recordou que «a Palavra viva e criadora para lá da vozearia acende-se no silêncio que fala.»

Lídia Jorge exortou a «não deixar de sonhar a humanidade desfigurada.»

Francisco José Viegas recordou que «Deus vive no deserto e falar de Deus é falar com o deserto.»

O Pastor Dimas de Almeida anatou que o primeiro grande cisma da Igreja foi a ruptura com a sinagoga.

Ana Vicente do movimento Nós somos Igreja recordou que a Igreja tem que ser mais inclusiva em relação às mulheres.

Miguel Oliveira da Silva notou que Frei Bento Domingues não interessa à Igreja portuguesa que esteve ausente da homenagem.

Recordou que a Igreja tem uma enorme dificuldade em lidar com a sexualidade e que a total falta de transparência sobre a sexualidade na Igreja incomoda-o.

O sindicalista Manuel Carvalho da Silva fez uma análise sociopolítica dos escritos de Frei Bento classificando-o como «teólogo dos tempos do futuro», «que desconstrói a religião que se apoia na ira dos deuses.»

«A humanização da religião é que a torna divina», sublinhou.

Frei Bento Domingues concluiu as jornadas lendo e reflectindo sobre alguns textos do Novo Testamento.

Sublinhou que o nucleal da mensagem de Jesus é reunir os filhos de Deus dispersos alargando a sua família ao mundo inteiro.

«Viemos a este mundo para ver se fazemos a alegria dos outros!», proclamou.

E acrescentou: «A primeira graça de Deus é a nossa “cachola”, a nossa capacidade de imaginar e trabalhar e questionar.»

Desejou que as suas crónicas sirvam «para picar outras pessoas a fazer melhor porque para pior já basta assim.»

E quer que fique gravado como epitáfio: «Não estou aqui!»

A homenagem serviu para lançar a obra A Insurreição de Jesus, o segundo volume das crónicas de Frei Bento coordenado Maria Julieta Dias e o jornalista António Marujo.

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