O 7 de outubro pesa na memória dos povos, especialmente na Terra Santa. Enquanto o mundo observa com ansiedade e dor os ecos da guerra e sonha com a paz, numa pequena aldeia no deserto da Cisjordânia floresce algo diferente: a esperança, bordada por mãos beduínas.
Nesse mesmo dia, um grupo de mulheres — avós, mães e jovens estudantes — reúne-se na creche da aldeia, transformada em ateliê e espaço de encontro. Com linhas e agulhas, elas aprendem, ensinam, partilham.
O bordado palestiniano — arte milenar, memória viva, símbolo de identidade e resistência — volta a ganhar vida entre os seus dedos.
— Posso convidar outra pessoa? Hoje ela não pôde vir... — pergunta alguém.
Outra mostra, orgulhosa, o seu primeiro desenho.
Elas riem, animam-se, prometem avançar juntas.
Em um mês, dizem, todas bordarão com desembaraço.
Quem sabe mais, ensina; quem aprende, agradece.
Recebem agulhas, linhas, padrões e uma pequena bolsa como quem recebe uma semente.
Cada ponto bordado é um gesto de esperança; cada reunião, um ato de solidariedade.
Enquanto o mundo recorda a ferida, elas tecem o futuro com fios de paz.
No meio do deserto da Cisjordânia, o 7 de outubro deixa de ser apenas um dia de dor: torna-se um canto de resistência criativa, um amanhecer de vida que renasce entre as mãos.
Ir Cecília Sierra,
Missionária Comboniana na Cisjordânia

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