4 de outubro de 2024

INGLÊS NO DESERTO

 

Mais de trinta senhoras beduínas participaram na primeira reunião. Perguntamos-lhes se queriam aprender a bordar ou inglês.

«As duas coisas!» – responderam.

«Uma coisa de cada vez.» – propusemos.

No fim, escolheram inglês.

A maioria das alunas que vieram para a primeira aula de inglês não esteve na reunião preparatória. São quase todas caras novas. Jovens. 

As aulas são dadas debaixo de um alpendre de zinco. O chão é de relva sintética.

São cerca de trinta as jovens que frequentam as aulas de inglês nesta aldeia beduína. Estão ansiosas por aprender. Foram divididas em três grupos de acordo com o nível de cada uma.

Estão tão sedentas de aprender que chegam meia hora antes das aulas. As irmãs Lulu, Júlia e eu estamos encantadas.

Hoje, a aula é sobre o uso dos verbos ser, estar, haver, ter, poder no presente, passado e futuro. 

Eu começo.

«Nasci em Tangamandapio.» – digo, marcando um pontinho no mapa do continente americano. 

Digo-lhes que sou missionária comboniana, que somos muitas em todo o mundo e que é um privilégio servir na Terra Santa.

«Eu trabalho desde os três anos!» – conta outra. 

«O meu pai tem duas esposas. A minha mãe está na Jordânia e a mãe dela,» – diz, apontando para a sua irmã – «está na Palestina. Chegamos no dia em que começaram as aulas de inglês. Eu não queria vir para a Palestina, mas, agora que frequento as aulas, estou contente por ter vindo!» – disse, com um sorriso rasgado.

«Eu estou noiva!» –  disse outra aluna. «Vou casar no ano que vem.»

Estamos convidadas para o casamento.

«Se eu pudesse frequentava o magistério!» – explicou outra.

Com o vocabulário aprendido continuamos a alinhavar diálogos. E a entreter vidas e sonhos.

Ir Cecília Sierra

Missionária Comboniana a trabalhar com beduínos no Deserto da Judeia