5 de junho de 2023

RETIRO PASCAL



Com a preocupação do Covid ultrapassada, estamos a retomar paulatinamente as atividades da missão, incluindo o retiro pascal.

O dia de oração tinha sido marcado para a véspera do Domingo de Ramos para preparar a Páscoa do Senhor. Contudo, o funeral de um católico de Qillenso — que era sogro do catequista de Adola — obrigou a adiar o dia de recoleção.

Os funerais aqui são eventos maiores que se sobrepõem a outras atividades, incluindo a missa de domingo. Às vezes chegamos a uma capela para a missa e perante uma assembleia diminuta a resposta é invariável: foram a um funeral.

O retiro finalmente realizou-se a 20 de maio, já na ponta final da grande estação pascal.

O dia acordou muito nublado. Como por estas bandas quem dita as horas é a luminosidade e não o relógio — que é uma pulseira cara — tivemos que esperar que as pessoas fossem chegando a uma sala do Jardim Infantil das Missionárias da Caridade para iniciar a recoleção.

Enquanto esperámos, rezámos a oração da manhã e o terço. Os participantes foram aparecendo: dois casais, dezasseis meninas e mulheres, uma delas com o seu bebé, dois rapazes, a Ir. Francina e eu. Vinte e quatro ao todo. Muitos? Poucos? Aqueles que acolheram o convite do Senhor para um dia de reflexão e silêncio num ambiente tranquilo na periferia da cidade de Adola.

Pelas 10h15, uma hora e um quarto depois do previsto, iniciamos o evento. Eu apresentei uma reflexão em língua guji sobre a centralidade do mistério pascal de Jesus na fé cristã, a alegria e a paz como  primeiros frutos da sua ressurreição e a vocação dos cristãos como testemunhas da ressurreição.

Depois da reflexão houve uma pausa para comermos uns biscoitos com uma chávena de chá vem açucarado, como é jus por estas bandas.

Às 11h15 a Ir. Francina, das missionárias de Santa Teresa de Calcutá, apresentou em inglês e amárico que um tradutor verteu para guji o tema Jesus bom pastor, porta, caminho para o Pai e nós ovelhas e pastores.

Ao meio-dia os participantes foram para a capela da casa de acolhimento das Missionárias da Caridade. É uma construção feita de bambu entrelaçado como se de um cesto gigante invertido se tratasse.

Durante uma hora estivemos em adoração silenciosa ao Santíssimo Sacramento enquanto que quem quis se abeirou do sacramento da reconciliação, a festa do perdão.

Por volta das 13h00 voltamos para o Jardim Infantil para o almoço: um refugado de lentilhas acompanhado de injera, uma espécie de panqueca gigante castanho-escura feita de tief, um cereal miúdo típico da Etiópia, e muito rico sobretudo em ferro. Um copo de café selou a refeição.

Por volta das 14h00 dirigimo-nos outra vez para a capela para a Eucaristia conclusiva do dia de retiro.

As pessoas internadas da casa de acolhimento — crianças, jovens e adultas, a maioria não católica —também participaram na missa. Foi uma celebração tranquila, bem cantada e bem rezada.

Como o sábado é dia de mercado em Adola — o mercado funciona de tarde — e ir à feira é um preceito social, tivemos de encerrar o dia de reflexão e oração por volta das 15h30. Os participantes, na maioria jovens, gostaram e estavam felizes. E querem mais.

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