Os primeiros combonianos chegaram a Qillenso em 1976, vindos da missão de Teticha, a cerca de noventa quilómetros mais a noroeste, para dar assistência a algumas famílias sidama que aqui se fixaram. Começaram por chamar Maleka — o nome da aldeia seis quilómetros mais abaixo — à clareira da floresta onde construíram a missão a quase 2300 metros de altitude. Depois deram-lhe o nome de Baddessa Chisa — baddessa caída, uma árvore de grande porte comum na floresta desta área. É o nome da área. Finalmente, ficaram por Qillenso, literalmente brisa agradável, mas que também pode ser forte e fria.
Vieram pelos sidama, mas cedo começaram a evangelizar o povo local, os gujis, um subgrupo oromo, embora o superior provincial que não visse com bons olhos o uso de mais uma língua na província. Já missionavam em amárico, sidamo e guedeo.
A missão, fundada pelo P. Bruno Lonfernini, está situada no que era uma clareira na borda da floresta junto à estrada que leva à Somália.
Quando aqui vivi, há quase trinta anos, a missão ainda não estava recintada. À noite, as hienas passavam à frente da casa e as árvores do alto da colina abrigavam os babuínos que aí pernoitavam em grande número. Hoje, a floresta está a ser transformada em zona agrícola. Há alguma reflorestação com… eucaliptos.
A paróquia foi oficialmente aberta em 1 de janeiro de 1981, dedicada a Nossa Senhora das Dores.
Com a vinda das combonianas, Qillenso transformou-se numa missão tradicional com a igreja e a escola primária, confiadas aos missionários, e a clínica e a promoção das mulheres, iniciativas das irmãs. Há três décadas, a missão tinha ainda duas voluntárias italianas que colaboravam com as irmãs na clínica e no programa de economia doméstica.
Entretanto, as combonianas partiram e vieram irmãs da congregação local, que também deixaram Qillenso.
Hoje, a clínica e o programa de promoção das mulheres estão suspensos. A escola tem 187 alunos da quinta à oitava classe. Os nove professores são do Governo.
A missão continua com as quatro capelas que tinha há três décadas — uma fechou e outra abriu — mas deu origem a duas missões novas entre os gujis: Soddu Abala (a uns 45 quilómetros a sudeste) e Haro Wato (a mais de cem quilómetros a oeste por estrada. A pé demora quatro a cinco horas).
A partir de 2008, o bispo entregou aos missionários de Qillenso o cuidado pastoral da cidade de Adola — Kibre Menguiste em amárico, que fica 35 quilómetros a sudeste. É o local, onde — segundo os mitos gujis — Deus criou os primeiros três homens: Urago, o pai dos gujis, Darasso, o pai dos guedeos, e Amaro, o pai dos amara. Os padres da diocese de Bari — Itália, que cuidavam de Soddu Abala, tinha construído na cidade um pequeno salão onde algumas mulheres aprendiam costura e eles celebravam a missa.
Os combonianos compraram um talhão junto à rua principal e aí construíram uma biblioteca para dar apoio aos alunos da secundária, uma pequena casa de barro com três divisões e, depois, uma igreja circular em anfiteatro dedicada a São Daniel Comboni. No talhão do salão transformaram uma pequena construção em hostel para alojar seis raparigas e seis rapazes das zonas rurais que estão em Adola a fazer a secundária.
Adola tornou-se no segundo polo de Qillenso. Hoje, há nove capelas à volta da cidade em três eixos.
A revolta do Exército de Libertação Oromo contra o Governo de Adis-Abeba, trouxe alguma insegurança à área e tem-nos impossibilitado a visita regular a quatro capelas.
Entretanto, a missão de Gosa — aberta pelos combonianos uns 35 quilómetros a norte de Qillenso a quase 2800 metros de altura — foi transformada em capela de Qillenso. A clínica e a escola (com mais de mil alunos desde a pré à oitava classe) são administradas diretamente pela diocese que usa pessoal local.
A nível de pessoal, a missão conta com os serviços de 21 catequistas, dois padres e cinco Missionárias da Caridade (quatro da Índia e uma da Roménia) — que têm uma casa de acolhimento para recuperação de doentes de tuberculose, bebés abandonados, doentes crónicos e terminais abandonados pelas famílias ou de famílias sem meios para cuidar deles.
O P. Hippolyte Apedovi nasceu no Togo há 33 anos. É o pároco e ecónomo. Eu desempenho as funções de superior e diretor da escola de Qillenso.
Nas igrejas de Qillenso e Adola há missa todos os domingos. Na casa das irmãs celebramos com os internados todos os sábados à noite. Celebramos uma vez por mês em cada capela. Nos outros domingos o catequista preside à celebração da Palavra.
Um de nós fica em Adola de sexta à tarde até terça de manhã para seguir as comunidades da área e celebrar a missa para as irmãs.
Entretanto, durante a Quaresma vamos celebrar missa todas as semanas nas capelas da zona de Qillenso-Gosa.
Cada comunidade, além do catequista, tem um conselho dos anciãos — com representantes dos adultos e dos jovens, homens e mulheres — que cuida do seu andamento. Há ainda a pastoral juvenil e vocacional. Qillenso e Adola têm um grupo de acólitas e acólitos. Em Urdata, há também uma pequena biblioteca de apoio aos alunos da escola média, vizinha da capela. Queremos também usar os computadores da biblioteca de Adola para dar alguns cursos básicos de informática e ligar os computadores à internet para os utentes poderem aprofundar os temas de estudo.
Os catequistas são o braço direito dos missionários na evangelização. Além de presidirem à oração da comunidade, visitam os doentes e preparam os catecúmenos para o batismo — o curso dura dois anos — e as crianças para a primeira comunhão. Reunimo-nos com eles uma vez por mês em Adola e em Qillenso para seguir o andamento das respetivas capelas, dar-lhes alguns conteúdos formativos e resolver problemas que aparecem. Recebem uma pequena ajuda económica.
O Centro Catequético da diocese de Hawassa — que cobre a área de Portugal — prepara cursos regulares de formação para catequistas, jovens e anciãos.
Cada capela tem um campo para conseguir alguma autonomia financeira e cobrir as próprias despesas através da agricultura e do cultivo de eucaliptos. As árvores são cortadas cada três anos para serem usadas na construção civil.
As três capelas e a igreja de Qillenso conseguiram juntar dinheiro suficiente para comprar um teclado para animar as liturgias. Confesso que não gosto muito da evolução, porque o acompanhamento dos cânticos nem sempre é (con)sonante além de ser muito barulhento. Nas capelas, o sistema sonoro e o teclado funcionam com energia solar armazenada em baterias.
Sem comentários:
Enviar um comentário