18 de junho de 2021

DIÁRIO DE UM SAFARI DE MISSÃO



No domingo, 30 de abril, chegámos a casa do safari missionário já noite, às 19 horas. Correu tudo bem com as pessoas. Com os pneus nem por isso.

À ida, no sábado, tivemos um furo no descampado. Pneu mudado e, dois quilómetros depois, outro pneu esvaziado. O condutor de uma moto-taxi que passava passou o passageiro a outro e pegou em dois professores da minha equipa missionária. O do meio ia com o pneu grande e pesado da Toyota Cruiser ao colo.

Ficamos o motorista, ex-condutor de camiões e pai de um estudante de teologia comboniano, outro membro da equipa e eu a tratar de desmontar o pneu estragado.

Apareceu um jovem de moto que vinha dos campos com um valente tronco de árvore para lenha e um saco de produtos agrícolas.

O Sr. Mapenzi, o nosso condutor, fê-lo parar: «Tenho aqui o padre, que tem que ir para o trabalho dele, na igreja católica de Cantine».

O homem faz uns metros para trás, descarrega tudo no pátio de uma casa à beira da estrada e... «Sr. Padre faça favor de subir!»

Durante a viagem de uns seis quilómetros, apresentou-se: «Jean Baptiste, responsável de toda a juventude, da parte do município de Cantine».

O protestante transporta o católico, os dois cheios de alegria: «O que quereis que vos façam os outros, fazei-lho vós a eles», comentei. «Como está na Bíblia!», respondeu o taxista.

A perda de tempo por causa dos furos, atrasou-me muito. Por isso, começamos imediatamente o encontro do grupo de jovens e adolescentes missionários. Reparei que ninguém tinha bíblia.

No domingo, depois da segunda missa com centenas de crianças, abençoei e coloquei os lenços de cabeça das adolescentes do grupo missionário, insígnia da fase de formação em que se encontram.

Depois passei por todos os grupos de crianças e adolescentes que se reúnem nas salas da escola primária. Os formadores nunca tiveram uma Bíblia nas próprias mãos.

Cheguei ao grupo missionário. Os que foram comigo levaram a sua Bíblia. Mas os de lá? Zero. Então, propus: «Cada um dos grupos aqui presentes tem que ter a sua Bíblia! Uma Bíblia custa 15.00 dólares — cerca de 12 euros e meio, uma fortuna para esta gente sem dinheiro —: cotizem-se, façam o que quiserem, mas daqui a um mês, quero ver isso bem adiantado».

Depois, alertei os responsáveis das comunidades católicas da área e, no regresso, o pároco: «Se os protestantes e as Testemunhas de Jeová têm a Bíblia, porque a não têm os católicos?»

Quero ver se, com algumas ofertas que receba, ajudo esta gente a adquirir a própria Bíblia: eles arranjam oito dólares e eu completo os sete que faltam. Mas só quando alguém colaborar nesta iniciativa de evangelização...

Entretanto, continuamos a garantir formação bíblica, litúrgica e sobre os sacramentos, tudo em chave missionária.
P. Claudino Gomes 
Missionário Comboniano em Butembo (RD Congo)

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