4 de julho de 2018

AFRIBOL

África também é terra de futebol

A Confederação Africana de Futebol (CAF) – que representa 54 federações – tem cinco equipas no Campeonato Mundial de Futebol da Rússia 2018: Egipto, Marrocos, Nigéria, Senegal e Tunísia, do Norte e Oeste do continente. As selecções encontram-se entre a posição 21 (Tunísia) e 48 (Nigéria) da classificação oficial da FIFA, que inclui 211 equipas nacionais. Somália e Eritreia estão no grupo de seis formações que fecham a tabela.

Ainda antes de a bola rolar nos relvados russos, já Marrocos – que faz parte do grupo de Portugal – averbava a primeira derrota: perdeu a organização do mundial de 2026 para a candidatura conjunta do Canadá, Estados Unidos e México. A única vez que o futebol africano se afirmou no panorama mundial foi em 2010, quando a África do Sul organizou o campeonato mundial. Mas a selecção anfitriã não passou da fase de qualificação. Na memória ficou a festa das bubuzelas.

Os africanos amam o futebol: qualquer lugar serve de campo e qualquer coisa dá para fazer de bola. Jogam com paixão e com arte, apesar da falta de meios. Alguns sonham ser o próximo Salah – o jogador egípcio do Liverpool eleito futebolista africano do ano – ou George Weah, o único africano que ganhou a bola de ouro e hoje é presidente da Libéria. E seguem as ligas europeias com muita emoção. Quando vivia em Juba, no Sudão do Sul, cada vez que uma grande equipa europeia marcava um golo – Real Madrid ou Barcelona, Manchester United ou Arsenal, para mencionar alguns – ouvia-se um bruaá que se elevava dos espaços a pagar com TV por cabo e ecoava sob o céu tórrido da cidade.

O futebol africano afirma-se sobretudo através dos seus jogadores nos campeonatos europeus, incluindo Portugal. Em 2015, havia mais de 4000 africanos a jogar fora do continente. Quase 600 eram nigerianos. Em 2017, na Taça Africana das Nações, 64 por cento dos jogadores seleccionados eram emigrantes na Europa; um terço militava nas ligas da França, Inglaterra e Portugal.

O futebol africano sofre de três grandes males: falta de estruturas, organização e investimento. Os relvados são caros e difíceis de manter. Os campos sintéticos podem representar uma alternativa barata e viável. Os Chineses têm construído alguns estádios em troca de matérias-primas.

Quanto à organização, é comum governos ou políticos interferirem nas federações que não dispõem de grandes meios económicos para subsistir. E nem sempre os subsídios acabam na promoção do futebol e dos seus talentos. Na República Democrática do Congo, 89 por cento dos jogadores não têm contratos escritos e no Gana ninguém ganha mais de 900 euros.

Luís Figo apareceu uma vez em Juba, apoiado por uma petrolífera árabe com sede no Luxemburgo, para iniciar uma academia de futebol. Foi recebido com muito entusiasmo. Quando o pó assentou, tudo acabou em nada. Ao que parece, o ministro do Desporto e da Juventude não tinha sido contactado antes e, amuado, boicotou a academia.

Até agora, nenhuma selecção africana passou dos quartos-de-final dos campeonatos mundiais. Será este ano? Torço por eles: Leões de Teranga do Senegal, Faraós do Egipto, Leões do Atlas de Marrocos, Superáguias da Nigéria e Águias de Cartago da Tunísia. Nas alcunhas já ganharam!

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