30 de outubro de 2007

WORLD MISSION


COMBONIANO PORTUGUÊS PREMIADO NAS FILIPINAS

O padre José Rebelo, 46 anos, dos Missionários Combonianos, foi premiado esta semana com um dos Catholic Mass Media Awards (Prémio dos média católicos), das Filipinas, atribuído pela fundação com o mesmo nome uma das instituições mais prestigiadas do país. Entre 800 candidatos - um recorde de participação -, incluindo os principais jornais, rádios e televisões do país, a «World Mission», dirigida por José Rebelo, recebeu o prémio de melhor revista.
A publicação imprime actualmente 9500 exemplares e foi fundada em 1989 por um outro português, o padre Manuel Augusto Ferreira, que dirige agora a «Além-Mar», a revista dos combonianos portugueses.
«O prémio reconhece o trabalho feito na remodelação gráfica e de conteúdos da revista», feita nos últimos dois anos, explica José Rebelo ao PÚBLICO. «Em cada número procuramos transmitir a paixão pela missão universal que nos anima. As Filipinas, apesar de ser um país considerado católico, ainda não se rendeu à ideia de missão além-fronteiras. Tudo é visto em chave caseira.» Daí que o galardão seja sobretudo «importante na medida em que pode abrir algumas portas e facilitar a tarefa de divulgação da revista.»
José Rebelo esteve já como missionário no Traansval entre 1991 e 96, antes de regressar a Portugal para dirigir a «Além-Mar», até 2004 (distinguida com o prémio dos Direitos Humanos sob a sua direcção). Em 2005 foi para director da «World Mission».
Manuel Augusto Ferreira disse ao PÚBLICO que o galardão é um «reconhecimento do lugar e da importância que a «World Mission» conquistou no contexto da Igreja Católica na Ásia". E acrescenta: «Não obstante as dificuldades, afirmou-se como uma revista missionária de qualidade nas Filipinas e noutros ambientes eclesiais asiáticos de língua inglesa.»
António Marujo em «PÚBLICO»
Parabéns, Zé! Força.

23 de outubro de 2007

CHEGADA II

As emoções dos últimos dias foram complicadas de gerir.
Em menos de uma semana a redacção da Rádio Bakhita ficou vazia. O editor-adjunto desapareceu sem deixar rasto. Depois, o segundo jornalista trocou a caça das notícias por um curso de contabilidade numa universalidade ugandesa. O terceiro, um estagiário, termina o contrato no fim do mês. É boa pessoa, generoso e cheio de boa vontade, mas não foi «talhado» para jornalista.
Resultado: dez meses depois de ter chegado a Juba volto à estaca zero. Melhor: à estaca um porque safa-se um jornalista partilhado com o «Juba Post» que começou a trabalhar esta semana. Tem muitas dificuldades com o formato radiofónico e com os programas de tratamento de som. Mas há-de vingar.
Esta sucessão de perdas provocou em mim um sentimento de impotência muito forte. Pela primeira vez na vida sinto que não tenho nenhum controlo sobre o que estou a fazer.
A irmã com quem trabalho foi expressiva: «Joe, bem-vindo! Finalmente chegaste ao Sudão. Podes começar!»
O comentário pode parecer surrealista, mas tem alguma verdade: tenho vivido no Sudão com os afectos na Etiópia. Agora que bati fundo – e à custa de lágrimas – finalmente aterrei! Sinto que pertenço aqui!
Outra irmã tentou consolar-me: «Não te preocupes: O Sudão é assim. Não há fidelidades. As pessoas habitaram-se a sobreviver.»
Mas custa aceitar que o tempo, a energia e os afectos investidos nestes três colaboradores – e em mais três sou quatro que entretanto ficaram pelo caminho – acabe assim! É a vida no Sudão.
É também o meu segundo começo. Um recomeço com mais humanismo e menos profissionalismo.

21 de outubro de 2007

MISSÕES

«Gostaria de convidar todo o povo de Deus Pastores, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos para uma reflexão comum sobre a urgência e a importância que reveste, também neste nosso tempo, a acção missionária da Igreja. De facto, não cessam de ecoar, como chamada universal e apelo urgente, as palavras com as quais Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado antes de subir ao Céu, confiou aos Apóstolos o mandamento missionário: "Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado".
[…]"Todas as Igrejas para o mundo inteiro": é este o tema escolhido para o próximo Dia Missionário Mundial. Ele convida as Igrejas locais de cada Continente a uma partilhada consciência sobre a urgente necessidade de relançar a acção missionária perante os numerosos e graves desafios do nosso tempo.
[…]Queridos irmãos e irmãs, o mandato missionário confiado por Cristo aos Apóstolos diz respeito verdadeiramente a todos nós. O Dia Missionário Mundial seja portanto ocasião propícia para tomar mais profunda consciência e para elaborar juntos itinerários espirituais e formativos apropriados que favoreçam a cooperação entre as Igrejas e a preparação de novos missionários para a difusão do Evangelho neste nosso tempo. Contudo não esqueçamos que o primeiro e prioritário contributo, que somos chamados a oferecer à acção missionária da Igreja, é a oração.»

Da Mensagem de Bento XVI para o LXXXI Dia Missionário Mundial
que se celebra hoje.

19 de outubro de 2007

LEITURAS

A FÚRIA DAS VINHAS

De Francisco Moita Flores tinha lido alguma ficção policial avulso publicada não me recordo bem em que semanário.
Ofereceram-me «A Fúria das Vinhas» (Casa das Letras 2007) durante a minha estada em Portugal. Comecei a ler o livro com bastante expectativas e não fui ludibriado.
O romance conta a história de uma mulher impar num mundo de homens. Antónia Adelaide Ferreira é um mito nos anais do vinho do porto – na minha terra chamamos-lhe vinho fino.
Moita Flores consegue pôr em texto não só a vida da Ferreirinha como os falares, os creres e os viveres do Alto Douro.

A escrita de Moita Flores é rectilínea, mas também prenhe de emoção e surpresas. Pinta quadros espectaculares com palavras sóbrias. As palavras necessárias.
Nasci e vivi a primeira dúzia de anos no Douro-Sul e partilho desse caldo cultural único. O Douro é um espaço telúrico especial, uma linha de vida e de morte única. Agora está domado, triste. Mas é e será Ó meu rio Douro / Douro dourado / És tão formoso / E és tão amado.


«O Douro era o ventre materno que a aconchegava no colo quando sofria ou era feliz. D. Antónia sabia. Ninguém é feliz para sempre. A felicidade é uma pontuação, não é uma frase. E só a pode sentir no auge das emoções quem sofreu intensamente. A sua vida, a vida de todos os mortais, era feita desta transitoriedade onde o único valor absoluto é a morte» (pag. 84).


Obrigado Amélia e Luís por esta viagem impar ao meu Douro, tão longe e tão perto de mim.

15 de outubro de 2007

CRISE SPLM-NCP

A GUERRA NÃO É SOLUÇÃO

O presidente do Governo do Sul do Sudão disse ontem que o recurso à guerra não é solução para o diferendo que opões o Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM) e o Partido do Congresso Nacional (NCP).
Salva Kiir Myardit assegurou aos fiéis que foram à missa das 11 na catedral de Juba que o regresso à guerra está fora de questão.
Os dois parceiros assinaram o Acordo Global de Paz (CPA) em 2005 para pôr termo a uma guerra civil de 21 anos que matou mais de dois milhões e deslocou mais de quatro milhões de sudaneses do Sul.
O SPLM retirou quinta-feira os seus ministros e conselheiros do Governo de Unidade Nacional para forçar o NCP a cumprir o CPA.
Entre os protocolos em atraso encontram-se a demarcação da fronteira entre o norte e o sul, a retirada das tropas sudanesas do Sul, Abyei, transparência na partilha dos proventos do petróleo e a mudança de alguns ministros do SPLM no Governo de Unidade Nacional.
Salva Kiir defendeu que a retirada temporária do Governo de Unidade Nacional foi o gesto certo no momento certo.
O CPA previa que a fronteira entre o norte e o sul do Sudão fosse demarcada durante os primeiros seis meses de 2005. Mas o NCP não aceita as proposta da comissão especial para o efeito devido aos poços de petróleo que ficariam a sul da fronteira de 1 de Janeiro de 1956.
Sem fronteira não pode haver recenseamento – previsto para Fevereiro de 2008, eleições gerais em 2008 e o referendo para a autodeterminação do Sul em 2011.
E sem fronteira não pode haver uma partilha transparente dos lucros do petróleo porque não se sabe os poços que ficam no sul e os que ficam no norte – como explicou o Presidente Kiir.

13 de outubro de 2007

FÁTIMA

A BBC deu grande destaque à dedicação da Basílica da Santíssima Trindade em Fátima.
O templo, dedicado ontem pelo Secretário de Estado do Vaticano, tem espaço para sentar 9000 fiéis e custou 60 milhões de Euros.
A Basílica da Santíssima Trindade é a quarta maior igreja do mundo depois das basílicas de Yamoussoukro, na Costa do Marfim, de São Pedro, no Vaticano, e da Aparecida, no Brasil.
O templo oval branco foi projectado pelo arquitecto grego Alexandros Tombazis. Tem 13 portas.

12 de outubro de 2007

RETIRADA

O Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM) decidiu retirar temporariamente os seus ministros e conselheiros presidenciais do Governo de Unidade Nacional.
Pagam Amun, secretário-gerral do SPLM, divulgou a decisão ontem em Juba no final d uma semana de reuniões do Bureau Político Interino do movimento.
A retirada dos membros do SPLM do Governo de Unidade Nacional é um acto de pressão do movimento que governa o Sul do Sudão sobre o Partido Nacional do Congresso, parceiro no governo nacional, a quem acusa de não cumprir o Acordo Global de Paz (CPA).
O secretário-geral citou uma longa lista de razões para a decisão do Bureau . A demora da demarcação da fronteira norte-sul, a falta de transparência na partilha dos proveitos do petróleo e a não retirada das forças armadas do Sudão das áreas petrolíferas são algumas das falhas na implementação do CPA.
O Governo de Unidade Nacional foi estabelecido depois da assinatura do CPA, em 9 de Janeiro de 2005. Os parceiros seniores são o Partido do Congresso e o SPLM.

4 de outubro de 2007

VIVÊNCIAS


O MELHOR JOGO DA MINHA VIDA

Foi em Março, mais precisamente no vigésimo segundo dia do mês do ano transacto.
sou uma portista assumida e, como adepta daquele clube, só poderia estar ansiosa pela chegada desta data. Era dia da final da taça de Portugal. Um FCPorto-Sporting.
Estava naturalmente ansiosa, não por ser mais uma partida à qual não faltaria, mas sim por ser o confronto de dois grandes clubes. Neste dia envolveram-me imensos sentimentos, os quais nunca me irei esquecer.
A aventura começou bem cedo, logo pela manhã. Estava muito ansiosa se bem que receosa. Uma das minhas preocupações era o facto de ter teste de matemática no dia seguinte. Mas tinha prometido a mim mesma que iria estar no jogo de consciência tranquila com todos os conteúdos estudados. A manhã passou rápida e o grande obstáculo passou a ser a tarde que por mim esperava. Tinha de estudar era certo, mas de meia em meia hora invadiam-me sensações de ansiedade. Era inevitável!
O jogo estava marcado para as 20h45. Portanto, saí de casa por volta das 18h30. Ia ter com uma amiga a Matosinhos, e depois seguiríamos para a Casa da Música onde ao nosso grupo se juntaria mais uma amiga. Já no metro iam-se ouvindo comentários acerca do jogo: uns diziam que perderíamos e outros que ganharíamos. Mas eu tinha a plena consciência de um bom jogo. Pelo menos era aquilo que eu queria pensar!
Foi no Estádio do Dragão que a minha ansiedade terminou. Talvez devido ao pensamento de “missão cumprida”: estava lá e tinha estudado, tudo corria bem.
Às 20h45 soa o apito do árbitro, o jogo começa e o coração bate de uma maneira diferente. Ao fim de 45 minutos de “sofrimento” a primeira parte termina, sem golos e com um nervoso miudinho!
Depois do intervalo, o jogo recomeça. Foi a partir daqui que tudo aconteceu, tanto de mau como de bom.
Antes do jogo eu queria assistir a um bom espectáculo. A verdade é que nesta segunda metade do encontro houve muitas confusões. Entre elas duas expulsões. Lamentável.
A 10 minutos do fim da partida surgiu o golo do Sporting. Para mim o mundo desabou. O sentimento de querer ver um bom espectáculo esgotou-se. As minhas lágrimas caíam desalmadamente. A única coisa que queria era que o treinador se ausentasse. Eu sabia que a culpa não era dele, mas sentia necessidade de atribuir culpa a alguém!
Por sorte, minutos depois o golo do FCPorto surge pelos pés de Benny McCarthy. A esperança voltou. Limpei a cara e aplaudi com todas as minhas forças. Estava de novo no auge da minha felicidade.
Os 90 minutos de jogo terminam empatados e era inevitável irmos a prolongamento. Nesse momento eu e as minhas amigas decidimos ir para mais perto dos jogadores e treinadores, visto que nos conheciam.
Após o prolongamento de 15+15 minutos, o jogo é decidido pela chamada “morte súbita”, os temidos penaltis.
O primeiro marcador do lance foi o sportinguista João Moutinho. Bem, aqui o jogo para mim acabou! Sim, porque o penalti foi defendido pelo guarda-redes portista.
A última grande penalidade saiu dos pés do argentino Lisandro Lopez, que sem tremer, a converteu em golo. Aí as lágrimas que anteriormente reflectiam a tristeza e inconformismo, agora faziam transparecer toda a emoção que estava a sentir. Foi sem dúvida o melhor jogo da minha vida!
O calendário marcava o início da Primavera. Chovia torrencialmente e estava um frio de rachar. Portanto, além do melhor jogo da minha vida, foi também a maior molha!
Carla Morgado

2 de outubro de 2007

ANCIÃOS

Delegação dos Anciãos com Mama Rebecca Garang © J Vieira

Uma delegação do grupo Os Anciãos – The Elders, em inglês – passou a manhã de hoje em Juba.
Graça Machel, de Moçambique, Arcebispo Desdmind Tutu, da África do Sul, Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, e Lakhdar Boahimi, da Argélia, aterraram em Juba esta manhã vindos de Cartum.
A delegação dos Anciãos passou pelo mausoléu de John Garang, o primeiro presidente do Sul do Sudão. Um momento emotivo para mama Rebecca Garang e Graça Machel selada num abraço sentido. As duas mulheres perderam os respectivos maridos em desastres aéreos.
O Arcebispo Tutu fez uma oração pelo descanso eterno do fundador do SPLA.
A delegação foi depois recebida pelo presidente do Governo Autónomo do Sul do Sudão.
Salva Kiir Mayardit fez o ponto da situação sobre o cumprimento do Acordo Global de Paz, assinado entre o SPLA e o Governo de Cartum.
O CPA – como o acordo é referido em inglês – assinado a 9 de Janeiro de 2005, pôs termo a 21 anos de guerra que fez mais de dois milhões de mortos e quatro milhões de deslocados.
O general Salva Kiir apontou a demarcação da fronteira entre o Norte e o Sul do Sudão como o mais urgente a resolver. Depois o SPLM e o Partido Nacional do Congresso podem discutir o recenseamento agendado para Fevereiro de 2008, as eleições gerais em 2008 e o referendo sobre autodeterminação em 2011 bem como a partilha dos proventos do petróleo.
O Presidente do Sul do Sudão falou sobre a situação do Darfur e o processo de paz para o Norte do Uganda.
O vice-presidente do Governo do Sul do Sudão medeia as negociações em Juba desde Julho do ano passado entre o governo ugandês e o Exército de Resistência do Senhor, LRA em inglês.
O Arcebispo Tutu, falando em nome da delegação dos Anciãos, classificou o encontro com o Governo de muito bom.
O arcebispo Nobel da paz elogiou o Governo do Sul do Sudão pelo sucesso das negociações com o LRA.
Tutu disse ainda que o CPA tem que ser implementado. Pegando nas palavras de Graça Machel, disse que é crucial que o Sudão seja bem sucedido no processo de paz. Caso contrário, afectará toda a região.
O Sudão, maior país africano, faz fronteira com nove vizinhos.
Depois do encontro com o Governo do Sul do Sudão, a delegação de anciãos reuniu-se com Andrew Natsios, enviado especial dos Estados Unidos para o Sudão.
A delegação de anciãos partiu ao início da tarde para o Darfur.
The Elders foi estabelecido por Nelson Mandela em Julho durante o seu 89º aniversário.
Integra 18 personalidades de renome mundial empenhadas em ser uma palavra pela globalização da paz.