DO BOTSUANA COM TERNURA
«The No.1 Ladies’ Detective Agency» conta a vida e os pensamentos de Mma Ramotswe, a única detective privada em todo o Botsuana.
Precious Ramotwse não segue à risca os livros sobre detectives privados, mas acaba por resolver os mistérios dos seus clientes de formas pouco convencionais desafiando perigos e confiando na sua intuição perspicaz. Um livro a transbordar de ternura pelo Botsuana e pela África escrito por Alexander McCall Smith, um especialista em legislação médica que nasceu no Zimbabué e vive na Escócia.
«She was a good detective, and a good woman. A good woman in a good country, one might say. She loved her country, Botswana, which is a place of peace, and she loved Africa, for all its trials. I am not ashamed to be called an African patriot, said Mma Ramotswe. I love all the people whom God made, but I especially know how to love the people who live in this place. They are my people, my brothers and sisters. It is my duty to serve the mysteries in their lives. That is what I am called to do» (pag. 2).
28 de setembro de 2007
25 de setembro de 2007
COUVES
Em Várzea de Meruge - Seia , na Serra da Estrela, a população cansou-se de pedir ao presidente da Junta que reparasse o piso de uma rua.
Vai daí, decidiu plantar couves nos buracos... e agradecer ao presidente.
Nunca a frase: «atirou com o carro para as couves» fez tanto sentido...
Vai daí, decidiu plantar couves nos buracos... e agradecer ao presidente.
Nunca a frase: «atirou com o carro para as couves» fez tanto sentido...
Obrigado, Zezita, por esta peça!
23 de setembro de 2007
MISSA NA CATEDRAL
Hoje, pela primeira vez desde que cheguei a Juba, fui convidado a presidir à missa em inglês na Catedral.
Estava com algum nervoso miudinho, confesso.
Por um lado, em 20 anos de padre nunca tinha usado o turíbulo, excepto para incensar o Evangelho. Ao pequeno-almoço pedi algumas dicas ao provincial. Homem prático, disse que se me enganasse ninguém daria conta!
Depois, no primeiro banco – sofá é mais correcto – estava sentado o Presidente do Governo do Sul do Sudão o que dá algum «peso» ao ambiente. Apesar de o senhor ser super-simpático e levantar-se para cumprimentar outros fiéis no momento da paz.
Finalmente, fazer uma homilia em inglês é mais complicado que em português. E logo hoje que o Evangelho falava de corrupção – um tema bem quente nesta latitude.
Mas tudo correu bem e estou disposto a repetir a experiência se e quando me convidarem! Na cidade há muitos padres a viver e todos presidem à vez à missa na catedral em rotação.
No fim da missa o presidente Salva Kiir dirigiu uma mensagem aos presentes sobre os últimos acontecimentos no Sudão: o boato da sua morte há 15 dias, o cerco dos militares do norte a um pequeno grupo de soldados do Sul, a revista da polícia às sedes do SPLM em Cartum.
O Gen. Kiir diz que isto são provocações dos inimigos da paz. E ele tem o dever de garantir aos sulistas a possibilidade de escolherem em 2011 entre a independência ou autonomia em relação a Cartum através de um referendo.
Uma mensagem conciliatória que também abordou a questão da segurança dos negociantes ugandeses. Desde Janeiro que mais de duas dezenas foram mortos no Sul do Sudão por contendas por causa de negócios ou pela polícia como aconteceu recentemente. As forças da ordem estavam a dar um enxerto de porrada a um jovem ugandês que estava a ser preso, o n.º dois da associação de ugandeses em Juba interveio a pedir que não maltratassem o preso e um polícia esfaqueou-o.
Estava com algum nervoso miudinho, confesso.
Por um lado, em 20 anos de padre nunca tinha usado o turíbulo, excepto para incensar o Evangelho. Ao pequeno-almoço pedi algumas dicas ao provincial. Homem prático, disse que se me enganasse ninguém daria conta!
Depois, no primeiro banco – sofá é mais correcto – estava sentado o Presidente do Governo do Sul do Sudão o que dá algum «peso» ao ambiente. Apesar de o senhor ser super-simpático e levantar-se para cumprimentar outros fiéis no momento da paz.
Finalmente, fazer uma homilia em inglês é mais complicado que em português. E logo hoje que o Evangelho falava de corrupção – um tema bem quente nesta latitude.
Mas tudo correu bem e estou disposto a repetir a experiência se e quando me convidarem! Na cidade há muitos padres a viver e todos presidem à vez à missa na catedral em rotação.
No fim da missa o presidente Salva Kiir dirigiu uma mensagem aos presentes sobre os últimos acontecimentos no Sudão: o boato da sua morte há 15 dias, o cerco dos militares do norte a um pequeno grupo de soldados do Sul, a revista da polícia às sedes do SPLM em Cartum.
O Gen. Kiir diz que isto são provocações dos inimigos da paz. E ele tem o dever de garantir aos sulistas a possibilidade de escolherem em 2011 entre a independência ou autonomia em relação a Cartum através de um referendo.
Uma mensagem conciliatória que também abordou a questão da segurança dos negociantes ugandeses. Desde Janeiro que mais de duas dezenas foram mortos no Sul do Sudão por contendas por causa de negócios ou pela polícia como aconteceu recentemente. As forças da ordem estavam a dar um enxerto de porrada a um jovem ugandês que estava a ser preso, o n.º dois da associação de ugandeses em Juba interveio a pedir que não maltratassem o preso e um polícia esfaqueou-o.
22 de setembro de 2007
SORRISO
© JVieira
Sorriso negro
criança,
alegria repetida
cada sol
olhar brilhante
meiguice,
esperança de momento
prolongada.
Menino da ilha
sonhada,
sorriso negro
de vida!
António Bondoso em «Tons Dispersos»
Sorriso negro
criança,
alegria repetida
cada sol
olhar brilhante
meiguice,
esperança de momento
prolongada.
Menino da ilha
sonhada,
sorriso negro
de vida!
António Bondoso em «Tons Dispersos»
19 de setembro de 2007
EDUCAÇÃO
Há dias ia-me dando uma coisa!
Um dos aprendizes de repórter escreveu numa peça para o noticiário da Rádio Bakhita que o Ministro da Educação do Estado de Central Equatória protestou por o Governo do Sul do Sudão ter-lhe reduzido o orçamento de 75 para 62 por cento.
Pedi ao camarada a gravação do discurso do ministro durante as celebrações do Dia Mundial da Alfabetização e confirmei o que já sabia: que a educação passou de 7,5 por cento do orçamento de 2007 para 6,2 do de 2008.
Lá lhe tive que explicar a diferença que uma vírgula faz nas percentagens – e que para a próxima prestasse mais atenção aos números, porque o que ele fez foi um erro de palmatória.
Dava mesmo jeito que o Ministéria da Educação tivesse a fatia de leão do orçamento para o Sul do Sudão – em vez do exército que leva 40 por cento das massas.
É que o Sul do Sudão detém uma das taxas mais altas de analfabetismo devido a meio século de guerra.
Oitenta e cinco por cento da população não sabe ler nem escrever. Entre as forças armadas a cifra sobe para 90 por cento. No tocante ao género feminino, 92 por cento das mulheres são iletradas.
Era bom de mais se o Governo do Sul do Sudão fizesse um investimento massivo na educação para baixa o índice de analfabetismo para 55 por cento em três anos - como diz.
O que acontece é que o dinheiro para o sector é cada vez menor e há muitos professores com salários em atraso e outros expulsos por protestarem o corte de 26 por cento dos seus salários «para o desenvolvimento local».
Um dos aprendizes de repórter escreveu numa peça para o noticiário da Rádio Bakhita que o Ministro da Educação do Estado de Central Equatória protestou por o Governo do Sul do Sudão ter-lhe reduzido o orçamento de 75 para 62 por cento.
Pedi ao camarada a gravação do discurso do ministro durante as celebrações do Dia Mundial da Alfabetização e confirmei o que já sabia: que a educação passou de 7,5 por cento do orçamento de 2007 para 6,2 do de 2008.
Lá lhe tive que explicar a diferença que uma vírgula faz nas percentagens – e que para a próxima prestasse mais atenção aos números, porque o que ele fez foi um erro de palmatória.
Dava mesmo jeito que o Ministéria da Educação tivesse a fatia de leão do orçamento para o Sul do Sudão – em vez do exército que leva 40 por cento das massas.
É que o Sul do Sudão detém uma das taxas mais altas de analfabetismo devido a meio século de guerra.
Oitenta e cinco por cento da população não sabe ler nem escrever. Entre as forças armadas a cifra sobe para 90 por cento. No tocante ao género feminino, 92 por cento das mulheres são iletradas.
Era bom de mais se o Governo do Sul do Sudão fizesse um investimento massivo na educação para baixa o índice de analfabetismo para 55 por cento em três anos - como diz.
O que acontece é que o dinheiro para o sector é cada vez menor e há muitos professores com salários em atraso e outros expulsos por protestarem o corte de 26 por cento dos seus salários «para o desenvolvimento local».
18 de setembro de 2007
CRIANÇAS-SOLDADOS
Crianças continuam a ser recrutadas no Sudão para combater e sofrem um vasto leque de abusos desde mortes e raptos a violações e violência sexual, especialmente no Darfur.
O Secretário-Geral da ONU escreveu num relatório sobre crianças e conflitos armados no Sudão que as forças armadas, a polícia e uma dúzia de grupos armados violaram os direitos das crianças de Junho de 2006 a Junho de 2007.
Ban Ki-moon diz que no Darfur as forças armadas e pelo menos sete grupos rebeldes recrutam e usam crianças no conflito. Algumas crianças participaram em combates contra rebeldes durante os últimos três anos.
Durante o período coberto pelo relatório, há confirmação de 62 crianças mortas em combate no Oeste do Sudão.
No Darfur «as violações estão generalizadas e são usadas como arma de guerra», Ki-moon escreveu.
O secretário-geral da ONU condenou ataques da Força Aérea a escolas no Darfur e pediu às partes envolvidas no conflito que respeitem os direitos das crianças.
O Secretário-Geral da ONU escreveu num relatório sobre crianças e conflitos armados no Sudão que as forças armadas, a polícia e uma dúzia de grupos armados violaram os direitos das crianças de Junho de 2006 a Junho de 2007.
Ban Ki-moon diz que no Darfur as forças armadas e pelo menos sete grupos rebeldes recrutam e usam crianças no conflito. Algumas crianças participaram em combates contra rebeldes durante os últimos três anos.
Durante o período coberto pelo relatório, há confirmação de 62 crianças mortas em combate no Oeste do Sudão.
No Darfur «as violações estão generalizadas e são usadas como arma de guerra», Ki-moon escreveu.
O secretário-geral da ONU condenou ataques da Força Aérea a escolas no Darfur e pediu às partes envolvidas no conflito que respeitem os direitos das crianças.
17 de setembro de 2007
LEITURAS
O DRAMA DE KIVU
«The Mission Song», de John le Carré, é um retrato do drama que o Leste da DR Congo tem vivido nas últimas décadas.
Abençoada – e amaldiçoada – com jazidas importantes de diamantes, tântalo, petróleo e outros minerais valiosos, a área tem sido palco de guerras constantes para pilhar as suas riquezas naturais. Uganda e Ruanda são reincidentes!
Com o fim da Guerra-fria, John le Carré voltou-se para temas mais significativos que as acções de espionagem em torno da União Soviética.
Depois de escrever «O Jardineiro Fiel» sobre testes ilegais de medicamentos novos em África, Le Carré com o romance «The Mission Song» aborda o drama da delapidação e morte constantes a que a província de Kivu tem sido votada.
Outros temas colaterais do romace mais recente de David John Moor Cornwell são o amor, jornalismo sensacionalista, racismo, sociedades muiti-culturais, ajuda internacional, segredos de estado … tudo misturado com espionagem, o ingrediente-base das receitas litrárias do novelista inglês.
Uma história de corrupção e morte contada através de Salvo, filho de um missionário irlandês e de uma congolesa, e tradutor-especialista em muitas das línguas faladas no ex-Zaire que se vê envolvido acidentalmente em mais um grande esquema de pilhagem do seu amado Kivu.
Obrigado, Manel Giraldes, por me teres recomendado esta estória surpreendente de denúncia da corrupção.
«The Mission Song», de John le Carré, é um retrato do drama que o Leste da DR Congo tem vivido nas últimas décadas.
Abençoada – e amaldiçoada – com jazidas importantes de diamantes, tântalo, petróleo e outros minerais valiosos, a área tem sido palco de guerras constantes para pilhar as suas riquezas naturais. Uganda e Ruanda são reincidentes!
Com o fim da Guerra-fria, John le Carré voltou-se para temas mais significativos que as acções de espionagem em torno da União Soviética.
Depois de escrever «O Jardineiro Fiel» sobre testes ilegais de medicamentos novos em África, Le Carré com o romance «The Mission Song» aborda o drama da delapidação e morte constantes a que a província de Kivu tem sido votada.
Outros temas colaterais do romace mais recente de David John Moor Cornwell são o amor, jornalismo sensacionalista, racismo, sociedades muiti-culturais, ajuda internacional, segredos de estado … tudo misturado com espionagem, o ingrediente-base das receitas litrárias do novelista inglês.
Uma história de corrupção e morte contada através de Salvo, filho de um missionário irlandês e de uma congolesa, e tradutor-especialista em muitas das línguas faladas no ex-Zaire que se vê envolvido acidentalmente em mais um grande esquema de pilhagem do seu amado Kivu.
Obrigado, Manel Giraldes, por me teres recomendado esta estória surpreendente de denúncia da corrupção.
15 de setembro de 2007
GONDOKORO
Gondokoro é uma ilha comprida à frente de Juba em pleno Nilo Branco.
Trata-se de um lugar especial para a Igreja católica. Foi em Gondokoro que os primeiros missionários se estabeleceram no século XIX. Um deles, Ângelo Vinco, repousa algures na ponta norte.
No passado, os agricultores trabalhavam a ilha e habitavam na margem direita do Nilo. A ilha durante as cheias é parcialmente inundada, o que a torna muito fértil.
Os rebeldes do Norte do Uganda começaram a chegar às portas de Juba e os agricultores de Gondokoro refugiaram-se na ilha.
A paróquia de S. José construiu lá uma capela dedicada à Exaltação da Santa Cruz. A festa foi ontem e um colega e eu aceitamos o convite de estar presentes na missa.
O pároco alugou uma lancha de metal para levar o grupo de convidados para Gondokoro: o vigário-geral, algumas irmãs, padres, catequistas, acólitos.
A viagem – um autêntico cruzeiro – demorou quase uma hora. Deu para apreciar as flores lindas e os pássaros coloridos e até dois crocodilos jovens em plano banho de sol matinal.
O motor fora de bordo parou por três vezes. O rio anda cheio de lixo e a hélice de vez em quando ficava presa. Uma sensação esquisita sentir a embarcação à deriva na corrente do grande rio enquanto o piloto tentava resolver a situação.
Quando aportámos, um grupo de cristãos recebeu-nos com cânticos e grinaldas de flores para o pároco e para o vigário-geral.
Seguiu-se a eucaristia debaixo de frondosas mangueiras. O coro esteve à altura e a assembleia participava activamente cantando e dançando. Muito mais mexida que as comunidades da cidade que deixam as despesas da animação ao coro.
A festa continuou depois da missa. O meu colega e eu, contudo, tivemos que regressar a Juba para pôr no ar a homilia do vigário-geral.
A lancha vinha mais tarde. Por isso, tivemos que apanhar boleia de motorizada até ao ponto onde pequenas canoas de madeira ligam a ilha à cidade na parte mais estreita do canal do rio. A viagem de «boda-boda» - como aqui chamam às motorizadas-taxi - foi uma experiência radical. Os caminhos da ilha são estreitos e ladeados por capim alto. O piloto era perito o evitar motorizadas, bicicletas, pessoas e animais que disputam os estreitos sendeiros. Uma pequena cabra foi demasiado lenta e ficou a mancar da pancada que apanhou.
O mais impressionante era rodar junto ao rio, num caminho meio comido pelas águas, ou debaixo das mangueiras com ramos a rasar as cabeças… Vinte minutos de grandes emoções! Mas queremos voltar à ilha para descobrirmos a campa do nosso antepassado na missão.
Trata-se de um lugar especial para a Igreja católica. Foi em Gondokoro que os primeiros missionários se estabeleceram no século XIX. Um deles, Ângelo Vinco, repousa algures na ponta norte.
No passado, os agricultores trabalhavam a ilha e habitavam na margem direita do Nilo. A ilha durante as cheias é parcialmente inundada, o que a torna muito fértil.
Os rebeldes do Norte do Uganda começaram a chegar às portas de Juba e os agricultores de Gondokoro refugiaram-se na ilha.
A paróquia de S. José construiu lá uma capela dedicada à Exaltação da Santa Cruz. A festa foi ontem e um colega e eu aceitamos o convite de estar presentes na missa.
O pároco alugou uma lancha de metal para levar o grupo de convidados para Gondokoro: o vigário-geral, algumas irmãs, padres, catequistas, acólitos.
A viagem – um autêntico cruzeiro – demorou quase uma hora. Deu para apreciar as flores lindas e os pássaros coloridos e até dois crocodilos jovens em plano banho de sol matinal.
O motor fora de bordo parou por três vezes. O rio anda cheio de lixo e a hélice de vez em quando ficava presa. Uma sensação esquisita sentir a embarcação à deriva na corrente do grande rio enquanto o piloto tentava resolver a situação.
Quando aportámos, um grupo de cristãos recebeu-nos com cânticos e grinaldas de flores para o pároco e para o vigário-geral.
Seguiu-se a eucaristia debaixo de frondosas mangueiras. O coro esteve à altura e a assembleia participava activamente cantando e dançando. Muito mais mexida que as comunidades da cidade que deixam as despesas da animação ao coro.
A festa continuou depois da missa. O meu colega e eu, contudo, tivemos que regressar a Juba para pôr no ar a homilia do vigário-geral.
A lancha vinha mais tarde. Por isso, tivemos que apanhar boleia de motorizada até ao ponto onde pequenas canoas de madeira ligam a ilha à cidade na parte mais estreita do canal do rio. A viagem de «boda-boda» - como aqui chamam às motorizadas-taxi - foi uma experiência radical. Os caminhos da ilha são estreitos e ladeados por capim alto. O piloto era perito o evitar motorizadas, bicicletas, pessoas e animais que disputam os estreitos sendeiros. Uma pequena cabra foi demasiado lenta e ficou a mancar da pancada que apanhou.
O mais impressionante era rodar junto ao rio, num caminho meio comido pelas águas, ou debaixo das mangueiras com ramos a rasar as cabeças… Vinte minutos de grandes emoções! Mas queremos voltar à ilha para descobrirmos a campa do nosso antepassado na missão.
12 de setembro de 2007
TENSÃO
O Sul do Sudão vive dias de tensão.
No domingo, rumores em Cartum e em Juba davam o presidente do Governo do Sul do Sudão, Salva Kiir, como morto num acidente aéreo.
O Presidente Kiir teve que fazer «prova de vida» para acalmar a população. Ao fim do dia andou a circular pelas ruas de Juba numa caravana fortemente guardada pela segurança pessoal e militar. À noite, foi à TV dizer que estava vivo e que os autores dos rumores são inimigos da paz.
Na segunda-feira, Salva Kiir inaugurou a segunda sessão da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão com um discurso contundente.
«Estou preocupado porque pode ser que o Sudão poderá reverter para a guerra se não actuarmos agora com o nosso parceiro NCP», alertou o Presidente Kiir .
O NCP, Partido do Congresso Nacional, é parceiro do SPLM, o Movimento de Libertação do Povo Sudanês, no Governo de Unidade Nacional. O NCP é também responsável por todos os atrasos no cumprimento do CPA; o Acordo Global de Paz, assinado entre os líderes dos dois partidos a 9 de Janeiro de 2005 em Naivasha, Quénia.
Segundo o CPA, a linha que divide o Norte do Sul do Sudão já devia estar marcada, as tropas sudanesas deviam ter deixado o território do Sul e o recenseamento concluído. Até agora nada disto aconteceu.
Finalmente, ontem a polícia sudanesa assaltou e passou a pente fino os vários escritórios do SPLM em Cartum. As forças da ordem disseram que o exercício se integrava numa busca de armas por toda a cidade.
Os alarmes começam a soar. Há analistas que defendem que o dinheiro que o Governo do Sul do Sudão destina às suas forças armadas - 40 por cento do orçamento - não chega. É necessário mais dinheiro para a tropa nem que seja à custa dos serviços e do desenvolvimento, dizem.
No domingo, rumores em Cartum e em Juba davam o presidente do Governo do Sul do Sudão, Salva Kiir, como morto num acidente aéreo.
O Presidente Kiir teve que fazer «prova de vida» para acalmar a população. Ao fim do dia andou a circular pelas ruas de Juba numa caravana fortemente guardada pela segurança pessoal e militar. À noite, foi à TV dizer que estava vivo e que os autores dos rumores são inimigos da paz.
Na segunda-feira, Salva Kiir inaugurou a segunda sessão da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão com um discurso contundente.
«Estou preocupado porque pode ser que o Sudão poderá reverter para a guerra se não actuarmos agora com o nosso parceiro NCP», alertou o Presidente Kiir .
O NCP, Partido do Congresso Nacional, é parceiro do SPLM, o Movimento de Libertação do Povo Sudanês, no Governo de Unidade Nacional. O NCP é também responsável por todos os atrasos no cumprimento do CPA; o Acordo Global de Paz, assinado entre os líderes dos dois partidos a 9 de Janeiro de 2005 em Naivasha, Quénia.
Segundo o CPA, a linha que divide o Norte do Sul do Sudão já devia estar marcada, as tropas sudanesas deviam ter deixado o território do Sul e o recenseamento concluído. Até agora nada disto aconteceu.
Finalmente, ontem a polícia sudanesa assaltou e passou a pente fino os vários escritórios do SPLM em Cartum. As forças da ordem disseram que o exercício se integrava numa busca de armas por toda a cidade.
Os alarmes começam a soar. Há analistas que defendem que o dinheiro que o Governo do Sul do Sudão destina às suas forças armadas - 40 por cento do orçamento - não chega. É necessário mais dinheiro para a tropa nem que seja à custa dos serviços e do desenvolvimento, dizem.
11 de setembro de 2007
ANO 2000
A Etiópia prepara-se para receber o ano 2000 do seu calendário com pompa e circunstância.
O novo milénio começa amanhã às 6h00 da manhã.
Para assinalar o evento o Governo organizou o Festival do Milénio, uma mega-celebração que se estende a todo o país.
O palco das celebrações é a Sala de Concertos do Milénio onde vai decorrer um espectáculo durante toda a noite de hoje. A estrutura, junto ao aeroporto, leva 20 mil pessoas. Custou 10 milhões de dólares e daqui a meio ano vem abaixo.
Quem não conseguir entrar na sala, pode seguir o festival através de 15 ecrãs gigantes importados da China por 11 milhões de dólares. Onze ecrãs foram distribuídos pelas cidades mais importantes do país e os restantes quatro foram montados em Adis-Abeba.
A companhia eléctrica quis associar-se à festa e colocou 48 mil lâmpadas coloridas nas ruas da capital.
A Telecom etíope aproveitou a ocasião para disponibilizar 1.2 milhões de cartões SIM para telemóveis.
A Etiópia tem quase 77 milhões de habitantes segundo as estimativas de «The World Fact Book» editado pela CIA. É o segundo país mais populoso da África depois da Nigéria.
A nação etíope ocupa a posição número 170 no Índice de Desenvolvimento Humano. A tabela tem 177 países e é preparada todos os anos pelo Programa de Desenvolvimento da ONU.
O país celebra amanhã o ano 2000 porque segue o calendário Juliano, que foi substituído em 1582 pelo calendário Gregoriano.
O ano etíope tem 13 meses: 12 meses de 30 dias cada e um de cinco dias - ou seis se o ano é bissexto!
O dia etíope começa a ser contado às seis da manhã.
Feliz Ano Novo! Feliz Milénio, amigos!
9 de setembro de 2007
APRISIONADA
© JVieira
Sei...
que o que me prende
Me libertará
Passos errantes
De um estado
Aprisionado
pelas cordas da loucura
Quando o mundo gira
E eu fico quieta
Prisioneira
De mim
Esperando
Na quietude
No silêncio que escorre
Que se propaga
Nas planícies invisíveis
Que se desprendem
Enquanto
o mundo avança
Sem mim
que o que me prende
Me libertará
Passos errantes
De um estado
Aprisionado
pelas cordas da loucura
Quando o mundo gira
E eu fico quieta
Prisioneira
De mim
Esperando
Na quietude
No silêncio que escorre
Que se propaga
Nas planícies invisíveis
Que se desprendem
Enquanto
o mundo avança
Sem mim
DairHilail, em Loucuras
6 de setembro de 2007
DARFUR
KI-MOON CHOCADO COM DESLOCADOS
O Secretário-Geral das Nações Unidas disse ontem que estava «chocado e humilhado» depois da visita a um campo de refugiados perto de El Fasher, capital do Norte do Darfur.
Ban Ki-moon prometeu acelerar os esforços para trazer paz à região dilacerada pela guerra.
«Temos que trazer paz e desenvolvimento. Temos que proteger os direitos humanos. Temos que vos ajudar a todos a regressar às vossas casas e terras», Ban disse à multidão junta a um depósito de água no campo de deslocados.
De manhã, Ki-moon encontrou-se com uma delegação de deslocados internos em El-Fasher. Um grupo de mulheres tentou interromper o encontro gritando slogans em árabe contra a ONU no que parece ter sido uma manifestação orquestrada.
O chefe da ONU encontra-se hoje com o Presidente Al Bashir e com uma delegação parlamentar para discutir o processo de paz para o Darfur e no Sudão em geral.
O Secretário-Geral das Nações Unidas disse ontem que estava «chocado e humilhado» depois da visita a um campo de refugiados perto de El Fasher, capital do Norte do Darfur.
Ban Ki-moon prometeu acelerar os esforços para trazer paz à região dilacerada pela guerra.
«Temos que trazer paz e desenvolvimento. Temos que proteger os direitos humanos. Temos que vos ajudar a todos a regressar às vossas casas e terras», Ban disse à multidão junta a um depósito de água no campo de deslocados.
De manhã, Ki-moon encontrou-se com uma delegação de deslocados internos em El-Fasher. Um grupo de mulheres tentou interromper o encontro gritando slogans em árabe contra a ONU no que parece ter sido uma manifestação orquestrada.
O chefe da ONU encontra-se hoje com o Presidente Al Bashir e com uma delegação parlamentar para discutir o processo de paz para o Darfur e no Sudão em geral.
5 de setembro de 2007
DARFUR
KI-MOON TEM PLANO DE PAZ TRIPLO
O Secretário-Geral das Nações Unidas encontra-se hoje no Darfur com três planos de acção: estabelecimento da força de paz, recomeço das conversações de paz e desenvolvimento e gestão de recursos naturais.
Ban Ki-moon revelou o seu projecto para pôr termo ao genocídio do Darfur num discurso proferido ontem à tarde na Universidade de Juba, no Sul do Sudão, durante a visita de um dia que fez à cidade.
O Secretário-Geral classificou a força conjunta das Nações Unidas e da União Africana uma das missões de paz mais importante da ONU.
A UNAMID representa o compromisso da comunidade internacional para contribuir para a paz no Darfur, disse o chefe das Nações Unidas. É também o primeiro passo para parar com o conflito na região.
Ban Ki-moon sublinhou que o conflito não tem solução militar e que as partes envolvidas têm que voltar às conversações para chegarem a uma solução política através de um acordo de paz.
«Eu quero ver-nos a começar uma nova e conclusiva ronda de negociações de paz o mais cedo possível, provavelmente em Outubro», Ki-moon disse.
Finalmente, a paz no Darfur passa pelo desenvolvimento e gestão dos recursos naturais.
«Qualquer solução real para os problemas do Darfur exige um desenvolvimento económico sustentado», sublinhou o chefe da ONU.A falta de água é uma das razões para o agravamento da situação no Darfur.
O Secretário-Geral das Nações Unidas encontra-se hoje no Darfur com três planos de acção: estabelecimento da força de paz, recomeço das conversações de paz e desenvolvimento e gestão de recursos naturais.
Ban Ki-moon revelou o seu projecto para pôr termo ao genocídio do Darfur num discurso proferido ontem à tarde na Universidade de Juba, no Sul do Sudão, durante a visita de um dia que fez à cidade.
O Secretário-Geral classificou a força conjunta das Nações Unidas e da União Africana uma das missões de paz mais importante da ONU.
A UNAMID representa o compromisso da comunidade internacional para contribuir para a paz no Darfur, disse o chefe das Nações Unidas. É também o primeiro passo para parar com o conflito na região.
Ban Ki-moon sublinhou que o conflito não tem solução militar e que as partes envolvidas têm que voltar às conversações para chegarem a uma solução política através de um acordo de paz.
«Eu quero ver-nos a começar uma nova e conclusiva ronda de negociações de paz o mais cedo possível, provavelmente em Outubro», Ki-moon disse.
Finalmente, a paz no Darfur passa pelo desenvolvimento e gestão dos recursos naturais.
«Qualquer solução real para os problemas do Darfur exige um desenvolvimento económico sustentado», sublinhou o chefe da ONU.A falta de água é uma das razões para o agravamento da situação no Darfur.
3 de setembro de 2007
2 de setembro de 2007
Darfur
A SITUAÇÃO PIORA
A situação humanitária do Darfur está a deteriorar-se cada vez mais com o aumento de deslocados, da violência contra agentes humanitários e dos casos mal nutrição.
O alerta foi lançado dia 31 de Agosto por Margareta Wahlström, coordenadora substituta do Auxílio de Emergência da ONU.
De 1 de Junho a 21 de Agosto, 55 mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas aldeias. O total de deslocados desde Janeiro, no Darfur, já passou os 250 mil.
Por outro lado, dos 6,4 milhões que vivem no Darfur, 2,2 milhões são deslocados ou refugiados no Chade e quarto milhões dependem da assistência humanitária para sobreviverem.
Os ataques contra agentes humanitários aumentaram em 150 por cento, incluindo rapto de veículos, ataques a colunas de ajuda e outros actos de violência.
Margareta Wahlström disse ainda que os casos de mal nutrição ultrapassam os 17 por cento da população.
Ban Ki-moon chega amanhã ao Sudão para uma visita de cinco dias que o vai levar também ao Chade e à Líbia.
O Secretário Geral da ONU disse que quer ver por ele próprio o sofrimento dos povos do Darfur e as condições em que a força híbrida de paz da ONU e da União Africana vai operar.
1 de setembro de 2007
Solidariedade
África é a grande casa da solidariedade. Neste continente marcado por guerras e calamidades, ninguém se considera tão pobre que não tenha absolutamente nada para partilhar. Nem que seja uma mão cheia de tempo!
Há sempre lugar para mais um à volta da refeição frugal.
Há sempre lugar para mais um na cabana já à pinha pela família numerosa e pelos animais domésticos.
O Sul do Sudão onde trabalho vive uma onda histórica de acolhimento e solidariedade.
Vinte e um anos de guerra fizeram mais de dois milhões de mortos e quatro milhões de deslocados.
A paz chegou há dois anos. E com a paz o regresso. De acolhimento dos milhares de retornados que chegam em camiões, em barcaças Nilo abaixo, de avião.
Os deslocados internos e os refugiados regressam aos milhares e as suas comunidades de origem abrem alas e fazem festa. Festa genuína.
O ACNUR e parceiros dão um cabaz a cada família para os primeiros três meses. Mas são as gentes locais que dão a mão na construção do tukul, que há-de ser melhorado com o tempo. E ajudam a desbravar os matos para preparar campos.
No Darfur também era assim: pastores árabes e agricultores negros partilharam durante centenas de anos os escassos recursos naturais: água e pastagens.
Até que chegaram os senhores da guerra, os janjauid, nas asas dos cavalos e dos camelos e varreram o oeste sudanês a balas e fogo.
A boa vizinhança deu lugar ao genocídio: duzentos mil mortos, mais de dois milhões de deslocados, quatro milhões dependentes de ajuda externa, milhares de mulheres violadas…
A África é a casa da solidariedade porque é uma imensa família alargada. Desfigurada por doenças estranhas, genocídios, conflitos.
Mas também resgatada por sorrisos que acolhem, mãos abertas, corações em festa que recebem o hóspede como dom de Deus através de uma liturgia feita de gestos solidários, de partilhas e de afectos de quem se sente irmão, irmã.
E com aguardente e cerveja caseiras a rodos! Pois claro.