Iniciámos a Semana Maior com a dupla celebração do Domingo dos Ramos e da Paixão.
A bênção dos ramos, no início da liturgia, e a procissão para a igreja lembram a entrada real de Jesus em Jerusalém.
E, na minha infância, neste domingo também oferecíamos um raminho aos padrinhos, pare recebermos o folar na Páscoa: uma regueifa com ovos encrustados.
Este ano, liturgicamente falando, estamos no ano C e, por isso, lemos o evangelho de Lucas.
O médico sírio de Antioquia conta que Jesus enviou dois discípulos para soltarem e lhe trazerem um jumentinho que estava preso na aldeia em frente e que ninguém havia montado. A quem os indagar, disse para responderem: «O Senhor precisa dele!».
Foi o que fizeram.
«Trouxeram-no, então, a Jesus e, depois de terem lançado as suas capas sobre o jumentinho, ajudaram Jesus a montar. Enquanto Jesus avançava, iam estendendo as suas capas no caminho. E quando Ele já estava próximo da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou, cheia de alegria, a louvar com voz forte a Deus por todas as ações poderosas que tinham visto. E diziam: “Bendito o rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”» (Lucas 19, 35-38).
A leitura breve da oração da manhã explicou a razão para a escolha de Jesus, citando a profecia de Zacarias: «Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti; Ele é justo e vitorioso; vem, humilde, montado num jumento, sobre um jumentinho, filho de uma jumenta» (Zacarias 9, 9).
Jesus desceu de Betânia para Jerusalém montado no jeriquinho. Uma viagem de talvez meia hora.
Eis o nosso Deus: chamamos-lhe de omnipotente, omnisciente, omnipresente. Mas apresenta-se desarmado, desempoderado, humilde, montando não um ginete adestrado para a guerra, mas um modesto jumentinho. Justo e vitorioso, a caminho da paixão e morte e ressurreição, o seu mistério pascal. Que paradoxo!
Talvez Jesus não tivesse muita prática equestre, porque teve de ser ajudado a montar o pequeno asno. Mas precisou dele! E da ajuda que lhe deram...
Hoje, ele precisa de ti e de mim para sermos seus jumentinhos. Mesmo que estejamos calvos, corcundas e desdentados!
Desta feita, não é para voltar a entrar em Jerusalém – lá não há lugar para ele, mas no coração de cada homem e mulher, de cada pessoa nossa parceira do humano viver.
Tu e eu somos os jumentinhos que Jesus quer precisar para entrar nas Jerusaléns de hoje, a vida de cada pessoa amada e criada por Deus.
Somos os jeriquinhos que ele precisa quando anunciamos com a vida e, se for preciso, com a palavra, que Jesus é o rei que vem em nome do Senhor, que é paz no céu – e na terra – e glória nas alturas, o Salvador e Senhor.
Aceitas ser jumentinha do Senhor? Aceitas ser jumentinho do Senhor? Eu aceito!
Semana Maior generosa!
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