Os membros do XIX Capítulo Geral dos Missionários Combonianos escreveram na introdução à prioridade da Espiritualidade dos Documentos Capitulares 2022 (DC ’22): «Radicados em Cristo, unidos a São Daniel Comboni, vivemos um contacto constante com o Senhor na oração que se torna vida e missão, incentiva todo o nosso trabalho e as nossas prioridades, humaniza as nossas relações, motiva a nossa ação e a torna fecunda» (DC '22, 11).
Vivemos em Cristo, juntamente com São Daniel Comboni, e transformamos a oração na seiva vivificante que nos dá força para viver de modo fecundo a missão que somos e as nossas relações pessoais.
Os capitulares acrescentaram: «Sonhamos com uma espiritualidade que nos permita continuar a crescer como família fraterna de consagrados radicados em Jesus, na sua Palavra e no seu Coração, e contemplá-lo nos rostos dos pobres e na experiência vivida por São Daniel Comboni para ser missão» (DC '22, 12).
Este sonho deixou em mim uma marca indelével desde a primeira vez que li os documentos do capítulo. Nele se explicitam os ingredientes fundamentais que fazem a nossa vida espiritual: Jesus, a quem Charles de Foucault chamava «meu irmão e Senhor», a sua Palavra, o seu Coração, os pobres e a experiência de Comboni.
Na reflexão de hoje aprofundarei «a experiência vivida por São Daniel Comboni para ser missão» à luz da sua inspiradora homilia em Cartum, Sudão, quando regressou àquela Igreja como Provigário Apostólico.
A nossa família missionária é constituída por Missionários Combonianos, Irmãs Missionárias Combonianas, Missionárias Seculares Combonianas e Leigos Missionários Combonianos. Comboni faz parte do nosso nome, porque é o nosso pai e a nossa herança comum. Ele é o GPS do nosso ser missão; caminhamos sobre as suas pegadas.
HOMILIA DE CARTUM
O P. Daniel Comboni foi nomeado Provigário Apostólico para a África Central a 26 de maio de 1872. A 11 de junho, a missão da África Central foi confiada ao seu Instituto por decreto de Pio IX.
Antes, a 1 de janeiro do mesmo ano, tinha fundado o Instituto das Pias Madres da Nigrícia – as Irmãs Missionárias Combonianas – em Montorio, Verona, e no mesmo mês tinha dado início aos Annali del Buon Pastore, semente de tantas revistas e publicações combonianas nos quatro continentes que fazem dos meios de comunicação social um campo de evangelização na tradição comboniana.
A 20 de setembro de 1872, Comboni partiu de Trieste na sua sexta viagem a África. Seis dias depois estava no Cairo. A 26 de janeiro de 1873, partiu do Cairo para Cartum. A expedição inclui pela primeira vez algumas irmãs europeias. A 4 de maio, depois de 99 dias de uma longa e cansativa viagem pelo Nilo e pelo deserto, o Provigário é acolhido solenemente em Cartum. Uma semana depois, a 11 de maio, apresenta o seu projeto de missão através de uma homilia.
A prática, proferida em árabe, foi traduzida pelo P. Giovanni Battista Carcereri e publicada nos Annali del Buon Pastore.
Revisitemo-la de novo:
Estou muito contente de finalmente me encontrar de novo entre vós, depois de tantas vicissitudes penosas e de tantos ansiosos suspiros. O primeiro amor da minha juventude foi para a infeliz Nigrícia e, deixando tudo o que me era mais querido no mundo, vim, faz agora dezasseis anos, a estas terras para oferecer o meu trabalho como alívio para as suas seculares desgraças. Depois, a obediência fez-me voltar para a Europa, dada a minha enfraquecida saúde, que os miasmas do Nilo Branco em Santa Cruz e em Gondokoro tinham incapacitado para a ação apostólica. Parti para obedecer; porém, entre vós deixei o meu coração e, tendo-me recomposto como Deus quis, os meus pensamentos e os meus atos foram sempre para convosco.
E hoje, finalmente, recupero o meu coração voltando para junto de vós para o abrir na vossa presença ao sublime e religioso sentimento da paternidade espiritual, da qual quis Deus que fosse investido, faz agora um ano, pelo supremo chefe da Igreja Católica, nosso senhor o Papa Pio IX. Sim, eu sou vosso pai e vós meus filhos e como tais pela primeira vez vos abraço e estreito contra o meu coração. Estou-vos muito reconhecido pelas entusiásticas receções que me tendes dispensado: demonstram o vosso amor de filhos e persuadem-me de que quereis ser sempre a minha alegria e o meu diadema, como sois o meu dote e a minha herança.
Tende a certeza de que a minha alma vos corresponde com um amor ilimitado para todo o tempo e para todas as pessoas. Eu volto para o meio de vós para nunca mais deixar de ser vosso e totalmente consagrado para sempre ao vosso maior bem. O dia e a noite, o Sol e a chuva encontrar-me-ão igualmente e sempre disposto a atender as vossas necessidades espirituais; o rico e o pobre, o são e o doente, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre igual acesso ao meu coração. O vosso bem será o meu e as vossas penas serão também as minhas.
Quero partilhar a vossa sorte e o dia mais feliz da minha existência será aquele em que eu possa dar a vida por vós. Não ignoro a gravidade do peso que lanço sobre mim, já que, como pastor, mestre e médico das vossas almas, terei de velar por vós, instruir-vos e corrigir-vos; defender os oprimidos sem prejudicar os opressores, reprovar o erro sem censurar o que erra, condenar o escândalo e o pecado sem deixar de ter compaixão pelos pecadores, procurar os transviados sem encorajar o vício: numa palavra, ser ao mesmo tempo pai e juiz. Mas resigno-me a isso, na esperança de que todos vós me ajudareis a levar este peso com júbilo e com alegria em nome de Deus.
Sim, antes de tudo confio no teu trabalho, reverendo padre e meu caríssimo vigário-geral: em ti, que foste o primeiro que me ajudou nesta obra da missão para a regeneração da Nigrícia e o primeiro que arvoraste o estandarte da santa cruz no Cordofão e ensinaste àqueles povos os primeiros rudimentos da fé e da civilização. E também confio em vós, estimados sacerdotes irmãos meus e filhos neste apostolado, uma vez que sereis os meus braços na ação de dirigir pelos caminhos do Senhor o seu povo e ao mesmo tempo meus anjos conselheiros. E igualmente confio em vós, veneráveis irmãs, que com mil sacrifícios vos associastes a mim para colaborar comigo na educação da juventude feminina. E do mesmo modo confio em todos vós, senhores, porque sempre querereis confortar-me com a vossa obediência e docilidade às afetuosas insinuações que o meu dever e o vosso bem me aconselhem a fazer-vos.
Quanto a si, ilustre representante de S. M. I. R. A. o imperador Francisco José I, nobre protetor desta vasta missão, enquanto com prazer lhe agradeço quanto fez até agora por ela, apresso-me a exprimir-lhe a esperança de que quererá continuar a render gloriosamente a homenagem da espada à cruz, a defender os direitos da nossa religião divina, no caso de serem ignorados e espezinhados.
E agora é a vós a quem me dirijo, ó piedosa Rainha da Nigrícia, e, aclamando-vos como Mãe amorosa deste vicariato apostólico da África Central entregue aos meus cuidados, atrevo-me a suplicar-vos que nos recebais solenemente sob a Vossa proteção a mim e a todos os meus filhos, para que nos guardeis do mal e nos dirijais para o bem.
Ó Maria, Mãe de Deus, o grande povo dos negros dorme ainda na sua maior parte nas trevas e sombras da morte: apressai a hora da sua salvação, aplanai os obstáculos, dispersai os inimigos, preparai os corações e enviai sempre novos apóstolos a estas remotas regiões tão infelizes e necessitadas.
Meus filhos, eu confio-vos neste dia solene à piedade dos Corações de Jesus e de Maria, e, no ato de oferecer por vós o mais aceitável dos sacrifícios ao Altíssimo Deus, rogo humildemente que seja derramado sobre as vossas almas o sangue da redenção, para as regenerar, para as sarar, para as embelezar na medida da vossa necessidade, a fim de que esta santa missão seja fecunda para a vossa salvação e para a glória de Deus. E assim seja (Escritos 3156-3164).
Esta homilia foi proclamada há 151 anos. Tem 867 palavras na tradução portuguesa. É curta, mas muito motivadora. Continua a inspirar as missionárias e os missionários de Comboni. É parte integrante do nosso património missionário. Nele encontramos o código genético da nossa espiritualidade comboniana e do modo de ser missão.
A MISSÃO EM TRÊS TEMAS
A partir da homilia de Comboni, gostaria de refletir convosco sobre três temas:
1. A missão é aliança;
2. A missão é permanente;
3. A missão faz-se em rede.
1. A MISSÃO É ALIANÇA
A missão, à luz de Comboni, é uma aliança esponsal e martirial com Deus, com os seus missionários e com as pessoas com quem vive e a quem serve.
Comboni pronuncia na sua homilia afirmações muito fortes e profundas. Sublinho sete:
- O primeiro amor da minha juventude foi para a infeliz Nigrícia;
- Entre vós deixei o meu coração e, tendo-me recomposto como Deus quis, os meus pensamentos e os meus atos foram sempre para convosco;
- Pela primeira vez vos abraço e estreito contra o meu coração;
- Quereis ser sempre a minha alegria e o meu diadema, como sois o meu dote e a minha herança;
- Eu volto para o meio de vós para nunca mais deixar de ser vosso e totalmente consagrado para sempre ao vosso maior bem;
- O vosso bem será o meu e as vossas penas serão também as minhas;
- Quero partilhar a vossa sorte e o dia mais feliz da minha existência será aquele em que eu possa dar a vida por vós.
Estas frases fazem-me lembrar a declaração de pertença de Rute a Noemi, sua sogra: «Onde tu fores, eu irei contigo e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus» (Rute 1,16).
Esta é a pertença nupcial, este é o coração da aliança de Comboni com os africanos. Esta deveria ser a nossa própria aliança com as pessoas com quem vivemos e a quem servimos. O Papa Francisco escreveu na sua primeira exortação apostólica, o programa do seu papado, que «a missão é uma paixão por Jesus, e simultaneamente uma paixão pelo seu povo» (Evangelii gaudium, 268). Não podemos separar Jesus do seu povo. Eles são um só.
Esta aliança esponsal brota do coração: Comboni usa a palavra coração(ões) seis vezes na sua homilia. É uma aliança cordial que brota do amor: a palavra aparece três vezes no sermão. Sinto o palpitar do seu coração. Enquanto em Itália os políticos proclamavam «Roma ou morte!» a partir da segurança das suas zonas de conforto, Comboni em África dizia com a sua vida «Nigrícia ou morte!». Desafiava a morte com a sua vida. Morreu em Cartum há 143 anos. Tinha 50 anos. A sua morte é o selo do seu amor pelos africanos.
Paulo diz-nos, naquele belíssimo hino ao amor, que «ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me vale» (1 Coríntios 13,3). Uma missão sem amor é inútil!
O Cardeal José Tolentino Mendonça – poeta, místico e mestre de espiritualidade – escreveu que «não há amor se não houver excesso de amor».
Para entrar nesta relação cordial com os GUJIS, o nosso povo, temos de dizer com a nossa vida: a tua língua é a minha língua, a tua cultura é a minha cultura, a tua noção de tempo é também a minha; os teus sonhos são os meus sonhos, as tuas alegrias são as minhas alegrias, os teus problemas são os meus problemas, as tuas esperanças são as minhas esperanças; e a minha vida é tua.
É assim que exercemos o sentido de pertença às pessoas que servimos. Podem chamar-nos farenji – estrangeiro, mas, na verdade, somos farenji guji! Quando algumas pessoas expressam surpresa por eu, de alguma forma, falar guji, digo-lhes: «Eu sou guji, mas quando nasci, lavaram-me com lixívia e a minha pele estragou-se!» E rimo-nos juntos.
Por outro lado, cada vocação é um chamamento pessoal e único. No entanto, somos chamados a viver a nossa própria vocação numa comunhão de vocações: os nossos Institutos. Para vivermos a nossa aliança conjugal com os gujis precisamos de temperar a nossa vida com uma boa pitada de ubuntu, a filosofia de vida africana que afirma que «eu sou porque nós somos». Não somos agentes solitários de evangelização. Temos de recuperar «o prazer espiritual de ser povo», como diz o Papa Francisco. O Papa dedica um capítulo inteiro a este tema na Evangelii gaudium.
Comboni proclamou: «o dia mais feliz da minha existência será aquele em que eu possa dar a vida por vós». Esta é a dimensão martirial da missão: dar a vida pelo povo que se serve. Segundo a segundo, dia a dia, ano a ano.
A Igreja reconhece dois tipos de martírio: o vermelho e o branco. Aqueles que são mortos por ódio à fé e aqueles que sofrem uma morte lenta devido à sua constância quotidiana.
O martírio vermelho é o mais fácil e chama mais a atenção. No entanto, somos convidados a dar a nossa vida, a viver o dia-a-dia com as pessoas que servimos no centro do nosso coração. A permitir que sejam elas a ditar a nossa agenda diária. A enfrentar com um sorriso as dificuldades quotidianas. A permanecer no lugar mesmo quando os outros fogem. Este é o martírio branco. Não é apelativo e pode ser muito doloroso. No entanto, este era o modo de Comboni ser missão na África Central.
2. A MISSÃO É PERMANENTE
Comboni proclamou na sua homilia: «O dia e a noite, o Sol e a chuva encontrar-me-ão igualmente e sempre disposto a atender as vossas necessidades espirituais; o rico e o pobre, o são e o doente, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre igual acesso ao meu coração».
Estamos sempre em estado de missão. A missão é permanente: «O dia e a noite». Somos missionários para todas as condições meteorológicas: «O Sol e a chuva». Somos missionários cordiais para todos: «terão sempre igual acesso ao meu coração». Os que amamos ou gostamos e aqueles que, de alguma forma, não gostamos.
A missão não é um tempo parcial nem um passatempo. É o nosso respirar, o nosso viver, o nosso morrer. O serviço missionário não é apenas uma entre as muitas coisas que fazemos. Não é mais um parêntesis na nossa agenda pessoal quotidiana.
É uma disponibilidade constante para amar: «encontrar-me-ão igualmente e sempre disposto a atender» – diz Comboni. «Sempre!», sublinha.
É cordial: brota do coração da Santíssima Trindade e dirige-se ao coração do mundo inteiro através do nosso próprio coração. É missio Dei (como diz o decreto conciliar Ad gentes), não é a minha missão, não é a missão do meu instituto.
O Papa Francisco escreveu na sua primeira exortação apostólica: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar» (Evangelii gaudium 273).
A missão é ontológica: faz parte do meu ser, do meu viver, da minha identidade. Somos missionários porque amamos as pessoas com quem vivemos, sempre. Nós não fazemos missão – diriam alguns confrades: «Fare il missionario!» –, nós somos uma missão. Sempre e em todo o lado!
Somos uma missão para iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Que descrição de trabalho! Estes são os verbos com que conjugamos a missão, a sua gramática.
Francisco introduz a sua declaração com estas palavras: «A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser».
O ad gentes não é territorial: é cordial. O coração é o território da missão. A missão torna-se um encontro de corações: o coração de Deus com o coração do seu povo através do coração missionário. Somos missionários por estarmos permanentemente e totalmente no coração das pessoas, por trazê-las sempre no nosso coração.
«Nisto uma pessoa se revela enfermeira no espírito, professor no espírito, político no espírito..., ou seja, pessoas que decidiram, no mais íntimo de si mesmas, estar com os outros e ser para os outros. Mas, se uma pessoa coloca a tarefa dum lado e a vida privada do outro, tudo se torna cinzento e viverá continuamente à procura de reconhecimentos ou defendendo as suas próprias exigências. Deixará de ser povo» – conclui o Papa.
Assim, também nós somos desafiados a ser missionários no espírito, «pessoas que decidiram [...] estar com os outros e ser para os outros», sempre, sem zonas cinzentas de privacidade que condicionem a nossa opção de estar para os outros.
3. A MISSÃO FAZ-SE EM REDE
Comboni, na sua homilia programática, proclama que conta – ele diz «confio» – com o trabalho do seu Vigário-geral, dos seus sacerdotes e irmãos, das veneráveis Irmãs, dos senhores presentes e do representante do imperador austríaco.
Por outras palavras, Daniel Comboni sabe que o sucesso da sua missão como Provigário Apostólico para a África Central depende da cooperação dos seus colaboradores eclesiais, da sociedade civil – os senhores – e do poder político – o representante do imperador – que, segundo as suas próprias palavras, «quererá continuar a render gloriosamente a homenagem da espada à cruz, a defender os direitos da nossa religião divina, no caso de serem ignorados e espezinhados».
Não somos missionários no singular, nem podemos ser missionários sozinhos. Jesus enviou os Doze e os Setenta e dois, dois a dois. Precisamos de trabalhar em rede com outras pessoas – igreja local à qual pertencemos, missionários leigos, sociedade civil, agentes humanitários, líderes religiosos e membros de outras igrejas, políticos, etc. – para sermos a missão que Deus quer que sejamos.
Os DC ‘22, sobre a prioridade Ministerialidade ao serviço da requalificação, exprimem o compromisso de «aviar um diálogo e uma colaboração com as Igrejas locais para desenvolver pastorais específicas e trabalhar em rede com os movimentos populares» (DC '22, 31.4)
Hoje, como outrora, a missão é sinodal: caminhamos juntos, trabalhamos juntos, vivemos juntos, acreditamos juntos.
O plano de Comboni era um sonho de colaboração em rede de todos os institutos missionários trabalhando juntos, uma ampla coligação para preparar os africanos para serem salvadores e regeneradores de si mesmos. Infelizmente, este grande projeto não se materializou.
Comboni queixava-se do «maldito egoísmo religioso e fradesco que impera em quase todas as ordens religiosas: “A ordem e depois Cristo e a Igreja”. [...] Não é grande coisa o bem que se faz, diz o frade, se não provém da ordem» (Escritos 2387). Por isso estamos aqui: porque outros institutos não trabalharam com Comboni, ele fundou os seus dois institutos para levar por diante o projeto. Somos um monumento a esta incapacidade de pensar para além da própria ordem, de trabalhar em rede para a glória de Deus.
Hoje, a realidade é tão complexa que não somos capazes de a enfrentar sozinhos, seja na evangelização, na educação, na saúde, na assistência... Precisamos de juntar as nossas ideias, os nossos recursos e as nossas forças para sermos transformadores efetivos da sociedade. Precisamos da experiência e da força uns dos outros para sermos eficazes na prestação de serviços.
APELO À MÃE
Comboni chama à Mãe Maria «precioso alívio do missionário» (Escritos 262). Não podia deixá-la de fora da sua missão, do seu programa pastoral: dirige-se a ela no final da homilia.
Reza:
E agora é a vós a quem me dirijo, ó piedosa Rainha da Nigrícia, e, aclamando-vos como Mãe amorosa deste vicariato apostólico da África Central entregue aos meus cuidados, atrevo-me a suplicar-vos que nos recebais solenemente sob a Vossa proteção a mim e a todos os meus filhos, para que nos guardeis do mal e nos dirijais para o bem.
Ó Maria, Mãe de Deus, o grande povo dos negros dorme ainda na sua maior parte nas trevas e sombras da morte: apressai a hora da sua salvação, aplanai os obstáculos, dispersai os inimigos, preparai os corações e enviai sempre novos apóstolos a estas remotas regiões tão infelizes e necessitadas.
Esta é também a nossa oração, hoje e sempre. Amém!
Qillenso, 10 de outubro de 2024 – 143º aniversário do dies natalis de São Daniel Comboni.