O Superior Geral dos Missionários Combonianos foi nomeado bispo auxiliar da arquieparquia de Adis-Abeba, na Etiópia.
A notícia foi dada na quarta-feira, 6 de novembro de 2024, no Vaticano e em Adis-Abeba. A sua nomeação foi saudada pela Igreja da capital etíope e pela família comboniana.
Dom Tesfaye Tadesse Gebresilasie tem 55 anos. Foi ordenado padre em 1995 e serviu como missionário no Egito (onde estudou o árabe), no Sudão (encontrei-o na missão de Omdurman em 1998), na Etiópia e na Direção Geral dos Missionários Combonianos.
É licenciado em Teologia e diplomado em Estudos Islâmicos. Foi Superior Provincial na Etiópia de 2005 a 2009 e presidente da Conferência de Superiores Maiores.
No Capítulo Geral de 2009 foi eleito Conselheiro Geral e em 2015 Superior Geral, sendo reeleito em 2022.
O bispo-nomeado participou nas duas sessões do Sínodo sobre a Sinodalidade.
«Recebemos esta notícia com emoções e sentimentos mistos, entre os quais prevalece a gratidão a Deus pelo dom que nos deu até agora na pessoa do P. Tesfaye como nosso Superior Geral e como confrade», o Conselho Geral escreveu em comunicado aos confrades.
E ajuntou: «Reconhecemos que a escolha da sua pessoa também representa um dom para o serviço da Igreja particular para cujo crescimento colaboramos como Instituto».
Os combonianos têm duas comunidades em Adis-Abeba: a sede provincial e o postulantado.
Era voz corrente que o Cardeal Berhaneyesus Souraphiel preferia o P. Tesfaye para lhe suceder à frente da Igreja em Adis-Abeba.
Ambos partilham um percurso semelhante: nasceram em Harar, no leste do país, cresceram em Adis-Abeba, pertencem a uma congregação missionária (o arcebispo é lazarista).
Aliás, em 2022, o Capítulo Geral dos Combonianos foi interrompido porque o Dicastério para as Igrejas Orientais ao saber que o P. Tesfaye foi reconduzido no cargo de Superior Geral chamou-o para lhe propor que recusasse a reeleição. Queriam fazê-lo bispo para Adis-Abeba. Ele tinha dado o sim aos capitulares e manteve a decisão.
Dom Tesfaye sucedeu-me como diretor da Escola Média da missão de Haro Wato, que abri em 1995 com a colaboração das autoridades educativas do distrito to Uraga.
É um homem afável, humilde, tranquilo, próximo, consensual, espiritual. E tem medo das alturas.
Somos amigos desde 2005 quando visitei a Etiópia com dois jornalistas, colaboradores da revista Além-Mar. Além de prover transporte para visitarmos as missões no sul do país, levou-nos à nova missão de Gilgel Beles, entre o povo Gumuz, no oeste.
Quando visitou Portugal, levei-o de Viseu para o Porto através de Cinfães para lancharmos com os meus pais.
Quando chegamos à Maia olhou-me com o seu sorriso maroto e disse: «Agora entendo porque gostavas tanto das montanhas da Etiópia!». Tínhamos subido e descido o Montemuro e as Montedeiras.
É certo que o Instituto perde um grande Superior Geral e a arquieparquia – é assim que se designa uma arquidiocese do rito oriental – de Adis-Abeba ganha um grande eparca auxiliar e, muito provavelmente, um arquieparca no futuro próximo.
Uma comboniana, veterana na Etiópia, saudou a sua nomeação com uma mensagem singela: «Parabéns à família dos combonianos. Que a Igreja na Etiópia cresça e se abra na direção missionária».
Todavia, a sua nomeação representa um desarranjo grande para os combonianos que têm de eleger um novo geral e, se ele fizer parte do Conselho Geral, um novo conselheiro.
Dom Berhaneyesus tem 76 anos, mas encontra-se relativamente bem de saúde.
No ano passado teve uma crise cardíaca (que, ao que sei, foi resolvida) e podia dirigir a sua Igreja até aos 80 anos. Dava tempo a Dom Tesfaye de terminar o mandato sem sobressaltos para o Instituto.
Contudo, o Vaticano não pensa assim. Como me confidenciou o membro do Conselho Geral de outro Instituto missionário, «somos pau para as colheres sem pau».
Que o Senhor da Missão abençoe o novo serviço missionário de Dom Tesfaye.