1 de maio de 2024

MÃE PEREGRINA



 

A pastoral urbana oferece possibilidades distintas da pastoral rural. No campo, porque as famílias vivem dispersas e não há eletricidade, as atividades são diurnas e estão centradas na igreja paroquial e nas capelas. Na cidade, as celebrações fazem-se na igreja e nas casas dos fiéis.

Há dois anos, consagrámos todas as famílias católicas da cidade de Adola, uma a uma, ao Sagrado Coração de Jesus. As Missionárias da Caridade – as Irmãs de Santa Teresa de Calcutá – encaixilharam imagens do Coração de Jesus e do Coração de Maria e os padres traduzimos as orações da consagração para a língua guji. 

Cada semana visitávamos uma família, rezávamos o terço, fazíamos juntos a oração de consagração, entregávamos a oração para a continuarem a rezar, colocávamos as imagens dos Sagrados Corações na parede da sala e benzíamos a casa e os arrumos.

A celebração, em que participavam católicos vizinhos, terminava com uma pequena refeição. As famílias mais pobres preparavam café ou chá com um pedaço de pão.

A consagração das famílias ao Coração do Bom Pastor foi uma iniciativa pastoral bem sucedida. As famílias ficavam felizes por acolherem a celebração, receberem a visita das missionárias e missionários e dos vizinhos, serem consagradas a Jesus e abençoadas.

Para dar continuidade à prática da oração comunitária nos lares católicos, decidimos introduzir a reza do terço nas suas casas em vez de o fazermos sempre no bairrinho para a gente necessitada que as irmãs construíram em Adola. 

Na segunda-feira à tarde, depois das 17h00, encontramo-nos na casa da família marcada com a imagem da Senhora de Fátima dentro de um pequeno oratório de madeira, oferta de uma organização católica austríaca às Irmãs.

Depois de distribuir alguns terços de plástico, acender uma vela e dar as boas-vindas uns aos outros, iniciamos a oração do terço em língua guji. Petrós, o catequista que trabalha com as Missionárias da Caridade, preside à reza do terço. A cadência lenta e cantada da oração convida à meditação.

Cada mistério é intercalado com um cântico em guji ou amárico. 

Depois do terço, é a vez de escutar o Evangelho do dia em guji e amárico. Alguns dos presentes partilham o que a Palavra do Senhor lhes inspira. 

O padre no fim da celebração abençoa a assembleia doméstica.

Segue-se um pequeno momento de convívio à volta de uma chávena de café ou chá servida com cevada torrada ou outra comida ligeira.

A imagem da Senhora de Fátima permanece no seu oratório com a família que a acolheu até à segunda-feira seguinte, altura em que visita um novo lar. É presença maternal que une a família em oração à sua volta.

A Mãe passa de casa em casa dos seus filhos em Adola. Quando a visita chega ao fim, começa um novo ciclo. 

O Papa Francisco repetiu durante a visita a Fátima por ocasião da celebração centenária, a 13 de maio de 2017, que «Temos Mãe!» Mãe peregrina, de casa em casa, de coração em coração. Mãe dos católicos de Adola. Mãe de todas e de todos. Bendita.

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