«Que rica comida!», dissemos às professoras do jardim infantil.
As escolas pré-primárias estão no deserto, mas todos os anos organizamos um piquenique com as crianças que as frequentam. Às vezes as mães também participam.
Encontramo-nos numa das aldeias beduínas mais distantes, rodeada de paisagens formosas, penedos, areia e flores de todas as cores e fragrâncias.
«Sim, nós preparamos a comida, mas foram as meninas que fizeram as compras!», responderam.
No topo de uma colinita, sob os raios do sol, as professoras entenderam as toalhas sobre a areia e puseram a comida, bebida e guloseimas para as crianças. Um banquete requintado no meio do deserto.
Fitámo-las com surpresa e alegria.
As meninas a quem se referiram são as jovens que iniciaram o curso de bordados há apenas alguns meses.
No início, lutaram muito.
«Não volto à aula!»; «Não sou capaz!»; «Não posso...», repetiram uma e outra vez.
Entretanto, à força de insistirmos e de conversarmos com elas, um dia surpreenderam-nos. Bordaram porta-chaves tão bonitos e tão bem feitos que superaram todas as outras bordadeiras.
E daí começaram a florir.
Os porta-chaves e os marcadores de livros começaram a ser feitos com mais pormenores e perfeição. E alegria. A sua autoestima cresceu e o seu orçamento também.
Estas jovenzitas, que nunca tinham recebido uma remuneração pelo seu trabalho, partilharam o dinheiro que agora recebem com a venda dos seus belos bordados.
Com alegria e orgulho, ofereceram parte dos seus lucros para as crianças – e nós próprias! – termos uma refeição digna e abundante.
Comemos até nos saciarmos a deliciosa makluba, um prato festivo feito de arroz e frango.
As crianças são pequenas, como as flores que espreitam por entre as pedras e a areia.
Caminharam muito e continuam cheias de energia. Resistem, sorriem, brincam.
Outra memória feliz que podem entesourar.
Oh, sim: Deus faz florir o deserto e de maneira admirável e belíssima.
Obrigado, meu Deus. Que admirável que és!
Cecília Sierra, missionária Comboniana
A Ir Cecília faz parte de uma equipa de três missionárias combonianas e algumas voluntárias que trabalham com os beduínos palestinianos no Deserto da Judeia, na Terra Santa.
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