A inkutatash é o símbolo do ano novo. Uma flor silvestre amarela que pinta de alegria a paisagem da Etiópia nesta altura do ano. Nas montanhas, onde vivo, a flor desponta mais tarde.
A celebração do ano novo começa na véspera com uma grande fogueira à volta da qual se canta e dança a alegria do tempo novo prestes a chegar.
Desejam-se mutuamente «Melkam addis amet», Feliz ano novo em amárico. Ou o equivalente nas línguas vernaculares.
Para celebrar o ano novo, as pessoas alindam-se com as roupas tradicionais das respetivas culturas.
As meninas prendem inkutatash de plástico nos cabelos ou nas orelhas. Também usam a flor amarela bordada nos vestidos longos de algodão. As construções e os veículos são decorados com flores gigantes, fitas amarelas e balões, amarelos e pretos na predominância.
Os miúdos e os jovens juntam-se em bandos a cantar «Minha flor, minha flor, tu és linda» enquanto dançam e pedem dinheiro. Fazem-no de casa em casa ou nas estradas, parando o tráfego.
Os cristãos começam o ano nas respetivas igrejas. A maioria são ortodoxos. Celebram a divina liturgia na madrugada, transmitida através de altifalantes.
Depois de louvar o Senhor do tempo pelo dom de mais um ano, vão para casa celebrar à volta da mesa ou de uma travessa gigante.
O chão da sala é adornado com erva grossa da família do junco.
Carne de vaca, galinha e ovos (cozinhados em molho picante) e cerveja local são parte da ementa festiva. E café.
Porquê 2016?
Os etíopes, na maioria cristãos ortodoxos, não aceitaram o calendário universal que foi promulgado pelo Papa Gregório XIII em 1582 para corrigir algumas discrepâncias do calendário juliano, o contador em uso. A Igreja Ortodoxa Etíope segue ainda o calendário do imperador romano.
Estamos em 2016 e começarmos o ano normalmente a onze de Setembro — este ano inicia-se um dia mais tarde, porque Fevereiro tem vinte e nove dias e, por isso, o mês de Pagumé, o décimo terceiro mês do calendário etíope, tem seis dias em vez de cinco.
O calendário etíope é formado por doze meses de trinta dias, mais o Pagumé para não perder mais dias para o calendário geral.
Quando cá cheguei pela primeira vez, há trinta anos, a Etiópia auto-promovia-se como o país de «Treze meses de sol». Agora apresenta-se como «Terra das origens».
Além disso, as zero horas correspondem às seis da manhã. Mais ou menos a hora do nascer do sol.
Outras peculiaridades do Calendário Etíope: o Natal é a sete de Janeiro, o Batismo do Senhor (Timket) a dezanove do mesmo mês (este ano, celebra-se a vinte por ser ano bissexto), a Páscoa de 2024 vai ser a cinco de Maio (mais de um mês depois da Páscoa do calendário universal), a Assunção de Nossa Senhora celebra-se a vinte e dois de Agosto, a festa da Santa Cruz a vinte e oito de Setembro.
É normal que povos diferentes tenham modos diferentes de contar o tempo. Melhor: modos diferentes de celebrar o tempo.
John Mbiti, o filósofo queniano, que também era pastor anglicano, nota com precisão que «em África o tempo não se conta. Faz-se.»
Feliz Ano Novo!
Estamos em 2016 e começarmos o ano normalmente a onze de Setembro — este ano inicia-se um dia mais tarde, porque Fevereiro tem vinte e nove dias e, por isso, o mês de Pagumé, o décimo terceiro mês do calendário etíope, tem seis dias em vez de cinco.
O calendário etíope é formado por doze meses de trinta dias, mais o Pagumé para não perder mais dias para o calendário geral.
Quando cá cheguei pela primeira vez, há trinta anos, a Etiópia auto-promovia-se como o país de «Treze meses de sol». Agora apresenta-se como «Terra das origens».
Além disso, as zero horas correspondem às seis da manhã. Mais ou menos a hora do nascer do sol.
Outras peculiaridades do Calendário Etíope: o Natal é a sete de Janeiro, o Batismo do Senhor (Timket) a dezanove do mesmo mês (este ano, celebra-se a vinte por ser ano bissexto), a Páscoa de 2024 vai ser a cinco de Maio (mais de um mês depois da Páscoa do calendário universal), a Assunção de Nossa Senhora celebra-se a vinte e dois de Agosto, a festa da Santa Cruz a vinte e oito de Setembro.
É normal que povos diferentes tenham modos diferentes de contar o tempo. Melhor: modos diferentes de celebrar o tempo.
John Mbiti, o filósofo queniano, que também era pastor anglicano, nota com precisão que «em África o tempo não se conta. Faz-se.»
Feliz Ano Novo!
Tão bonito, as diferentes formas de medir o tempo. Ia a escrever "o mesmo tempo" mas não estaria certo. O tempo é sempre diferente, mesmo que medido da mesma forma... Obrigada
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