4 de outubro de 2021

A LEVEZA DA ALEGRIA





Visitei Assis pela última vez em 2015. A peregrinação começou no complexo franciscano: uma sucessão de construções erguidas a partir de 1230 à volta e por cima do túmulo de São Francisco de Assis, pobre na morte como o foi na vida: uma coluna protegida por uma grade de ferro.

Deslumbrou-me a beleza leve e alegre dos frescos tanto da basílica inferior como da superior: uma simplicidade colorida, um despojamento tecnicolor, um hino policromático à memória do Santo de Assis, o irmão menor universal que nos faz todos irmãos. Fratelli tutti.

Esta festa de alegria leve e colorida contrasta com a sobriedade pétrea, sisuda e despojada da Igreja beneditina de São Pedro, o último templo da visita. Uma construção do século X refeita no século XIII que convida ao silêncio frio, contemplativo.

O contraste arquitetónico entre as construções beneditina e franciscana é uma parábola sobre a grande revolução espiritual que a simplicidade pobre e humilde de Francisco trouxe à igreja e ao mundo. 

A leveza da alegria franciscana continua a contagiar faz mais de 800 anos em nítido contraste com a solenidade despojada, contemplativa e essencial da Regra de São Bento sumariada no ideal do ora et labora. Reza e trabalha.

 

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