A primeira foi a páscoa dos hebreus: passagem (pesach) da escravidão do Egito à liberdade da terra da promessa através da porta do mar.
A Páscoa maior foi a de Jesus: a sua passagem da morta para a vida através da porta rolada do sepulcro novo cavado na rocha de um jardim.
A nossa páscoa — a passagem do pecado à graça, do egoísmo ao amor, do eu ao tu, ao nós — e a páscoa da natureza — a passagem da exploração desenfreada ao uso sustentado através da ecologia— derivam da Páscoa de Jesus, atualizam-na.
João escreve: «nós sabemos que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte» (1 João 3, 14).
O Amor é a porta maior que dá acesso a paisagens de vida sempre novas. O amor redime-nos. Humaniza-nos.
O olhar cínico da vida repete que o amor é para os românticos, os frouxos; o que conta sou eu — em inglês até se escreve com letra maiúscula, a expressão mais exaltada do euismo. O que move o mundo é o meu bem-estar.
A ressurreição de Jesus — que foi morto porque nos amou até ao fim com um amor extremado — rasga passagens novas de vida no horizonte do humano viver: devolve-nos uns aos outros para nos dar a Deus.
Celebrar a Páscoa, sentir a vida a florir dentro de nós, ser parte deste enorme concerto de vida que é a Primavera, é amar.
O amar é gramática de Páscoa, modo de conjugar a vida.
Na hora da verdade só o amor redime, salva, ressuscita.
O amor não é sentimento etéreo, nebuloso.
O amor é artesanal, feito de pequenos gestos concretos, obras de arte ao outro e à natureza (que é a nossa casa comum, a nossa irmã, a nossa mãe).
Porque amamos, vivemos, viverão!
Porque amamos celebramos a Páscoa!
Porque amamos cantamos aleluia!
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