Irmã Clarisse Neves da Conceição – Missionária comboniana
Soito 27.11.44 – Lisboa 2.12.2020
Aos 76 anos de idade, o Senhor chamou a irmã Clarisse, depois de vários anos de sofrimento causado pela doença de Alzeimer. Visitei-a a última vez, já numa casa de saúde, em setembro de 2019. Nessa altura, apesar de não me reconhecer ainda cantou o fado com as palavras: “o meu destino é ser missionária”, em vez de “o meu destino é ser monge!” do cantor Hermano da Camara.
Nasce de uma família humilde com 8 irmãos, 4 rapazes e 4 raparigas. Uma família sã e feliz onde se respira Deus. Um lar de gente com talento. O pai era o carteiro e conhecia todas as pessoas da aldeia com mais de 3.000 habitantes.
Entra nas Missionárias Combonianas e faz os primeiros votos em 1972. Depois de alguns anos de preparação é destinada a Moçambique onde viveu a maior parte da sua vida, em tempos de grande sofrimento como tempo da guerra civil e em tempos de paz, depois do fim da guerra e do tempo de reconstrução do país completamente destruído no fim da guerra em 4 de outubro de 1992. Tive a graça de viver com ela a mesma missão e partilhar da sua alegria.
Em breves palavras, direi que a irmã Clarisse teve três grandes paixões na sua vida: jesus cristo, comboni e a missão. Foram estes os amores que a nortearam, lhe deram sempre uma grande alegria e causavam grande emoção na sua vida. Ela será recordada sempre pelo seu modo simples e descontraído de se aproximar das pessoas, para transmitir o Evangelho da vida sobretudo às mulheres moçambicanas e aos leigos a quem dedicou todas as suas energias. Tinha um caracter alegre e bem-disposto, atento e disponível. Era favorecida por um grande sentido de humor que a ajudava a ultrapassar tantas dificuldades próprias da missão.
Desde 1974 até 2014 esteve sempre em Moçambique embora com alguns períodos de formação ou trabalho na Itália ou em Portugal. A terra moçambicana e o seu povo tinham cativado o seu coração de um modo especial. Falar de Moçambique fazia-a saltar de alegria e emoção.
Era uma pessoa livre, alegre, gostava de cantar, sobretudo o fado. E este carisma nunca a abandonou mesmo na doença. Numa das últimas visitas que as irmãs combonianas lhe fizeram na casa onde se encontrava, ainda cantou o Ave de Fátima com a mesma emoção de uma jovem que canta para a sua querida mãe.
Clarisse consumiu a sua vida ao serviço do Reino, sempre com muita paixão e alegria. Ela descansa agora no abraço materno de Deus. Estamos certos de que continuará a cantar o fado a Maria, o seu fado missionário, espalhando alegria no Céu e na terra. Que a sua intercessão juntamente com Comboni desperte muitas e santas vocações missionárias nos jovens moçambicanos e portugueses.
P. Jeremias Martins (Vigário geral dos Missionários Combonianos)
Os Combonianos ainda mexem comigo… e fico com borboletas na barriga de saber da generosidade e da solidariedade de tantos que a tantos se dedicaram e dedicam.
ResponderEliminarNão tivesse eu os conflitos que tive com Deus e também teria sido missionário. Mas o ‘bichinho’ da humanidade ficou, mesmo sem Deus.
Abraço Padre Jeremias
Norberto Manso
Fica aqui registado para mim e muitos que não tiveram a honra e o privilégio tal como o Padre Jeremias de conviver e partilhar momentos de missão e de convívio com a irmã Clarisse,
ResponderEliminarPelo testemunho que o P.Jeremias nos deixa, ficamos a conhecer melhor as grandes qualidades da irmã Clarisse ,que dedicou tal como tantas outras missionárias e missionários a sua vida áquelas/es que mais precisam ,num mundo em que muitas pessoas se preocupam mais com os bens materiais e com o seu ego do que com a partilha e a solidariedade.
Deus resolveu chamá-la para junto de si, mas certamente a sua vida de dedicação e amor pelos que sofrem colherá frutos, e as sementes nascerão,para que muitas mais vidas possam ser ajudadas, até que um dia toa a gente possa viver com um mínimo de dignidade.
Obrigado irmã Clarisse por tudo o que nos deixou de bom, estando certo que terá reservado um lugar muito próximo de Deus Salvador, intercedendo junto dele e de sua mãe por todos os que sofrem neste mundo!
Só depois de publicar o comentário anterior vi que faltava o nome;-Silvestre Rito!
ResponderEliminarAgora cantão fado para deliciar todo o céu!
ResponderEliminar