16 de agosto de 2020

EXISTÊNCIAS CONFISCADAS


O confinamento, o esforço coletivo para conter o alastrar da pandemia do novo coronavírus e proteger os mais vulneráveis, foi um fechamento difícil e problemático. Mas representou um tempo de criatividade produtivas para escritores, músicos e outros artistas.

José Tolentino Mendonça acaba de publicar a sua própria reflexão sobre o confinamento na obra O que é amar um país - o poder da esperança com a chancela da Quetzal.

O livro abre com o discurso memorável, magistral do Dez de Junho, que dá o título à obra, e um ensaio com o subtítulo do livro.

A terceira parte, Do tempo da calamidade ao tempo da graça, é composta por uma dúzia de textos curtos, uma reflexão criativa, contemplativa, poética, lúcida sobre a pandemia global, os seus desafios imensos e as inúmeras oportunidades que abre.

O Cardeal Mendonça define o confinamento como «confiscação da existência».

Resiliência é, para ele, a palavra-chave que abre a nova normalidade.

«A presente pandemia começou por ser enfrentada como um assunto sanitário, mas evidentemente reclama que a interpretemos de um ponto de vista mais alargado, como uma encruzilhada civilizacional», sublinha.

E pergunta: «A União Europeia terminará como um monumental museu de boas intenções que se afunda ou esta será precisamente a estação do seu relançamento?»

O autor desenvolve muitas pistas de reflexão para o tempo estranho que vivemos globalmente com a lucidez que o caracteriza, um tempo difícil, prenhe de promessas.

Vale a pena remoer o último parágrafo da obra: «Este também é o tempo para descobrir a beleza de que cada um de nós pode ser protagonista: a beleza do cuidado e da compaixão. Este é o tempo em que o coração humano precisa de ser consolado — há tantos corações humanos que precisam de ser consolados! Não pensemos só no nosso coração».

Uma leitura obrigatória para as férias.

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