22 de dezembro de 2019

NATAL É FRATERNIDADE


“Porquanto um menino nasceu para nós, e o seu nome é: 
Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai Eterno, Príncipe da paz. 
Todos nele se sentirão abençoados; todos os povos o hão-de bendizer!!
(Is 9,5; Sl 72,17) 

Prezados Confrades, 

Em nome da Direção Geral e do Instituto desejamos-lhes um Santo Natal e um Ano novo repleto de graça missionária. 

Contemplar o mistério da encarnação de Deus na nossa história é fazer memória de um Deus que se manifestou com um rosto humano concreto, nascido num determinado tempo e lugar. A sua encarnação indica-nos que a salvação passa através do amor, do acolhimento, do respeito por cada pessoa na sua diversidade étnica, de língua, cultura, mas todos irmãos e humanos. 

O Ano da Interculturalidade que temos vivido, refletido, rezado e celebrado confirma que as nossas diferenças não são um mal ou um perigo, mas uma riqueza. É como o artista que quer fazer um mosaico: precisa de ter à disposição muitas pedrinhas de muitas cores e não o contrário. Assim somos nós, na nossa individualidade e na nossa diversidade, um cenáculo de apóstolos como dizia São Daniel Comboni: “Este Instituto torna-se, pois, como um pequeno cenáculo de apóstolos para a África, um ponto luminoso que envia até ao centro da Nigrícia tantos raios quantos os solícitos e virtuosos missionários que saem do seu seio” (E 2648). 

A comunidade, o cenáculo, é o projeto, maneira de ser, realização, mas o objetivo é o Reino, entendido como um modo de vida completamente novo, entre as pessoas mais necessitadas. Comboni fala de raios que emanam do centro do cenáculo e brilham, levando o calor onde é necessário. 

Dessa comunidade que vive como cenáculo de apóstolos é que emanam os raios luminosos do testemunho da nossa vida, da nossa fé e que é a luz do Menino Jesus que recebemos como dom, e o levamos a todos os povos através do serviço missionário que realizamos como Instituo, na Igreja. É o ardor do coração do Bom Pastor que atinge a humanidade inteira levando o calor aonde for preciso, aos mais pobres e abandonados. 

É o testemunho da “nova criação, novos céus e nova terra onde habita a justiça, que justificando cada pessoa pela graça, os torna irmãos, abolindo as fronteiras, os muros, o ódio... Em Cristo não existe mais estrangeiros ou hóspedes, mas todos co-herdeiros e co-participantes da mesma graça: o dom do seu Espírito, com o qual Deus cria a humanidade nova, uma humanidade imensa que ninguém podia contar, composta de pessoas de «todas as nações, tribos, povos e línguas», que reconhecem que a salvação pertence a Deus (não a uma instituição) e ao Anjo (Ap 7,9-10). É o fruto maduro do dom do Espírito doado em Pentecostes” (Carta sobre interculturalidade). 

Sem este dom da fraternidade que o Menino Jesus nos trouxe, os nossos esforços por um mundo mais justo têm o pavio curto, e os projetos bem organizados correm o risco de se tornarem estruturas sem alma. Por isso, o nosso desejo de um Feliz Natal é um desejo de fraternidade. Fraternidade entre as pessoas de todas as nações, culturas, línguas, povos. Fraternidade entre nós. Fraternidade entre pessoas capazes de se respeitarem e de escutarem umas às outras. 

Que este Natal nos faça redescobrir os laços de fraternidade que nos unem como seres humanos a todos os povos. Que o Senhor encontre nos nossos corações uma casa acolhedora, a Casa Comum, disposta a deixar que a habite sempre para acolher a todos. Que Ele seja a Luz que guia os nossos passos no nosso caminhar em direção aos irmãos. 

Boa Festa de natal a todos. 

Conselho Geral

8 de dezembro de 2019

OBRIGADO!


Nestes seis anos de serviço missionário como provincial disse e escrevi muitas palavras. Kalamta ketir, dizem os árabes. Mas há uma que tenho que repetir sem parar: OBRIGADO!

Primeiro, obrigado ao Deus unitrino, porque esteve sempre comigo de tantas formas e através de tantas encarnações. De facto, «de tudo sou capaz naquele que me dá força» (Filipenses 4, 13). Esta frase de Paulo condensa a minha experiência de vida desde os votos perpétuos em maio de 1986 e ganhou novos matizes neste sexénio.

Depois, obrigado a cada um dos coirmãos pela confiança depositada em mim através da eleição para um cargo que não queria, pelos conselheiros que me deram, pela cooperação imensa nestes seis anos de liderança. Foi um serviço sinodal: caminhámos juntos à procura de respostas para os apelos do Espírito, o ator da missão, à Província.

Aceitei a vossa escolha com muita trepidação e em obediência. E vivi seis anos muito interessantes, de crescimento, de descoberta, em saída. Finalmente, tive o tempo que tantas vezes ansiei para ler, pensar, aprofundar, rezar, ser, estar…

Houve horas difíceis, mas também senti solidariedade e preocupação pelo bem comum.

Peço desculpa por nem sempre ter estado à altura da responsabilidade que me confiastes. Sei que nem sempre tive a disponibilidade afectiva para ser um irmão maior presente e próximo e por isso peço a tua misericórdia.

No momento em que escreve este bilhete de agradecimento não sei o que o Conselho Geral me tem reservado. Os irmãos maiores sabem que o meu coração quer voltar à Etiópia e que não gostaria de ir para Roma.

Toca-me muito a palavra do Senhor a Abraão: «Deixa a tua terra, […] e vai para a terra que Eu te indicar. […] Abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos» (Génesis 13, 1-2).

Vai e serás abençoado, serás bênção!

Foi assim na Etiópia, no Sudão do Sul e em Portugal. E vai ser assim, com certeza, onde a Trindade Santa me enviar a participar da sua única missão. Mesmo em contraciclo: quando queria ir para o Sudão, mandaram-me para a Etiópia; quando pensava regressar à Etiópia, propuseram-me o sul do Sudão. Fui e não me dei mal!

Por isso, vou acolher com alegria a «obediência» que o Senhor da missão me dá através do Conselho Geral. Primeiro, contudo, tenho que «recauchutar» a anca esquerda. Espero que o processo seja rápido!

Aproveito para te desejar Boas Festas de um Santo Natal e de um 2020 abençoado. Sabias que a manjedoura mais apropriada para o Deus-Menino nascer é o teu coração? Escancara-lho!

Dou os parabéns ao P. Fernando Domingues por ter sido escolhido e nomeado superior provincial a partir de 1 de janeiro de 2020 e peço que o Espírito do Senhor o assista neste novo serviço-chave.

Durante estes anos passei muitas vezes um a um os nomes dos membros da Província em frente ao Santíssimo para agradecer e abençoar. É nesse espírito que invoco a bênção de São Daniel Comboni: «Sempre peço ao Senhor por vós, pela vossa felicidade, pela vossa harmonia, por vossas almas, por vossos corpos. É a prece mais espontânea e sincera que me pode sair do coração» (Escritos 675).

Reza também por mim.

E, já agora faz-me um favor: não deixes que te roubem a alegria de seres missionário comboniano! Hoje e sempre. Amen.

6 de dezembro de 2019

ONDE O BACALHAU É REI



O Natal ainda vem longe mas, aqui e além, ouço dizer que já vem perto, que está mesmo a chegar. É uma quadra do ano em que, por vezes não podemos senão dar espaço à mente e à imaginação em busca de beleza, brilho e contemplação. Lá fora, na rua, apesar do frio, gente pára a admirar os enfeites, as luzes coloridas e as vidraças carregadas de montras. E a neve lá está, real ou imaginária, ao alcance do olhar ou mesmo debaixo dos pés. No aconchego e quentinho de casa, a família deseja reúne-se à volta da mesa tradicional onde o bacalhau é rei e superabundam guloseimas e doces. E uma boa pinga também não poderia faltar. Traz-se o pinheirinho e segue-o, de perto, o pai natal de barbas brancas com o baú das prendas. Por fim, vem a figura singular e exótica dos reis magos que, atravessando o deserto, chegarão a Belém, montados em camelos… Bem, mas, para tal, no país onde me encontro como missionário, o Sudão, nem preciso de imaginação: o deserto e os camelos são cá de casa.

«E o Menino? Um Natal cheio de tudo sem, sequer, O mencionar? Que gralha!» Parece que já estou a ouvir o teu murmúrio. Mas, ainda bem, pois, dessa maneira, puseste-o à vista, o qual era, precisamente, o meu desejo. Entraste, em cheio, no tema. Parabéns! Na verdade, o Nascimento de Jesus é a base de tudo o que, porventura, se venha a dizer ou fazer à volta do Natal. As tradições e os costumes que se criaram ou se vão criando, no tempo e no espaço, contribuem para vivermos as festas natalícias com bom espírito. No entanto, ao que vejo e não vejo, cada vez fico mais convencido de que, com o Natal tão secularizado deste nosso tempo de hoje, há o perigo de andar só pela rama, fazendo excelentes celebrações, acabando por chamar Natal àquilo que, realmente, não é. Porque falta o essencial. Falta o festejado. Falta o Menino Jesus.

Sou apologista da alegria completa e bem festejada. Mas que dizer de um presépio que ostenta, porventura, uma gruta admirável se o Menino não passa de uma frágil estatueta que não impressiona nem mexe com a nossa vida? A propósito, permito-me contar o que há uns anos atrás me aconteceu em Nyala, Darfur, com um grupo de jovens amigas e amigos reunidos à volta do presépio. A um dado momento, abaixei-me, peguei no Menino Jesus e, voltando-me para eles, disse: “nasceu para mim e para ti. Mas Ele não quer que fiquemos encantados e distraídos a olhar para a sua figura. Jesus tem o caminho marcado pelo Pai. Caminhemos com o Menino do Natal. Quanto a mim, foi por isso que eu vim para o Darfur e me encontro aqui hoje no meio de vós.”

Uma jovem, de nome Miriam, simpatizante cristã que, num futuro próximo deseja receber o Baptismo reagiu, confusa. A sua voz soou-me quase como uma repreensão: «Abuna, padre, foi realmente por isso que tu saíste da tua terra? Custa-me crer que, lá no teu país, o Natal não seja muito mais divertido do que aqui, no Sudão». E, quase querendo mostrar o que sabia a respeito te tão sagrado tema, continuou: «Pois deixa que te diga, eu tive ocasião de ver festas de Natal num programa de Televisão… lindo de verdade, coisa impossível de realizar aqui no nosso país. Não tenho bem a certeza, mas parece-me que também havia um Menino Jesus lá nesse show televisivo».

A reacção de alguns do grupo foi evidente: a Miriam estava longe de saber o que significa o verdadeiro Natal cristão. Da minha parte, compreendo que ela, não sendo cristã, tenha falado do seu Natal como um show que encontrara num qualquer canal televisivo. Mas ficaria realmente triste e preocupado se aquelas mesmas palavras viessem da boca de um cristão. Naquele mesmo instante, os meus olhos toparam com Henry, um seminarista de teologia, sudanês. Adivinhei no seu rosto um ar de reflexão, quase preocupante. Não me foi difícil ler o seu pensamento imediato. Conhecia-o como um jovem de fé responsável. Que sentimentos despertaria nele esta festividade cristã tão distintiva? Hesitou um momento mas, por fim, revelou o que lhe ia no coração:

«Quando era ainda catraio, gostava de ouvir os meus pais contar-me a história do nascimento de Jesus com todos os seus pormenores. Era um tema que a minha mãe repetia frequentemente, dando a impressão de que isso era tudo e só o que ela sabia e tinha para me ensinar. Mais tarde, no seminário, soube que a celebração da Páscoa é, sem dúvida alguma, superior à festa do Natal. E também fiquei a saber porquê: é que a Ressurreição é o tope e o máximo da fé cristã. Um dia, contei-lhe esta minha majestosa descoberta. E da sua boca saíram palavras de sabedoria que, até hoje, guardei com carinho. Foi então quando me disse que a Páscoa da Ressurreição é, de facto, a base da nossa fé, mas não podemos, tão-pouco, negar a importância do Natal. Jesus não poderia ter ressuscitado, se não tivesse morrido. E não poderia ter morrido, se não tivesse nascido.»

Os jovens manifestavam interesse em escutar o Henry que, entretanto, concluiu, citando palavras de sua mãe: «Meu filho, celebra o nascimento de Jesus, o Natal, com toda a solenidade, pompa e alegria. Mas nunca percas de vista o Menino de Belém que sua mãe Maria pousou no berço-manjedoura. Acompanha-o sempre nas suas palavras e obras… até ao dia em que irá morrer na cruz e nos conduzirá à Páscoa da Ressurreição. Desculpa se te fiz esperar até hoje para ouvires esta suprema verdade. A minha demora, propositada, sobre este assunto, foi para que fixasses bem na tua mente que Jesus, verdadeiramente, nasceu neste nosso mundo e, como ser humano, se encaminhou para a morte e ressurreição. Porque há pessoas, meu filho, que negam a encarnação de Jesus. Negam a sua humanidade. Negam o Natal.»

Não conheci a mãe do Henry mas revejo-me nas suas palavras. Deus encarnou em Jesus. Humano entre os humanos, Ele caminhará até chegar ao grande dia, aquele domingo, em que a manjedoura se transformou em túmulo. Um túmulo vazio. E, naquele mesmo instante, a Páscoa aconteceu.

Nasceu para mim e para ti. Para todos. Ai de nós, se perdermos de vista o Menino da manjedoura. Caminhemos com Ele para a meta do domingo de Páscoa, onde a Salvação nos espera. É por essa razão que os missionários partem. Para convidar os seus semelhantes a caminhar os caminhos da Salvação que o Natal, junto com a Páscoa, nos oferece. Verdadeiramente, na alegria do Natal já entrevemos e avistamos a alegria da Páscoa.
Feliz da Costa Martins 
Padre missionário comboniano 
El Obeid, Sudão

4 de dezembro de 2019

ADEUS MALÁRIA?


A malária pode ser erradicada se houver boa vontade.

Quando pensamos em animais perigosos, evocamos leões, leopardos, búfalos, hipopótamos, rinocerontes e afins. Contudo, o animal mais feroz é o minúsculo mosquito, responsável pela morte de 725 mil pessoas por ano através da transmissão por picada de doenças como a malária e a dengue.

A malária ameaça 3,4 mil milhões de pessoas em 97 países. A fêmea de cerca de 40 espécies do mosquito anófeles é o vector do parasita plasmódio que leva a malária de pessoas para pessoas por meio da sua picada. O parasita mais agressivo é o plasmódio falciparum, responsável pela maioria dos casos fatais da doença.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde reportou 219 milhões de episódios de malária em 87 países. Faleceram com a doença 435 mil pessoas, a maioria crianças com menos de cinco anos. A malária mata uma a cada dois minutos. Noventa por cento dos casos ocorrem em países africanos e quase três quartos dos episódios estão localizados em dez países a sul do deserto do Sara (Burquina Faso, Camarões, Gana, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, República Democrática do Congo, Tanzânia e Uganda) e na Índia.

Portugal teve malária endémica até 1950, sobretudo nas bacias dos rios Mondego, Sado e Águeda. O aquecimento global pode trazê-la de novo. Em português usamos duas palavras para designar a doença: malária (que vem do italiano e refere-se ao mau ar das águas paradas onde os mosquitos se multiplicam) e paludismo (do latim palude, paul ou pântano). Chama-se sezão (ou sezões) à febre provocada pela malária.

A malária atinge grandemente a economia dos países afectados, porque atinge a força de trabalho e gasta a fatia de leão dos orçamentos para a saúde.

Até 2000, o combate à malária esteve estagnado, porque é uma doença dos países pobres sem grandes recursos económicos. Na viragem do século, os casos de malária começaram a baixar significativamente devido ao financiamento de meios profilácticos. A Fundação Gates tem financiado a investigação. Em 2017, foram registados mais três milhões de casos que no ano anterior.

O combate à malária passa sobretudo pela prevenção. Dois meios importantes: a desinfecção de águas estagnadas com insecticidas (o DDT foi muito usado) e o uso das redes mosquiteiras para proteger as pessoas durante o sono (porque o anófeles é activo sobretudo ao anoitecer e de madrugada). Organizações não-governamentais têm distribuído milhões de redes tratadas com insecticida (que às vezes acabam na pesca).

O parasita tende a ganhar resistência às terapias. Por isso, as vacinas são uma linha fundamental no combate à malária. Neste momento, há organismos (incluindo portugueses) com trabalhos de investigação adiantados em relação a uma vintena de vacinas para prevenção da malária. Gana, Quénia e Maláui já estão a usar a RTS,S, a primeira vacina para crianças.

Outras soluções mais tecnológicas – como a da Microsoft – passam pelo uso de drones com armadilhas para apanhar mosquitos que, aliados à biologia molecular, podem detectar surtos de malária e actuar antes que o problema afecte a saúde pública.

Os odores são outra linha de investigação. Os mosquitos são atraídos pelo cheiro das pessoas afectadas pelo parasita, mas parecem detestar o odor das galinhas que podem ser um repelente natural dos mosquitos.

30 de novembro de 2019

NOVO BEATO COMBONIANO


O Papa Francisco autorizou o Prefeito da Congregação da Causa dos Santos a publicar o decreto sobre o milagre atribuído à intercessão missionário comboniano padre José Ambrosoli.

Na mesma audiência o Cardeal Angelo Becciu apresentou os milagres de um beato e de outro servo de Deus e o martírio de 16 católicos durante a guerra civil de Espanha e de um padre polaco nos anos 40 do século passado.

A publicação do decreto sobre o milagre abre as portas à beatificação do médico da caridade.

José Ambrosoli nasceu em Renago, Itália, e entrou para os combonianos em 1951 depois de frequentar um curso de medicina tropical em Londres.

Foi ordenado em Dezembro de 1955.

Partiu para o Uganda em 1956 com 32 anos, mês e meio depois da ordenação.

Começou por trabalhar em Gulu, no norte do Uganda, entre o povo Acholi.

Em 1961 foi transferido para Kalongo, na mesma região.

Ali fundou o hospital que serviu como médico-cirurgião por mais de 30 anos.

«Deus é amor, há um próximo que sofre e eu sou o seu servo», dizia Ambrosoli.

As pessoas chamavam-lhe «doctor ladit», o grande médico.

Faleceu a 27 de março de 1987, em Lira, depois de os soldados o terem forçado a evacuar o hospital devido à guerra civil.

Tinha 65 anos.

O hospital de Kalongo foi reaberto dois anos depois com o nome de Dr. Ambrosoli Memorial Hospital.

Há mais três combonianos na linha da beatificação: o bispo António Roveggio, sucessor de São Daniel Comboni, os padres Bernardo Sartori e Ezequiel Ramin e o Ir. Josué Dei Cas.

27 de novembro de 2019

BUTEMBO: CIDADE MORTA, PARALISADA


Em Butembo, hoje, é mais um dia de «cidade morta e paralisada».

Trata-se de mais uma acção de protesto marcada por uma associação cívica contra os massacres na cidade-gémea de Beni, que fica a 50 quilómetros de distância, e especialmente contra a presença das tropas das Nações Unidas (MONUSCO) nesta região.

A associação cívica e alguns analistas acusam os capacetes azuis de não agirem com determinação contra os grupos armados que matam e trucidam todos os dias os habitantes das zonas agrícolas da região de Beni (Kivu-Norte, República Democrática do Congo) e da própria cidade de Beni.

Em Beni, as jerarquias militares da ONU dizem duas coisas:
  1. a operação militar «de grande envergadura» proclamada em outubro pelas autoridades militares congolesas foi organizada e executada sem que os militares da MONUSCO tenham sido informados e menos ainda convidados para a planificação e a execução;
  2. há uma campanha de desinformação contra a MONUSCO lançada por indivíduos ou organizações interessados em provocar ainda maiores desastres.
Os militares da MONUSCO são também acusadas de participar na rapina dos minérios estratégicos da República Democrática do Congo (tântalo, cobalto...) e na violação de mulheres, prática trágica de que são responsáveis quer o exército nacional quer os grupos terroristas nacionais e estrangeiros.

Há mais de mil razões para marchas e outras ações de protesto.

Na foto, estou com uma missionária comboniana, em Beni, numa manifestação da Igreja Católica para que a memória das vítimas dos incessantes massacre sacuda o país e o estrangeiro.

Nos braços da Cruz está escrito «Beni-Cidade e Território». Na vertical: «Em memória dos massacrados».

É escandaloso o silêncio do Estado congolês e dos meios de comunicação internacionais...

Entretanto, membros do Governo congolês e comandantes militares convidaram para a cidade de Goma os seus parceiros das Nações Unidas, do Rwanda e do Uganda para combinarem a eliminação dos grupos armados que, deste país, destabilizam os vizinhos.


O Governo de Tshisekedi prepara a repartição país pelos seus vizinhos. A indignação popular é grande.
P. Claudino Gomes 
RD do Congo

21 de novembro de 2019

SIMPLIFICAR É PRECISO



O Papa Francisco escreve na introdução do Motu próprio Communis vita que «a vida em comunidade é um elemento essencial da vida religiosa».

Esta é uma afirmação com que todos estamos de acordo, mesmo que alguns a vivam como uma penitência maior.

Digo mesmo que a vida comum, a vida fraterna é o quarto voto que não é pronunciado mas que é vivido dia após dia e é o mais trabalho nos dá!

Para os nossos fundadores a vida em comum era fundamental. Chamavam-lhes nomes diferentes. O meu, Daniel Comboni, descreveu a comunidade como «cenáculo de apóstolos».

É o modo como vivemos juntos a senhoria de Deus nas nossas vidas que atrai ou repele os jovens da nossa – para muitos estranha – forma de vida.

O que estamos mesmo a precisar é de um «simplex» para avida comum. Deixar de ritualizar o viver juntos e em vez disso humanizar a nossa vida fraterna para nos sentirmos mais humanos e, por conseguinte, mais divinos.

A nossa vida fraterna comum deve ser um Evangelho vivo, um Evangelho aberto para os nossos contemporâneos que sofrem de iliteracia religiosa. Viver o novo céu e a nova terra que todos esperamos na dinâmica do advento que se entrevê.

O P. José Cristo Rey García Paredes escreveu a obra É possível outra comunidade sob a liderança do Espírito.

Propõe-nos transformar a vida em comum na participação da dança eterna da Trindade Santíssima com graça e arte, a dança divina da missão – uma alegoria que arrebatou a minha imaginação.

15 de novembro de 2019

AMAZÓNIA: NOVOS CAMINHOS DE CONVERSÃO



O Papa Francisco surpreendeu ao convocar umo Sínodo Especial para a Amazónia sob o tema «Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral».

O evento decorreu no Vaticano de 6 a 27 de outubro de 2019.

O Documento Final, apresentado pelos padres sinodais ao papa, apresenta os caminhos novos através como conversão em cinco andamentos: da escuta à conversão integral, e novos caminhos de conversão pastoral, cultural, ecológica e sinodal.

O documento tem 120 propostas, curtas e muito práticas, na linha do Instrumento de Trabalho.

O debate pós-sinodal está a centrar-se demasiado sobre as questões da ordenação presbiteral de diáconos permanentes casados e de diaconisas enquanto a grande novidade está na conversão como caminho de renovação eclesial.

A ordenação de homens casados é, a meu ver, uma falsa questão, porque a Igreja latina já tem muitos padres nessas condições. São normalmente padres anglicanos que não quiseram partilhar o altar com mulheres ordenadas e foram recebidos e re-ordenados na Igreja Católica.

Os católicos dos ritos orientais podem escolher entre o sacerdócio solteiro – de onde se elegem os bispos – ou casado como os das comunhões ortodoxas.

Os padres sinodais colocaram a questão na perspectiva correta: é mais importante possibilitar regularmente a Eucaristia e os outros sacramentos às comunidades remotas que têm a visita de um padre uma vez por ano ou a disciplina do celibato? A Eucaristia é a fonte e o cume da vida cristã e um direito de cada baptizado. O celibato – a promessa de ficar solteiro – é uma disciplina na Igreja Romana.

A questão do diaconado feminino continua em aberto à espera de novas reflexões. Não me parece que seja implementado a curto prazo.

Importa sim é reconhecer o papel essencial da mulher leiga e consagrada na vida quotidiana das comunidades sem padre residente. Esta é uma novidade do sínodo: oficializar essa realidade. O documento fala não só do reconhecimento dessas lideranças como da necessidade de as mulheres integrarem os órgãos de decisão e de governo da Igreja.

O documento giza um diagnóstico muito sombrio da situação da Amazónia, um território partilhado por nove países e com quase 34 milhões de habitantes: o «coração biológico» da humanidade está afectado por uma dramática situação de destruição de territórios (já perdeu 17 por cento da floresta) e dos povos, sobretudo os indígenas (nº 10).

Propõe uma conversão integral (nº 18) que parte da relação pessoal com Jesus para mudar as relações interpessoais e com a casa comum e propõe a definição de «pecado ecológico» (nº 82), outra novidade.

O documento dá voz à aspiração de uma Igreja com rosto amazónico, uma igreja indígena audaz com ministérios, ministros e ritual próprios expresso na linguagem local através da encarnação do Evangelho nas culturas autóctones.

Reconhece o lugar das religiosas, religiosos e congregações como equipas missionárias itinerantes que vão fazendo caminho e propõe a passagem da pastoral das visitas à presença mais permanente sobretudo nas zonas onde mais ninguém quer estar (nº 40).

Os consagrados são enviados a proclamar a boa nova no acompanhamento de proximidade aos povos indígenas, aos mais vulneráveis e aos mais distantes a partir de um diálogo e anúncio através de comunidades intercongregacionais, respeitando a cultura e as línguas indígenas para chegar ao coração dos povos (nº 97).

O documento pede uma conversão ecológica para responder à crise socio-ambiental sem precedentes contra a atitude voraz e predatória no uso da Amazónia e das suas riquezas (nº 71).

Há ainda a notar a inversão da pirâmide eclesial. O documento começa por falar da missão dos leigos e religiosos e termina com a dos ministérios ordenados.

O Documento Final fecha com as palavras «uma Igreja de rosto amazónico e em saída missionária».

A saída missionária é apresentada ao longo do documento como a chave para a renovação da Igreja na Amazónia como o é para as Igrejas diocesanas e para a Igreja universal.

As comunidades eclesiais de base – que o documento revalida (nº 36) – são também chamadas «pequenas comunidades eclesiais missionárias que cultivam a fé, escutam a Palavra e celebram juntas a vida do povo» (nº 95).

Espera-se com grande expectativa a Exortação Apostólica pós-sinodal que o Papa prometeu estar pronta até ao Ano Novo.

11 de novembro de 2019

ABIY DA PAZ


O primeiro-ministro da Etiópia é o Nobel da Paz 2019.
O primeiro-ministro etíope foi laureado com o Prémio Nobel da Paz 2019, o centésimo atribuído pelo Comité Nobel norueguês, «pelos seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional e, em particular, pela sua iniciativa decisiva para resolver o conflito fronteiriço com a vizinha Eritreia».

Abiy Ahmed Ali, 43 anos, apesar do apelido árabe – é filho de pai muçulmano e mãe cristã –, é cristão evangélico. Foi escolhido para encabeçar o Governo federal da Etiópia em Abril de 2018, depois da demissão de Hailemariam Desalegn, que governou o país entre 2012 e 2018 e se demitiu por não conseguir travar uma vaga nacional de três anos de protestos violentos contra o Governo.

Abiy é o primeiro oromo a ascender ao topo do poder, a maior tribo da Etiópia, com quase 39 milhões de pessoas. Pertence ao novo tipo de líderes africanos apostados em reformar o sistema político a partir de dentro, «parte dos ventos de esperança que sopram cada vez mais fortes na África», no dizer de António Guterres, o secretário-geral da ONU. É o décimo segundo africano a receber o Nobel da Paz.

Durante os primeiros 100 dias de governo, Abiy encetou reformas estrondosas para atenuar o controlo absoluto do país pelo EPRDF, a coligação política chefiada pelos tigrinos que tomou conta do poder em 1991 e governava o país com braço de ferro. Levantou o estado de emergência, esvaziou as cadeias de milhares de presos políticos incluindo jornalistas, levantou a censura, prometeu abrir a Internet e a rede móvel – propriedade do Estado – a investidores privados, legalizou grupos da oposição armada, limpou o aparelho do Estado de civis e militares corruptos, promoveu a mulher na vida política nacional.

Abiy recebeu o Nobel pelos esforços para restaurar a paz com a Eritreia depois de vinte anos de costas voltadas e fronteiras seladas por uma disputa fronteiriça. Também mediou processos de paz entre a Eritreia e o Jibuti e o Quénia e a Somália e no conflito interno do Sudão.

«Sinto-me honrado pela decisão do Comité Nobel norueguês. A minha gratidão mais profunda para todos os comprometidos e a trabalhar pela paz. Este prémio é para a Etiópia e para o continente africano. Prosperaremos em paz!», escreveu Abiy no Twitter.

A liberalização promovida pelo governante africano mais jovem está a pôr a nu tensões na etnocracia etíope que estavam reprimidas pelas forças de segurança. Normalmente as terras ancestrais são o pomo de discórdia. Gujis e Guedeos envolveram-se em Agosto do ano passado em escaramuças que deslocaram milhares de pessoas no Sudeste do país e no dia da Páscoa ortodoxa deste ano centenas de membros da etnia gumuz foram chacinadas por estarem a ocupar território amara no Centro-Oeste da Etiópia. Os soldados foram lestos a levar os mortos numa tentativa de ocultação da limpeza étnica, mas a matança foi documentada.

Abiy fez questão de mediar o diálogo de paz entre Gujis e Guedeos em Maio deste ano. Aliás, ele fala algumas das línguas do país e nas suas visitas costuma discursar nas línguas locais.

Os Etíopes receberam com orgulho a atribuição do Nobel da Paz ao seu primeiro-ministro, embora também sublinhem que ainda há muito por fazer sobretudo na economia. Vozes mais críticas dizem que Abiy deve pôr o mesmo empenho na resolução dos diversos conflitos interétnicos que ameaçam a integridade do país mais antigo da África.

15 de outubro de 2019

VIVE!



«Cristo vive e quer-te vivo!». Este é o tema que a Família Comboniana escolheu para as atividades conjuntas durante o corrente ano pastoral.

Esta voz de comando, este imperativo foi tirado do nº 1 da Exortação Apostólica Cristo vive que o Papa Francisco escreveu aos jovens e a todo o povo de Deus.

«CRISTO, NOSSA ESPERANÇA, ESTÁ VIVO e é a mais formosa juventude deste mundo. Tudo aquilo que Ele toca torna-se jovem, faz-se novo, enche-

-se de vida. Então, as primeiras palavras que quero dirigir a cada um dos jovens cristãos são: Ele vive e quer-te vivo!», nota o romano pontífice.

A exortação Cristo vive é um pregão pascal dirigida aos jovens e a cada um de nós. O papa argentino escreve no nº 2: «Por mais que tu te afastes, lá está o Ressuscitado, chamando-te e esperando-te para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, pelos rancores, pelos medos, pelas dúvidas ou pelos fracassos, Ele estará presente para te devolver a força e a esperança.»

A vida que vivemos, a vida de cada um é participação concreta e ativa na Vida do Senhor ressuscitado, o Vivente (Lucas 24, 5).

Jesus resume a sua missão nestes termos: «Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» (João 10, 10).

É desta abundância de vida que participamos no nosso quotidiano, é esta abundância de vida que partilhamos como discípulos missionários. A nascente encontra-se no lado aberto do Crucificado, no Espírito do Ressuscitado, na comunhão de dois ou três reunidos em seu nome, o «cenáculo de apóstolos» da mística comboniana.

Por isso, na seara, na vinha do Senhor não há desempregados nem reformados: há pessoas que, segundo a sua idade e a sua saúde, proclamam as maravilhas do Senhor de acordo com a sua condição.

O Salmo 92 recorda que «até os cabelos brancos continuam viçosos e hão de manter sempre a seiva e o vigor, para proclamar que o SENHOR é reto, é o meu rochedo e nele não há falsidade.»

É este o estado permanente de missão a que somos chamados a viver como discípulos missionários combonianos em Portugal, hoje, saindo das nossas zonas privadas de conforto e, como comunidades apostólicas, testemunhando a vida nova do Reino já presente dentro e entre nós: «reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Romanos 14, 17).

São Daniel Comboni, nosso Pai e Fundador, escreve ao primo no início do seu serviço missionário em Santa Cruz, hoje Sudão do Sul: «A nossa vida, a vida do missionário, é uma mistura de dor e gozo, de preocupações e esperanças, de sofrimentos e consolações. Trabalha-se com as mãos e com a cabeça, viaja-se a pé e em piroga, estuda-se, sua-se, sofre-se, goza-se: é isto o que de nós quer a Providência» (Escritos 314).

O Papa Francisco, nas vésperas início do Outubro Missionário Extraordinário, disse aos representantes dos Institutos Missionários nascidos na Itália: «o missionário precisa da alegria do Evangelho: sem ela não se faz missão, anuncia-se um Evangelho que não atrai. O núcleo da missão é esta atração de Cristo: é o único que atrai. Os homens e as mulheres de hoje, na Itália e no mundo, precisam de pessoas que tragam nos seus corações a alegria do Ressuscitado».

Por isso, repito o desafio que deixei no encerramento da Assembleia Provincial: não deixes que te roubem a alegria de seres comboniano.

Abraço-te com carinho e abençoo-te para que vivas no Vivente recordando que «a glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu de Lião).

10 de outubro de 2019

DISPOSTOS A TUDO



 Quero enquadrar a minha reflexão na Solenidade de São Daniel Comboni com duas citações tiradas do vasto epistolário do nosso fundador como mensagem de fundo desta celebração. 

A primeira foi escrita no início do seu serviço missionário em Santa Cruz, no Sudão.

Numa carta ao pai com data de 5 de março de 1858, uns meros 20 dias depois de chegar entre os Dincas Kich, diz: «O missionário deve estar disposto a tudo: à alegria e à tristeza, à vida e à morte, ao abraço e à despedida. E a tudo isso estou disposto também eu» (Escritos 218).

A segunda foi escrita a 4 de outubro de 1881 – portanto, seis dias antes de morrer – ao P. José Sembianti, seu reitor em Verona. Diz: «Eu sou feliz na cruz, que levada de boa vontade por amor de Deus gera o triunfo e a vida eterna» (Escritos 7246).

A primeira citação ilustra bem a visão do nosso Pai para a sua missão: uma disponibilidade total, integral que inclui os binómios da alegria e da tristeza, da vida e da morte, do abraço e da despedida, que ele abraça durante toda a sua vida em modo heróico a ponto de ser canonizado.

Esta visão holística, que concebe a realidade como um todo em contraponto à fragmentação do viver, é fundamental para uma vida sadia, integrada, sem esquizofrenias nem bipolaridades.

Vai na linha do sermão que Comboni pregou a 11 de março de 1873 em Cartum quando tomou posse como provigário apostólico da África Central.

«Tende a certeza de que a minha alma vos corresponde com um amor ilimitado para todo o tempo e para todas as pessoas. Eu volto para o meio de vós para nunca mais deixar de ser vosso e totalmente consagrado para sempre ao vosso maior bem. O dia e a noite, o Sol e a chuva encontrar-me-ão igualmente e sempre disposto a atender as vossas necessidades espirituais; o rico e o pobre, o são e o doente, o jovem e o velho, o patrão e o servo terão sempre igual acesso ao meu coração. O vosso bem será o meu e as vossas penas serão também as minhas» (Escritos 3158), proclamou.

Este sermão inspirou gerações de missionários e continua a convocar-nos desde a Eternidade onde Comboni vive no seio de Deus-Pai.

A segunda citação é a última frase escrita por Daniel Comboni que temos. Por isso, sabe a testamento espiritual e remete-nos para o coração da espiritualidade cristã e comboniana: o mistério da cruz.

Comboni escreve: «Eu sou feliz na cruz, – e sublinha a palavra cruz – que levada de boa vontade por amor de Deus gera o triunfo e a vida eterna».

Esta citação leva-me ao capítulo 12 da Carta aos Hebreus. A Bíblia dos Capuchinhos traduz: «Tendo os olhos postos em Jesus, autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que lhe fora proposta, sofreu a cruz, desprezando a ignomínia, e sentou-se à direita do trono de Deus» (Hebreus 12, 2).

Detesto esta tradução, porque parece desvirtuar o texto grego. A tradução da Sociedade Bíblica de Portugal em português corrente é mais consensual: «Tenhamos os olhos postos em Jesus, de quem a nossa fé depende do princípio ao fim. Ele suportou a morte na cruz, sem se importar com a vergonha que nisso havia, sabendo a alegria que o esperava».

Jesus não renunciou à alegria. A alegria esperava-o e deu-lhe a força para viver o seu mistério pascal amando até ao fim com amor extremado.

A espiritualidade da cruz – tão forte na mística do nosso fundador – não é uma beatice piedosa do século XIX. É uma maneira concreta de entender e integrar a vulnerabilidade e o sofrimento que são parte da nossa vida e que tendemos a esconder.

Não é masoquismo, ter prazer em sofrer! É a capacidade para aceitar de boa vontade e por amor contrariedades, fragilidades, dificuldades, quedas e vulnerabilidades que não são desperdícios emocionais para jogar nos aterros sanitários dos interstícios das nossas entranhas.

São cruzes que podem gerar vitória e vida, se recicladas pela graça de Deus.

São Paulo notou com muita acutilância e visão teológica que «tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Romanos 8, 28). Daí a cruz – e as cruzes – ser fonte de felicidade, glória e vida para o nosso fundador e para cada um de nós.

A Igreja deu-nos uma porção do Capítulo 10 do Evangelho segundo São João – mais concretamente os versículos 11 a 16 – para celebrarmos a solenidade do nosso Fundador.

Ele foi um pastor segundo o coração de Cristo.

Jesus apresenta-se-nos como o pastor bom e belo que dá a vida pelas ovelhas.

Usa o verbo conhecer quatro vezes: Ele conhece as ovelhas e as ovelhas conhecem-no como Ele conhece o Pai e o Pai conhece-o.

É interessante notar que a relação com as ovelhas brota da relação com o Pai: o conhecimento mútuo das ovelhas nasce do conhecimento mútuo do Pai.

Um conhecimento que, mais que acumulação de informação, é relação, ternura.

No tempo de Jesus, Deus era sobretudo chamado Adonai, Senhor, a palavra-passe usada em vez de Yahweh, o inefável nome de Deus.

Jesus chama Abba – Papá a Deus: mantém uma relação filial, íntima. Daí vem a grande novidade e autoridade de Jesus que tanto impactou nos seus ouvintes.

Os Documentos Capitulares 2015 dizem a este respeito: «Nós somos discípulos de Jesus, chamados a realizar o seu projecto. Característica do discípulo é o encontro pessoal com o Bom Pastor e a escuta da sua voz, saboreando o seu amor e caminhando atrás d’Ele (Jo 10,1-21). Jesus chama-nos a viver e a promover vida plena para todos, conscientes de que trabalhamos num mundo em que forças poderosas levam por diante um plano de morte e destruição» (nº 2).

Esta citação remete-nos para o tema que nos guia este ano como família comboniana: «Cristo vive e quer-te vivo».

A Regra de Vida define o noviciado como «a primeira experiência profunda do modo de vida dos missionários combonianos e tem a finalidade de preparar o candidato para a consagração a Deus para o serviço missionário» (RV 92).

O Directório coloca alguns objectivos concretos: «aprofundamento da comunhão pessoal com Cristo; melhor compreensão da Palavra de Deus, da liturgia e dos sacramentos; equilíbrio entre acção e contemplação; aprofundamento da teologia dos votos e da sua incidência no crescimento humano-cristão da personalidade, para uma maior disponibilidade em ordem ao serviço missionário; experiência de vida comunitária; mais amplo conhecimento da vida e do carisma do Fundador e do Instituto, e estudo aprofundado das constituições» (RV 92. 3).

É este o trabalho que vos espera durante os próximos dois anos, queridos noviços. Um caderno de encargos bastante extenso, mas – estou seguro – que ides cumprir com alegria e dedicação.

Esta folha de serviço é expressão da mística comboniana do sair.

Os nossos irmãos maiores escreveram na mensagem para a celebração do Dia de Comboni que «partir é essencial para o nosso ser missionários, é abandonar o nosso espaço de segurança para renascer numa nova cultura, no seio de outra família humana com a qual partilhamos alegrias, dores e esperanças».

Invoco sobre cada um de vós o Espírito do Ressuscitado para que vos entregueis, de alma e coração, com generosidade e alegria, a esta etapa formativa fundamental para a construção da vossa identidade de discípulos missionários combonianos com a ajuda do mestre, da comunidade comboniana e da comunidade cristã do Jardim de Cima.

Que o Senhor abençoe os vossos intentos no início desta caminhada. Amen.

9 de outubro de 2019

PARTIR É ESSENCIAL



Roma, 10 de outubro de 2019
Festa de São Daniel Comboni

Porque, se eu anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de glória,
é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar!
(1 Coríntios 9, 16)

Mas o missionário confia na misericórdia de Deus e, disposto à luta,
parte para o campo de trabalho guiado pela esperança, que não o abandona nunca.
Entretanto, sopra sobre a embarcação um vento favorável e a viagem começa.
(Escritos 4946)

Caros Confrades, 

saudações e orações desde Roma.

Este mês de outubro está marcado por dois acontecimentos eclesiais muito significativos: o mês missionário extraordinário e o Sínodo especial para a Amazónia. Para nós, missionários combonianos, é também assinalado pela grata recordação do nosso Pai e Fundador, São Daniel Comboni. No dia 30 de setembro, como Conselho Geral, tivemos a graça de participar, juntamente com outros Institutos missionários de fundação italiana, numa audiência com o Papa Francisco, na qual fomos encorajados a viver a nossa missão evangelizadora com a mesma paixão e com a mesma coragem dos nossos fundadores. A vida de São Daniel Comboni roda sobre a urgência de levar o Evangelho ao coração da África. A sua espiritualidade e a sua antropologia estão enraizadas no Coração de Cristo, do qual nasce a profunda convicção do amor de Deus por toda a humanidade, especialmente pelos mais necessitados. São Daniel Comboni soube conjugar espiritualidade e missão de um modo formidável: vive aquilo em que acredita e consegue materializá-lo num projeto que apresenta a visão do Reino no contexto do seu tempo. 

Também nós, hoje, vivemos numa época de grandes perturbações, que nos apresenta muitos desafios, mas também muitas oportunidades para viver em plenitude a nossa vocação. Este é o tempo da graça que somos chamados a viver e que nos pede um comportamento de permanente conversão na fidelidade ao Evangelho. O Papa recordou-nos que a ação missionária só pode ser vivida numa relação de confiança com Jesus. Quando lemos os escritos de Comboni notamos que, apesar de todos os sofrimentos, ele sempre encontrou um enorme apoio na fé do Pai que jamais o abandonaria. Cada um de nós é chamado a encarnar, na sua vida, o carisma do qual somos testemunhas apesar dos nossos limites porque, quando nos deixamos curar na experiência do perdão do Pai, deixam de ser um obstáculo.

A vocação ad gentes, ad vitam, ad extra e ad pauperes é o sinal da nossa identidade dentro da Igreja, mas também para a sociedade em geral. Deixamos a família, a pátria, os amigos e a cultura por Cristo ressuscitado. Partir é essencial para o nosso ser missionários, é abandonar o nosso espaço de segurança para renascer numa nova cultura, no seio de outra família humana com a qual partilhamos alegrias, dores e esperanças. Viver com os outros povos deixa-nos numa situação de vulnerabilidade que é, ao mesmo tempo, testemunho de que a nossa escolha de vida é mantida pela fé e se manifesta na paixão pelo Reino. É ainda um convite ao povo de Deus a manter a consciência de que é continuamente um povo «em saída» para fazer da sua vida um dom para os outros.

Este ano celebramos o ano da inculturalidade e, de facto, o nosso Instituto está cada vez mais internacional, sinal do nosso desejo de crescer como fraternidade ao redor do Evangelho, como o queria Comboni. Viver em comunidades internacionais é uma autêntica escola de humanidade que nos ajuda a desenvolver novas aptidões, como a capacidade de relação, essencial para o anúncio do Evangelho. Os escritos do nosso fundador revelam a sua capacidade de construir pontes com todos os tipos de pessoas, independentemente do seu estado social ou da sua nacionalidade. O Plano para a Regeneração de África mostra-nos essa paixão pelos mais pequenos e a plena confiança nas pessoas como artífices da própria história e membros corresponsáveis da Igreja. O exemplo de Comboni ilumina-nos a viver como família intercultural em fraternidade, sinal de que Deus está presente no meio de nós.

Unimo-nos a todos vós pela intercessão de Maria, nossa Mãe e Estrela da Evangelização, e de São Daniel Comboni e vos desejamos uma boa festa.
O Conselho Geral

7 de outubro de 2019

MISSIONÁRIOS A VOAR



Não tem o feitio de contar os anos ao certo.
Mas já lá vão umas décadas
Desde quando se enamorou da missão,
Deixando tudo e partindo na mais bela e nobre aventura.
 
Não lhe importa que tenha que reduzir o peso da bagagem.
Porque o essencial não tem lugar em mala ou cacifo.
O Ressuscitado é parte da sua pessoa.
Leva-o no seu coração.
 
Pobre e titubeante, balbucia meias-palavras.
Porém, confiado, e orgulhoso
Por seguir a voz do Mestre Fiel
Ao jeito de S. Daniel Comboni.
 
Da janela do avião
Vai observando a constante infinitude pálida do deserto.
Na sua imaginação pululam multidões de gentes variadas.
Jovens e velhinhos, mulheres e crianças.
O povo que quer enxergar Deus
Na pessoa do missionário que chega.
 
No meio da multidão virtual que o rodeia
Surge, natural e espontâneo, o jovem Comboni.
Naquele então, há um século atrás,
Tinha alcançado, montado em camelo,
Estas terras de deserto escaldante.
Consumiu-se em larga sementeira
Com a vontade firme de servir fielmente a Deus.
Seu corpo entregou nas margens do Nilo, em Cartum.
Seu corpo, mas não a sua vida.
Ele está vivo com o Ressuscitado
E há-de viver para sempre nos seus seguidores.
 
Retirando o olhar da pequena janela
Achou-se companheiro de viagem,
Com alguém a seu lado, vestido de branco sem mancha: jalabia e turbante.
Recitava, devotamente, versos do Santo Alcorão.
Longe de mim, pensou o missionário, estorvar a sua oração.
Humildemente, preferiu o respeito e silêncio...
 
Todavia, momentos depois, ouviu a agradável saudação:
- Al salamu aleicum, a paz esteja contigo.
- Ua aleicum al salam, e contigo também.
Entraram em fácil e bela simpatia.
 
- Tenho pena mas ainda não sou capaz de usar fluentemente a tua bela língua árabe…
- Isso não é problema. Deus te ajude a realizar o teu sonho.
- In chá Allah (se Deus quiser).
Escavaram as suas identidades.
 
Acendeu-se uma polémica a não mais terminar.
Por fim, o Espírito mostrou o rosto alegre de Deus.
Afinal, não eram mal-intencionados. Inimigos… isso, então, muito menos.
Juntos, evidenciaram e desmascararam verdades adormecidas.
Deus, meu Criador.
Deus, teu Criador.
Deus, nosso Criador.
Deus, um só.
Somos família. Somos irmãos.
 
Dois livros sagrados se cruzaram,
Passando de mão para mão:
El kitab El muqaddas e El Qor’an El Karim,
A Bíblia e o Alcorão.
 
Dois ignotos viajantes que, com delicadeza e coragem,
Amaciaram as rugas da velhice, da suspeita e da ignorância.
Dois peregrinos, caminhando caminhos andados por seu pai Abraão.
Reconheceram-se evangelizadores de um só Deus e mesmo Senhor.
Sem antagonismos, nem fanatismos, sem outros ismos.
 
O avião aterrou em Cartum.
O missionário comboniano tinha chegado ao seu destino.
Depois de uma breve pausa, o missionário muçulmano continuaria rumo ao Sul: Juba.
 
Despediram-se com um desejo e uma promessa:
Falar com Deus.
Falar de Deus.
Escutar quem lhes fala de Deus.
Sem antagonismos. Sem fanatismos. Sem outros ismos.
  
                                                                Feliz da Costa Martins
                                                                               Missionário comboniano
El Obeid
Sudão

2 de outubro de 2019

VIAGEM 3 M



O Papa Francisco levou mensagem de paz à África Austral.

Não, Viagem 3 M não é nome de código: é apenas a indicação de que o Papa Francisco visitou entre 4 e 10 de Setembro três países da África Austral que começam por M: Moçambique, Madagáscar e Maurícia. As viagens apostólicas tinham em comum o tema da paz: em Moçambique, «Esperança, paz e reconciliação»; em Madagáscar, «Semeador de paz e esperança»; e na Maurícia, «Peregrino de paz».

E a paz, juntamente com a alegria, também estiveram presentes nos encontros do pontífice com os jovens. Em Maputo, o encontro foi inter-religioso: uma resposta às tensões alegadamente religiosas na província nortenha de Cabo Delgado? As populações têm sido chacinadas por grupos armados supostamente ligados ao extremismo islâmico, mas que alguns observadores dizem ser comandados por elites nacionais, a «guerra dos compadres».

O papa agradeceu aos jovens que enchiam o Estádio de Maxaquene, a primeira casa do Eusébio: «Obrigado por estarem aqui as diferentes confissões religiosas. Obrigado por vos animardes a viver o desafio da paz e a celebrá-la hoje como família que somos, incluindo aqueles que, não fazendo parte de nenhuma tradição religiosa, também estão a participar... Estais a fazer a experiência de que todos somos necessários: com as nossas diferenças, mas necessários. As nossas diferenças são necessárias.»

E instou os jovens a empenharem-se com a paz: «A paz é um processo que também vós sois chamados a fazer avançar, estendendo sempre as vossas mãos especialmente àqueles que estão a passar momentos difíceis.»

Francisco deixou um grande desafio aos jovens moçambicanos: «Não deixeis que vos roubem a alegria». Sublinhou que a alegria de viver é uma das características primeiras dos jovens, «alegria partilhada e celebrada que reconcilia e se torna o melhor antídoto capaz de desmentir todos aqueles que vos querem dividir – atenção àqueles que vos querem dividir! –, que vos querem fragmentar, que vos querem contrapor».

Em Madagáscar, o papa fez uma vigília de oração com os jovens em Antananarivo, a capital do país. Voltou a ligar juventude com alegria. Depois de notar «uma alegria e um entusiasmo extraordinários» nos jovens malgaxes, disse: «Vós sereis os construtores do futuro! Convido-vos a contribuir para ele como só vós podeis fazer com a alegria e o frescor da vossa fé.»

Em Maurícia, Francisco não se encontrou com os jovens. Contudo, na missa em Port Louis, falou deles: notou com tristeza que os jovens mauricianos continuam à margem do crescimento económico, desempregados e com futuro incerto. E sublinhou: «O impulso missionário tem um rosto jovem e capaz de fazer rejuvenescer. São precisamente os jovens que, pela sua vitalidade e dedicação, lhe podem dar a beleza e o frescor próprios da juventude, quando desafiam a comunidade cristã a renovar-se e nos convidam a partir para novos horizontes.»

A quarta viagem apostólica de Francisco à África foi um êxito e trouxe-nos a alegria exuberante das liturgias africanas, parentes apartados das nossas missas sisudas. Houve, contudo, um senão: a prometida visita ao Sudão do Sul foi adiada pela segunda vez por causa da insegurança. Começaram mesmo a construir o altar para a missa papal, que vai servir para a celebração do Centenário da Fé em Juba, a 1 de Novembro.

23 de setembro de 2019

EM MEMÓRIA DO IR. PAULO ARAGÃO



Mensagem do Conselho Geral aos confrades de Portugal e à família do Irmão Paulo Aragão 

Caríssimos confrades,
Caríssima família do Irmão Paulo,
Caríssimos amigos e paroquianos

“Para os que creem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma” (Liturgia)

Neste momento em que celebrais as exéquias do nosso querido Irmão Paulo Aragão, missionário comboniano, o Conselho Geral deseja expressar a sua tristeza por esta perda e ao mesmo tempo convidar-vos à ação de graças pela sua vida e pela sua entrega generosa ao Senhor.

Sentimo-nos em comunhão convosco, acima de tudo numa atitude de profunda gratidão ao Senhor pelo dom do Irmão Paulo para a sua família, para o Instituto e para a Missão, especialmente do Sudão, uma missão difícil e muito significativa para todos os combonianos. Gostaríamos de lembrá-lo pela sua presença serena e calma, a sua atenção aos outros e o seu incansável serviço, nos vários trabalhos que lhe foram confiados.

Ressoam aos nossos ouvidos as palavras de Jesus: “quem crê em mim, mesmo que morra viverá” (Jo. 11, 25). Acreditamos que o Paulo vive para sempre com o Senhor e intercederá por todos nós. As palavras de São Daniel Comboni, quando ele perdeu um dos seus missionários, podem-nos servir de conforto neste momento de luto e tristeza: “Deus, nos seus imperscrutáveis mas sempre amorosos desígnios, quis privar-me do incomparável P.e António Squaranti, braço direito da obra santa e meu verdadeiro anjo de conselho e consolo, para lhe cingir a coroa reservada às almas justas” (W. 6373). Assim também, o Senhor chamou Paulo para lhe dar a recompensa dos seus trabalhos e sofrimentos, sobretudo nos últimos anos da sua vida.

Queremos assegurar a todos, aos combonianos em Portugal e à família do irmão Paulo, a nossa amizade e oração. Pedimos ao Senhor que possamos viver este momento com a consolação que nos vem da fé e com a certeza de que um dia nos encontraremos de novo, para celebrar juntos o Deus da Vida.

Roma, 10 de setembro de 2019
Em nome do Conselho Geral
P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie (Superior Geral) 

«:» 

Presença humilde e serena

O Paulo era uma pessoa muito introvertida, mas muito gentil de coração. Ele era humilde e sereno e amava muito os seus irmãos sem distinção. Ele não reclamou muito, mas, quando o fez, foi feito em caridade. Ele adorava jogar as cartas todas as noites como o auge de um longo dia de trabalho. Foi tão difícil vencê-lo no jogo. Ele não falava muito, mas estava sempre presente e sua ausência era sentida imediatamente. Nunca o ouvi rir alto, mas ele tinha um sorriso simples e contagioso.


Serviços comunitários com disponibilidade excecional

Ele trabalhou principalmente na economia e foi um génio nesse campo. Ele trabalhou como administrador financeiro diocesano e como ecónomo provincial. Ele estava sempre ao serviço dos outros. O seu trabalho era muito exigente, mas como a sua personalidade, ele sempre o fazia com humildade, serenidade e silêncio. Quando ele regressou ao Sudão após a sua primeira crise de saúde, tinha menos energia, mas isso não o impediu de servir diligentemente e fê-lo até ao último dia em que deixou a província em março deste ano. Ontem mesmo as cozinheiras perguntaram-me quem seria o responsável pelo jardim, já que o Paulo não iria voltar. Para elas, será difícil ter alguém a prestar aquele serviço com a mesma paixão que Paulo teve. Apesar da sua quietude, ele era amigo de todos, também porque ele estava lá sempre que tu precisavas dele.


Amante da Missão

O Paulo passou a maior parte de sua vida missionária no Sudão, nas comunidades de Port Sudan e na Casa Provincial em Cartum. Ele amava o Sudão e nos poucos anos em que ficou longe, sempre desejou o dia em que regressaria. Quando esteve doente em Portugal, há dois anos, garantiu que voltaria a renovar a autorização de permanência para poder voltar ao Sudão quando melhorasse. Mesmo nesta última partida, embora todos os sinais mostrassem que seu retorno seria impossível, ele manteve a esperança. Em maio ele escreveu-me:

“Caro P. Richard, hoje estive novamente com o médico. Os resultados dos valores dos testes dos rins são baixos e não permitem o tratamento de quimioterapia. Além disso, eles precisam de confrontar a TAC recente dos pulmões com as que fiz no ano passado em Viseu. Portanto, a próxima consulta com o médico é sexta-feira, 24 de maio. Vejo que meu regresso ao Sudão está a ficar sombrio”.

Mas, mesmo com esse quadro aparentemente sombrio, ele esperava que um milagre acontecesse e ele retornasse à Missão. Sentiremos muita falta dele aqui em Cartum. A sua presença humilde, serenidade e disponibilidade para todos os tipos de serviços acompanharão sua memória entre nós!

Descansa em paz, Paulo!
P. Richard Kyankaaga – Provincial do Egito-Sudão 

«:» 

O Ir. Paulo faleceu na última segunda-feira, 9 de setembro, no dia da festa de São Pedro Claver, «Servo dos negros», como costumava assinar.

O Paulo também foi «servo dos negros» através de seus serviços na economia da arquidiocese de Cartum e na província dos missionários combonianos. Era muito claro para ele que os bens postos nas suas mãos eram para a missão e para o serviço do povo.

Depois de muitos anos de serviço economia, ele alcançou um grau de maturidade que o tornou sábio na maneira de lidar com todos os confrades, de acordo com as regras mais recentes do Fundo Comum, a personalidade do confrade e o bem da missão e das pessoas.

O início de 2017 foi um ano terrível para ele, pois várias infeções o levaram quase à morte. Ele foi evacuado em coma induzida de Cartum para Lisboa. Após alguns meses de reabilitação, ele conseguiu voltar, mas a sua saúde não era a mesma de antes, tanto física como psicologicamente.

Um dos seus irmãos tinha morrido com fibrose quiástica e ele estava convencido de que esse também seria o seu destino.

Em 2019, um tumor foi descoberto.

Que ele descanse agora em paz, livre do sofrimento de qualquer tipo de doença que maltratou o seu corpo nos últimos anos de missão.
P. Jorge Naranjo - Cartum (Sudão) 

«:» 

Paulo, tu que foste sempre parco em palavras, deixamos aqui o essencial.

Enquanto Família sabemos q a tua memória, viverá nos nossos corações, fruto de um imenso Amor por Ti uma vez q É nele e por Ele que sobreviverás em nós e é com Este Amor que t lembrararemos e animar-nos- -emos, como é também Ele que nos sustenta nesta dor imensa d t ver partir.

A fraternidade, a solidariedade vive se no e com o Amor, sendo q a Caridade é o seu grande pilar, pois aí encontramos Deus na intimidade do nosso Ser, Sendo!.

Dores dolorosas, suavizam se com e pelo Amor, não apenas na palavra, mas acolhendo o seu verdadeiro sentido pois, só assim, torna se Vida, Pratica.A doença, a solidão, os anseios, receios e o próprio estado d velhice, suavizam com este Amor.

Aos teus confrades, deixamos o nosso agradecimento e carinho.

Qto a ti, encontrarás a Alegria d cura no e com o Amor de Deus.

Um até já.
Os irmãos: Júlia, Isabel, Cecília, Conceição, Zé Manel e Diamantina

«:» 

Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

Agradecemos-Lhe por nos dar o Irmão Paulo. Ele levou-o de volta para Si marcado com o sinal de fé.

As minhas condolências a você e aos confrades em Lisboa.

Os meus agradecimentos aos parentes de Paulo, especialmente à sua irmã, juntos na foto com ele nos últimos momentos de Paulo, sinal de carinho e compaixão.

Agradeço também ao Senhor pela assistência e apoio oferecidos a Paulo durante a doença.
Dom Daniel Adwok – Bispo auxiliar de Cartum (Sudão) 

«:» 

Triste notícia. Perdemos um amigo aqui na terra... Rezemos por ele e pela sua família.
P. Arlindo Pinto – Roma (Itália) 

«:» 

Paz à alma do Paulo e que descanse eternamente no regaço misericordioso do Pai.
P. António Carlos – Manila (Filipinas) 

«:» 

O meu abraço, a ti e aos membros da província, pela Páscoa do nosso querido irmão Paulo.

Soube hoje de manhã e uno-me a vós na oração pelo seu eterno descanso: que na Casa do Pai ele interceda por nós! E dou graças a Deus pelo belo testemunho que ele nos deixa.

Dá os meus pêsames aos seus familiares, que se mostraram tão bons irmãos e irmãs no caminho do Paulo.
P. Manuel Augusto – Roma (Itália) 

«:» 

Lamento a morte do irmão Paulo. Finalmente descansa ao colo do Pai e intercede por nós.
Ir. Mary Cármen – Fetais (Loures) 

«:» 

Recebemos a notícia e já celebrámos missa de ação de Graças pela sua vida Missionária! Unidos a vós e família. Abraço especial para a Diamantina! Amanhã celebrarmos em CHIKOWA unidos a vós! RIP!
P. Carlos Nunes e P. Manuel Pinheiro – Chipata (Zâmbia) 

«:» 

Depois de tantos sofrimentos, o Senhor tenha na Sua paz o nosso querido Irmão Paulo Aragão.

Sentimentos a toda a Província, e também à família do Ir. Paulo especialmente à Diamantina.

Que ele interceda pelo Sudão e por todos nós, para que continuemos a Obra de Comboni.

Unidos na oração e na fé.
P. Manuel dos Anjos – Tete (Moçambique) 

«:» 

Os nossos sentimentos de profundo pesar. Rezamos pelo Ir. Paulo. Que Deus o acolha no seu Reino de Paz.
Ir. Arlete Santos – Port

«:» 

Sinto muito, gostava muito do Ir. Paulo. Ele estava a sofrer, foi melhor assim. Agora descansa em paz.
Amélia Neves – Cacém 

«:» 

É triste a partida do Paulo, mas sabemos que estava a sofrer muito. Uno-me a toda a província e, particularmente a sua família, nesta hora difícil.

Que o Senhor lhe conceda o eterno descanso.
P. David Domingues – Manila (Filipinas)

«:» 

Deixa-me oferecer-te, à Província e à família do irmão Paulo as minhas condolências e orações.

As minhas orações e missas são pelo repouso eterno do irmão Paulo: a nossa vida está nas mãos de Deus o tempo todo, e tudo o que podemos fazer é aceitar o dom da vida e vivê-la ao máximo.

Eu conheci o irmão Paulo em Elstree quando ele chegou depois do noviciado para aprender inglês antes de ir para o CIF no Quénia. Nós demo-nos bem desde o começo e costumávamos passar algum tempo juntos quase todos os dias, primeiro revendo os trabalhos de casa em inglês e depois conversando sobre muitas coisas, especialmente sobre a vida missionária. Também saíamos juntos para tomar uma cerveja de vez em quando!

A única coisa que eu não podia aceitar nele era seu hábito de fumar. Tentei tantas vezes convencê-lo de que era um péssimo hábito, mas sem sucesso.

Mantivemos contacto ao longo dos anos e todos os dias orávamos um pelo outro.

Quando o visitei em Cartum, ouvi (não dele!) muitas histórias maravilhosas sobre sua generosidade e disponibilidade, o seu amor pelos pobres e sua simplicidade de vida.

Há alguns anos atrás encontramo-nos em Verona e, como ele tinha alguns dias livres na Itália, fomos para Trento e de lá para Limone. Mal sabia eu que esses eram nossos últimos dias juntos. Peço ao Senhor ressuscitado que o receba em seu Reino.

O irmão Paulo é verdadeiramente o servo bom e fiel que viu o rosto de Cristo nos pobres e viveu sua vida missionária em uma atitude de total dom para os outros.

Todos os que o conhecerem sentirão sua falta.
P. Rinaldo Ronzani – Verona (Itália) 

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É sempre com pesar que vemos partir um confrade, porque é também algo de nós que morre e que parte. Por outro lado, a fé diz-nos que devemos encarar esta realidade com olhos que veem o invisível e, então, a alegria vence a tristeza. Acompanho-vos nesta hora de provação e, fico rezando para que Deus acolha o Paulo no seu Reino onde Ele lhe reservou um lugar. As minhas condolências à sua família natural.

Memento,
P. José Francisco Dias – Cotonou (Benim

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É com uma enorme tristeza que recebo esta notícia, que descanse em paz! Era um irmão muito gentil! Ficará para sempre no meu coração! Os meus sentimentos!
Catarina Neri Baptista – Viseu 

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No silêncio da oração... sentido abraço carinhoso à sua família e meus irmãos e irmãs. RIP
P. José Boaventura – Salvador (Brasil) 

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Acabo de receber a notícia do falecimento do nosso Irmão Paulo Aragão. Não estava à espera porque quando o visitei em agosto não me pareceu que a sua vida corria assim tantos riscos.

A vós que trabalhais aí na nossa Igreja em Portugal, quero mostrar-vos toda a minha solidariedade e comunhão de amizade e de fé.

Que Jesus o acolha no seu reino e dê aos seus familiares a paz e confiança de espírito que necessitam nestes momentos difíceis.

Deus lhe dê o eterno descanso.

Em comunhão de oração.
P. Francisco Machado – Acra (Gana) 

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Conheci pela primeira vez o Ir. Paulo Aragão em 1984, em Sakakini (Cairo) onde e quando ele veio para estudar a língua árabe no Centro para o árabe e estudos islâmicos que tinha sido aberto no ano anterior.

Em 1984, éramos apenas dois alunos, ele e eu. O superior e diretor do centro foi o P. Miguel Angel Ayuso, recentemente escolhido pelo Papa Francisco para cardeal.

Eu estava no segundo ano e seguia o curso de árabe na Universidade Americana, enquanto o Ir. Paulo recebeu lições em casa de um professor particular. No período da tarde, juntos seguimos o curso em questões islâmicas dado pelo P. Ayuso. Este foi o início do centro árabe e podemos considerar que o Ir. Paulo foi o primeiro aluno que fez na íntegra o curso de dois anos de árabe em Sakakini.

O que recordo dele naquela época era sua atitude humilde e tímida, mas sempre sorridente, um de seus traços de caráter conhecidos de todos.

Muito respeitoso com todos os confrades, ele sempre preferiu manter o silêncio em vez de falar contra um ou outro confrade, mesmo conhecendo perfeitamente a todos.

A sua missão aqui no Sudão foi principalmente como o ecónomo da província, mas foi também, durante um mandato, o ecónomo da diocese, que era uma tarefa muito exigente para ele... Também esteve em Port Sudan como encarregado da casa e da economia.

Agora vou falar sobre o seu "Calvário" a partir de 8 de janeiro de 2017, quando ele ficou doente por causa da malária seguida por muitas outras complicações.

Primeiro, ele foi encaminhado para uma das clínicas aqui à volta do Hospital de Khartoum, onde o encontraram com malária e uma úlcera de estômago: para tratá-los, por alguns dias, ele foi hospitalizado no hospital «Ibn Sina».

De volta para casa em Cartum-norte, a sua saúde em vez de melhorar estava a piorar de forma constante. Então no dia 12 de janeiro ele foi levado para o Hospital Royal Care, para o Departamento de Urgências, onde os médicos encontraram o que era sua principal doença: capacidade pulmonar insuficiente complicada por uma pneumonia resistente.

Em segundo lugar, na mesma noite, com a ajuda de um consultor cristão, Dr. Helen Sobhy (ex-aluno da escola das irmãs), ele foi admitido na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital onde permaneceu até a 28 quando, por um avião-ambulância o levou para o Hospital de Santa Maria em Lisboa. Foi em coma induzida, mas chegou em coma profundo.

Devemos dizer que a equipe médica do Royal Care fez o melhor para mantê-lo vivo. Mesmo a proposta de o levarem para o estrangeiro para tratamento adicional foi deles.

Apesar do conselho contrário de outras fontes médicas, a administração provincial de Portugal tomou a decisão importante de evacuá-lo.

No hospital de Santa Maria, o Paulo recuperou do coma e, finalmente, teve alta e foi transferido para nossa casa em Viseu, onde continuou os tratamentos.

No início de março 2017, enquanto eu estava de férias na Itália, o P. Richard propôs-me ir visitá-lo em Portugal, o que eu fiz dentro na primeira semana de março. O Ir. Paulo veio receber-me com o P. Francisco à central rodoviária de Viseu.

Eu não podia acreditar que ele era capaz de ficar nos próprios pés. Porém, fê-lo com a ajuda de um carrinho. Fez-me recordar o seu rosto coberto por uma máscara de oxigênio antes da decolagem do Aeroporto de Cartum.

Além de ver o Ir. Paulo vivo e agradecer a Nossa Senhora de Fátima por ele estar vivo (eu estive em Fátima no dia 5 de março no regresso a Lisboa), tive outra razão para a minha visita: agradecer ao Provincial de Portugal e os outros confrades pela coragem que eles mostraram em levar o irmão para casa.

Pude vê-lo novamente no Sudão duas vezes; ele continuou a fazer o seu trabalho até o fim. Pôde fazer a sua despedida e voltar sozinho para sua terra natal para ser sendo consolado pelos seus confrades e parentes.

Um agradecimento particular ao padre Vieira e à Diamantina, a irmã que acompanhou e sustentou o nosso querido Paulo durante quatro meses até ao último momento.

Que o Senhor lhe abra as portas do paraíso, que ele possa voltar àquela pátria onde não há morte, onde a alegria eterna perdura.
P. Norberto Stonfer – Cartum (Sudão) 

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NA OUTRA MARGEM

Querido Paulo, companheiro de missão,
Recordo que me disseste, um dia, que irias morrer cedo.
Viste-me sorrir, tentando repelir o mau presságio:
“Não será verdade,
Tens muito pra dar ao Sudão,
Tens muito pra dar à Missão”.

Esse mau anjo perseguiu-te, arrogante, assaltou-te no caminho.
Combateu e levou a melhor. Roubou-te da missão do Sudão.
Levou-te embora, à força.
Deste contigo moribundo, numa cama de hospital, em Lisboa.
Porém, arranjaste força de leão para te livrares desse leito de morte.
E de novo regressaste, alegre, ao teu país de missão.

O anjo desandou mas não te deu tréguas. E, de novo, te assaltou.
Desta vez não trazia espada nem foice. Viria da parte de Deus?
Sim, mas… porquê assim tão cedo? Desejaríamos que ficasses mais tempo cá na terra.

Mas Deus, que te ama e quer o teu sumo bem
Fez ouvir a Sua voz com a feliz notícia para ti:
Irmão Paulo, missionário de Comboni, a missão foi e será sempre o teu destino.
Mas hoje, aqui e agora, é a mudança da grande estação.

Dá cá a tua mão.
Passemos à outra margem.
Na outra margem encontrarás o teu Sudão!
Na outra margem encontrarás a tua Missão!
Na outra margem…
Onde a Felicidade e a Missão jamais terão fim!
Bem-vindo, Irmão Paulo!
P. Feliz da Costa Martins – Cartum (Sudão) 

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Tive conhecimento do falecimento do nosso Ir. Paulo Aragão, e em meu nome e das irmãs da Comunidade apresento os nossos pêsames.

Estamos unidas na oração a cada um de vós e a família.

Pelo Ir. Paulo pedimos o eterno descanso. Que o Senhor o recompense pelo bem que fez e por aquilo que ele sempre foi para nós, Combonianas, em particular para as irmãs do Sudão.
Ir Joana – Missionárias Combonianas (Lisboa) 

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Tenho apenas recebido a notícia da morte do irmão Paulo Aragão, uno-me a todos vós e à sua família na oração pela sua alma. Desde Ngetta, Lira, Uganda vos envio um forte abraço amigo com as condolências de toda a comunidades.
P. Zé João Valero – Lira (Uganda) 

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Estaremos unidos em oração com a província portuguesa e com a família do Paulo, na certeza de que Deus vos consola e abençoa, e ao Paulo dá a vida eterna.
P. Júlio Marques – Nampula (Maputo) 

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Agradecemos por ele a Deus e pedimos-lhe que o acolha no seu regaço.

P. Zé Rebelo – Pretória (África do Sul) 

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Acabo de saber sobre a morte do Ir. Paulo Aragão. Conheci-o em 1983: estávamos juntos na abertura do Centro de Irmãos em Gilgil. Aconteceu que nos tornamos bons amigos, compartilhando inspirações da nossa vocação comum. Por favor, aceita as minhas condolências. Que o bom Senhor, que nos chamou para partilhar na Sua vinha , o recompense.
Ir. Jorge Rodriguez Fayad – Old Fangak (Sudão do Sul) 

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Fico triste com a notícia da morte do Ir. Paulo, apesar de estar informado sobre sua grave condição! Paulo era realmente um amigo querido para muitos.

Que o Paulo descanse agora no amor de Deus!
Ir. Bernhard Hengl – Juba (Sudão do Sul) 

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Primeiro de tudo uma palavra de comunhão e oração com toda a província pela partida do Paulo para a casa do Pai. Falei com ele uns dias de vir em Viseu, e achei-o melhor, pelo que a noticia da sua morte me apanhou de surpresa… mas Deus lá tem os seus desígnios. Lembro-me que o Paulo nessa altura me disse: "Ainda não partiste para as Filipinas!" Respondi-lhe que não queria partir sem lhe dar um abraço… e foi o último. Ainda brincámos sobre a sua saúde e as vezes que ele já tinha estado ás portas de S. Pedro! Foi um bom colega de postulantado, noviciado, profissão religiosa, estudo do inglês em Londres… e as vezes que nos fomos encontrando. Perdemos um bom colega aqui na terra, mas ele continuará connosco agora desde a eternidade. Dá a promessa da minha amizade e oração á Diamantina… ela foi uma irmã extraordinária para o Paulo.
P. Victor Dias – Manila (Filipinas) 

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Repouse na Paz o nosso irmão Paulo!

Certamente que não fará muito barulho no céu, pacato e de poucas palavras como foi aqui na terra. Mas continuará a ser um grande trabalhador no céu como o foi cá na terra!

Que Deus nos conceda muitos outros irmãos combonianos como ele!
P. Manuel João Pereira Correia – Castel D’Azzano (Itália) 

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