23 de setembro de 2019

EM MEMÓRIA DO IR. PAULO ARAGÃO



Mensagem do Conselho Geral aos confrades de Portugal e à família do Irmão Paulo Aragão 

Caríssimos confrades,
Caríssima família do Irmão Paulo,
Caríssimos amigos e paroquianos

“Para os que creem em vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma” (Liturgia)

Neste momento em que celebrais as exéquias do nosso querido Irmão Paulo Aragão, missionário comboniano, o Conselho Geral deseja expressar a sua tristeza por esta perda e ao mesmo tempo convidar-vos à ação de graças pela sua vida e pela sua entrega generosa ao Senhor.

Sentimo-nos em comunhão convosco, acima de tudo numa atitude de profunda gratidão ao Senhor pelo dom do Irmão Paulo para a sua família, para o Instituto e para a Missão, especialmente do Sudão, uma missão difícil e muito significativa para todos os combonianos. Gostaríamos de lembrá-lo pela sua presença serena e calma, a sua atenção aos outros e o seu incansável serviço, nos vários trabalhos que lhe foram confiados.

Ressoam aos nossos ouvidos as palavras de Jesus: “quem crê em mim, mesmo que morra viverá” (Jo. 11, 25). Acreditamos que o Paulo vive para sempre com o Senhor e intercederá por todos nós. As palavras de São Daniel Comboni, quando ele perdeu um dos seus missionários, podem-nos servir de conforto neste momento de luto e tristeza: “Deus, nos seus imperscrutáveis mas sempre amorosos desígnios, quis privar-me do incomparável P.e António Squaranti, braço direito da obra santa e meu verdadeiro anjo de conselho e consolo, para lhe cingir a coroa reservada às almas justas” (W. 6373). Assim também, o Senhor chamou Paulo para lhe dar a recompensa dos seus trabalhos e sofrimentos, sobretudo nos últimos anos da sua vida.

Queremos assegurar a todos, aos combonianos em Portugal e à família do irmão Paulo, a nossa amizade e oração. Pedimos ao Senhor que possamos viver este momento com a consolação que nos vem da fé e com a certeza de que um dia nos encontraremos de novo, para celebrar juntos o Deus da Vida.

Roma, 10 de setembro de 2019
Em nome do Conselho Geral
P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie (Superior Geral) 

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Presença humilde e serena

O Paulo era uma pessoa muito introvertida, mas muito gentil de coração. Ele era humilde e sereno e amava muito os seus irmãos sem distinção. Ele não reclamou muito, mas, quando o fez, foi feito em caridade. Ele adorava jogar as cartas todas as noites como o auge de um longo dia de trabalho. Foi tão difícil vencê-lo no jogo. Ele não falava muito, mas estava sempre presente e sua ausência era sentida imediatamente. Nunca o ouvi rir alto, mas ele tinha um sorriso simples e contagioso.


Serviços comunitários com disponibilidade excecional

Ele trabalhou principalmente na economia e foi um génio nesse campo. Ele trabalhou como administrador financeiro diocesano e como ecónomo provincial. Ele estava sempre ao serviço dos outros. O seu trabalho era muito exigente, mas como a sua personalidade, ele sempre o fazia com humildade, serenidade e silêncio. Quando ele regressou ao Sudão após a sua primeira crise de saúde, tinha menos energia, mas isso não o impediu de servir diligentemente e fê-lo até ao último dia em que deixou a província em março deste ano. Ontem mesmo as cozinheiras perguntaram-me quem seria o responsável pelo jardim, já que o Paulo não iria voltar. Para elas, será difícil ter alguém a prestar aquele serviço com a mesma paixão que Paulo teve. Apesar da sua quietude, ele era amigo de todos, também porque ele estava lá sempre que tu precisavas dele.


Amante da Missão

O Paulo passou a maior parte de sua vida missionária no Sudão, nas comunidades de Port Sudan e na Casa Provincial em Cartum. Ele amava o Sudão e nos poucos anos em que ficou longe, sempre desejou o dia em que regressaria. Quando esteve doente em Portugal, há dois anos, garantiu que voltaria a renovar a autorização de permanência para poder voltar ao Sudão quando melhorasse. Mesmo nesta última partida, embora todos os sinais mostrassem que seu retorno seria impossível, ele manteve a esperança. Em maio ele escreveu-me:

“Caro P. Richard, hoje estive novamente com o médico. Os resultados dos valores dos testes dos rins são baixos e não permitem o tratamento de quimioterapia. Além disso, eles precisam de confrontar a TAC recente dos pulmões com as que fiz no ano passado em Viseu. Portanto, a próxima consulta com o médico é sexta-feira, 24 de maio. Vejo que meu regresso ao Sudão está a ficar sombrio”.

Mas, mesmo com esse quadro aparentemente sombrio, ele esperava que um milagre acontecesse e ele retornasse à Missão. Sentiremos muita falta dele aqui em Cartum. A sua presença humilde, serenidade e disponibilidade para todos os tipos de serviços acompanharão sua memória entre nós!

Descansa em paz, Paulo!
P. Richard Kyankaaga – Provincial do Egito-Sudão 

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O Ir. Paulo faleceu na última segunda-feira, 9 de setembro, no dia da festa de São Pedro Claver, «Servo dos negros», como costumava assinar.

O Paulo também foi «servo dos negros» através de seus serviços na economia da arquidiocese de Cartum e na província dos missionários combonianos. Era muito claro para ele que os bens postos nas suas mãos eram para a missão e para o serviço do povo.

Depois de muitos anos de serviço economia, ele alcançou um grau de maturidade que o tornou sábio na maneira de lidar com todos os confrades, de acordo com as regras mais recentes do Fundo Comum, a personalidade do confrade e o bem da missão e das pessoas.

O início de 2017 foi um ano terrível para ele, pois várias infeções o levaram quase à morte. Ele foi evacuado em coma induzida de Cartum para Lisboa. Após alguns meses de reabilitação, ele conseguiu voltar, mas a sua saúde não era a mesma de antes, tanto física como psicologicamente.

Um dos seus irmãos tinha morrido com fibrose quiástica e ele estava convencido de que esse também seria o seu destino.

Em 2019, um tumor foi descoberto.

Que ele descanse agora em paz, livre do sofrimento de qualquer tipo de doença que maltratou o seu corpo nos últimos anos de missão.
P. Jorge Naranjo - Cartum (Sudão) 

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Paulo, tu que foste sempre parco em palavras, deixamos aqui o essencial.

Enquanto Família sabemos q a tua memória, viverá nos nossos corações, fruto de um imenso Amor por Ti uma vez q É nele e por Ele que sobreviverás em nós e é com Este Amor que t lembrararemos e animar-nos- -emos, como é também Ele que nos sustenta nesta dor imensa d t ver partir.

A fraternidade, a solidariedade vive se no e com o Amor, sendo q a Caridade é o seu grande pilar, pois aí encontramos Deus na intimidade do nosso Ser, Sendo!.

Dores dolorosas, suavizam se com e pelo Amor, não apenas na palavra, mas acolhendo o seu verdadeiro sentido pois, só assim, torna se Vida, Pratica.A doença, a solidão, os anseios, receios e o próprio estado d velhice, suavizam com este Amor.

Aos teus confrades, deixamos o nosso agradecimento e carinho.

Qto a ti, encontrarás a Alegria d cura no e com o Amor de Deus.

Um até já.
Os irmãos: Júlia, Isabel, Cecília, Conceição, Zé Manel e Diamantina

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Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

Agradecemos-Lhe por nos dar o Irmão Paulo. Ele levou-o de volta para Si marcado com o sinal de fé.

As minhas condolências a você e aos confrades em Lisboa.

Os meus agradecimentos aos parentes de Paulo, especialmente à sua irmã, juntos na foto com ele nos últimos momentos de Paulo, sinal de carinho e compaixão.

Agradeço também ao Senhor pela assistência e apoio oferecidos a Paulo durante a doença.
Dom Daniel Adwok – Bispo auxiliar de Cartum (Sudão) 

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Triste notícia. Perdemos um amigo aqui na terra... Rezemos por ele e pela sua família.
P. Arlindo Pinto – Roma (Itália) 

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Paz à alma do Paulo e que descanse eternamente no regaço misericordioso do Pai.
P. António Carlos – Manila (Filipinas) 

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O meu abraço, a ti e aos membros da província, pela Páscoa do nosso querido irmão Paulo.

Soube hoje de manhã e uno-me a vós na oração pelo seu eterno descanso: que na Casa do Pai ele interceda por nós! E dou graças a Deus pelo belo testemunho que ele nos deixa.

Dá os meus pêsames aos seus familiares, que se mostraram tão bons irmãos e irmãs no caminho do Paulo.
P. Manuel Augusto – Roma (Itália) 

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Lamento a morte do irmão Paulo. Finalmente descansa ao colo do Pai e intercede por nós.
Ir. Mary Cármen – Fetais (Loures) 

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Recebemos a notícia e já celebrámos missa de ação de Graças pela sua vida Missionária! Unidos a vós e família. Abraço especial para a Diamantina! Amanhã celebrarmos em CHIKOWA unidos a vós! RIP!
P. Carlos Nunes e P. Manuel Pinheiro – Chipata (Zâmbia) 

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Depois de tantos sofrimentos, o Senhor tenha na Sua paz o nosso querido Irmão Paulo Aragão.

Sentimentos a toda a Província, e também à família do Ir. Paulo especialmente à Diamantina.

Que ele interceda pelo Sudão e por todos nós, para que continuemos a Obra de Comboni.

Unidos na oração e na fé.
P. Manuel dos Anjos – Tete (Moçambique) 

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Os nossos sentimentos de profundo pesar. Rezamos pelo Ir. Paulo. Que Deus o acolha no seu Reino de Paz.
Ir. Arlete Santos – Port

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Sinto muito, gostava muito do Ir. Paulo. Ele estava a sofrer, foi melhor assim. Agora descansa em paz.
Amélia Neves – Cacém 

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É triste a partida do Paulo, mas sabemos que estava a sofrer muito. Uno-me a toda a província e, particularmente a sua família, nesta hora difícil.

Que o Senhor lhe conceda o eterno descanso.
P. David Domingues – Manila (Filipinas)

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Deixa-me oferecer-te, à Província e à família do irmão Paulo as minhas condolências e orações.

As minhas orações e missas são pelo repouso eterno do irmão Paulo: a nossa vida está nas mãos de Deus o tempo todo, e tudo o que podemos fazer é aceitar o dom da vida e vivê-la ao máximo.

Eu conheci o irmão Paulo em Elstree quando ele chegou depois do noviciado para aprender inglês antes de ir para o CIF no Quénia. Nós demo-nos bem desde o começo e costumávamos passar algum tempo juntos quase todos os dias, primeiro revendo os trabalhos de casa em inglês e depois conversando sobre muitas coisas, especialmente sobre a vida missionária. Também saíamos juntos para tomar uma cerveja de vez em quando!

A única coisa que eu não podia aceitar nele era seu hábito de fumar. Tentei tantas vezes convencê-lo de que era um péssimo hábito, mas sem sucesso.

Mantivemos contacto ao longo dos anos e todos os dias orávamos um pelo outro.

Quando o visitei em Cartum, ouvi (não dele!) muitas histórias maravilhosas sobre sua generosidade e disponibilidade, o seu amor pelos pobres e sua simplicidade de vida.

Há alguns anos atrás encontramo-nos em Verona e, como ele tinha alguns dias livres na Itália, fomos para Trento e de lá para Limone. Mal sabia eu que esses eram nossos últimos dias juntos. Peço ao Senhor ressuscitado que o receba em seu Reino.

O irmão Paulo é verdadeiramente o servo bom e fiel que viu o rosto de Cristo nos pobres e viveu sua vida missionária em uma atitude de total dom para os outros.

Todos os que o conhecerem sentirão sua falta.
P. Rinaldo Ronzani – Verona (Itália) 

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É sempre com pesar que vemos partir um confrade, porque é também algo de nós que morre e que parte. Por outro lado, a fé diz-nos que devemos encarar esta realidade com olhos que veem o invisível e, então, a alegria vence a tristeza. Acompanho-vos nesta hora de provação e, fico rezando para que Deus acolha o Paulo no seu Reino onde Ele lhe reservou um lugar. As minhas condolências à sua família natural.

Memento,
P. José Francisco Dias – Cotonou (Benim

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É com uma enorme tristeza que recebo esta notícia, que descanse em paz! Era um irmão muito gentil! Ficará para sempre no meu coração! Os meus sentimentos!
Catarina Neri Baptista – Viseu 

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No silêncio da oração... sentido abraço carinhoso à sua família e meus irmãos e irmãs. RIP
P. José Boaventura – Salvador (Brasil) 

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Acabo de receber a notícia do falecimento do nosso Irmão Paulo Aragão. Não estava à espera porque quando o visitei em agosto não me pareceu que a sua vida corria assim tantos riscos.

A vós que trabalhais aí na nossa Igreja em Portugal, quero mostrar-vos toda a minha solidariedade e comunhão de amizade e de fé.

Que Jesus o acolha no seu reino e dê aos seus familiares a paz e confiança de espírito que necessitam nestes momentos difíceis.

Deus lhe dê o eterno descanso.

Em comunhão de oração.
P. Francisco Machado – Acra (Gana) 

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Conheci pela primeira vez o Ir. Paulo Aragão em 1984, em Sakakini (Cairo) onde e quando ele veio para estudar a língua árabe no Centro para o árabe e estudos islâmicos que tinha sido aberto no ano anterior.

Em 1984, éramos apenas dois alunos, ele e eu. O superior e diretor do centro foi o P. Miguel Angel Ayuso, recentemente escolhido pelo Papa Francisco para cardeal.

Eu estava no segundo ano e seguia o curso de árabe na Universidade Americana, enquanto o Ir. Paulo recebeu lições em casa de um professor particular. No período da tarde, juntos seguimos o curso em questões islâmicas dado pelo P. Ayuso. Este foi o início do centro árabe e podemos considerar que o Ir. Paulo foi o primeiro aluno que fez na íntegra o curso de dois anos de árabe em Sakakini.

O que recordo dele naquela época era sua atitude humilde e tímida, mas sempre sorridente, um de seus traços de caráter conhecidos de todos.

Muito respeitoso com todos os confrades, ele sempre preferiu manter o silêncio em vez de falar contra um ou outro confrade, mesmo conhecendo perfeitamente a todos.

A sua missão aqui no Sudão foi principalmente como o ecónomo da província, mas foi também, durante um mandato, o ecónomo da diocese, que era uma tarefa muito exigente para ele... Também esteve em Port Sudan como encarregado da casa e da economia.

Agora vou falar sobre o seu "Calvário" a partir de 8 de janeiro de 2017, quando ele ficou doente por causa da malária seguida por muitas outras complicações.

Primeiro, ele foi encaminhado para uma das clínicas aqui à volta do Hospital de Khartoum, onde o encontraram com malária e uma úlcera de estômago: para tratá-los, por alguns dias, ele foi hospitalizado no hospital «Ibn Sina».

De volta para casa em Cartum-norte, a sua saúde em vez de melhorar estava a piorar de forma constante. Então no dia 12 de janeiro ele foi levado para o Hospital Royal Care, para o Departamento de Urgências, onde os médicos encontraram o que era sua principal doença: capacidade pulmonar insuficiente complicada por uma pneumonia resistente.

Em segundo lugar, na mesma noite, com a ajuda de um consultor cristão, Dr. Helen Sobhy (ex-aluno da escola das irmãs), ele foi admitido na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital onde permaneceu até a 28 quando, por um avião-ambulância o levou para o Hospital de Santa Maria em Lisboa. Foi em coma induzida, mas chegou em coma profundo.

Devemos dizer que a equipe médica do Royal Care fez o melhor para mantê-lo vivo. Mesmo a proposta de o levarem para o estrangeiro para tratamento adicional foi deles.

Apesar do conselho contrário de outras fontes médicas, a administração provincial de Portugal tomou a decisão importante de evacuá-lo.

No hospital de Santa Maria, o Paulo recuperou do coma e, finalmente, teve alta e foi transferido para nossa casa em Viseu, onde continuou os tratamentos.

No início de março 2017, enquanto eu estava de férias na Itália, o P. Richard propôs-me ir visitá-lo em Portugal, o que eu fiz dentro na primeira semana de março. O Ir. Paulo veio receber-me com o P. Francisco à central rodoviária de Viseu.

Eu não podia acreditar que ele era capaz de ficar nos próprios pés. Porém, fê-lo com a ajuda de um carrinho. Fez-me recordar o seu rosto coberto por uma máscara de oxigênio antes da decolagem do Aeroporto de Cartum.

Além de ver o Ir. Paulo vivo e agradecer a Nossa Senhora de Fátima por ele estar vivo (eu estive em Fátima no dia 5 de março no regresso a Lisboa), tive outra razão para a minha visita: agradecer ao Provincial de Portugal e os outros confrades pela coragem que eles mostraram em levar o irmão para casa.

Pude vê-lo novamente no Sudão duas vezes; ele continuou a fazer o seu trabalho até o fim. Pôde fazer a sua despedida e voltar sozinho para sua terra natal para ser sendo consolado pelos seus confrades e parentes.

Um agradecimento particular ao padre Vieira e à Diamantina, a irmã que acompanhou e sustentou o nosso querido Paulo durante quatro meses até ao último momento.

Que o Senhor lhe abra as portas do paraíso, que ele possa voltar àquela pátria onde não há morte, onde a alegria eterna perdura.
P. Norberto Stonfer – Cartum (Sudão) 

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NA OUTRA MARGEM

Querido Paulo, companheiro de missão,
Recordo que me disseste, um dia, que irias morrer cedo.
Viste-me sorrir, tentando repelir o mau presságio:
“Não será verdade,
Tens muito pra dar ao Sudão,
Tens muito pra dar à Missão”.

Esse mau anjo perseguiu-te, arrogante, assaltou-te no caminho.
Combateu e levou a melhor. Roubou-te da missão do Sudão.
Levou-te embora, à força.
Deste contigo moribundo, numa cama de hospital, em Lisboa.
Porém, arranjaste força de leão para te livrares desse leito de morte.
E de novo regressaste, alegre, ao teu país de missão.

O anjo desandou mas não te deu tréguas. E, de novo, te assaltou.
Desta vez não trazia espada nem foice. Viria da parte de Deus?
Sim, mas… porquê assim tão cedo? Desejaríamos que ficasses mais tempo cá na terra.

Mas Deus, que te ama e quer o teu sumo bem
Fez ouvir a Sua voz com a feliz notícia para ti:
Irmão Paulo, missionário de Comboni, a missão foi e será sempre o teu destino.
Mas hoje, aqui e agora, é a mudança da grande estação.

Dá cá a tua mão.
Passemos à outra margem.
Na outra margem encontrarás o teu Sudão!
Na outra margem encontrarás a tua Missão!
Na outra margem…
Onde a Felicidade e a Missão jamais terão fim!
Bem-vindo, Irmão Paulo!
P. Feliz da Costa Martins – Cartum (Sudão) 

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Tive conhecimento do falecimento do nosso Ir. Paulo Aragão, e em meu nome e das irmãs da Comunidade apresento os nossos pêsames.

Estamos unidas na oração a cada um de vós e a família.

Pelo Ir. Paulo pedimos o eterno descanso. Que o Senhor o recompense pelo bem que fez e por aquilo que ele sempre foi para nós, Combonianas, em particular para as irmãs do Sudão.
Ir Joana – Missionárias Combonianas (Lisboa) 

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Tenho apenas recebido a notícia da morte do irmão Paulo Aragão, uno-me a todos vós e à sua família na oração pela sua alma. Desde Ngetta, Lira, Uganda vos envio um forte abraço amigo com as condolências de toda a comunidades.
P. Zé João Valero – Lira (Uganda) 

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Estaremos unidos em oração com a província portuguesa e com a família do Paulo, na certeza de que Deus vos consola e abençoa, e ao Paulo dá a vida eterna.
P. Júlio Marques – Nampula (Maputo) 

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Agradecemos por ele a Deus e pedimos-lhe que o acolha no seu regaço.

P. Zé Rebelo – Pretória (África do Sul) 

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Acabo de saber sobre a morte do Ir. Paulo Aragão. Conheci-o em 1983: estávamos juntos na abertura do Centro de Irmãos em Gilgil. Aconteceu que nos tornamos bons amigos, compartilhando inspirações da nossa vocação comum. Por favor, aceita as minhas condolências. Que o bom Senhor, que nos chamou para partilhar na Sua vinha , o recompense.
Ir. Jorge Rodriguez Fayad – Old Fangak (Sudão do Sul) 

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Fico triste com a notícia da morte do Ir. Paulo, apesar de estar informado sobre sua grave condição! Paulo era realmente um amigo querido para muitos.

Que o Paulo descanse agora no amor de Deus!
Ir. Bernhard Hengl – Juba (Sudão do Sul) 

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Primeiro de tudo uma palavra de comunhão e oração com toda a província pela partida do Paulo para a casa do Pai. Falei com ele uns dias de vir em Viseu, e achei-o melhor, pelo que a noticia da sua morte me apanhou de surpresa… mas Deus lá tem os seus desígnios. Lembro-me que o Paulo nessa altura me disse: "Ainda não partiste para as Filipinas!" Respondi-lhe que não queria partir sem lhe dar um abraço… e foi o último. Ainda brincámos sobre a sua saúde e as vezes que ele já tinha estado ás portas de S. Pedro! Foi um bom colega de postulantado, noviciado, profissão religiosa, estudo do inglês em Londres… e as vezes que nos fomos encontrando. Perdemos um bom colega aqui na terra, mas ele continuará connosco agora desde a eternidade. Dá a promessa da minha amizade e oração á Diamantina… ela foi uma irmã extraordinária para o Paulo.
P. Victor Dias – Manila (Filipinas) 

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Repouse na Paz o nosso irmão Paulo!

Certamente que não fará muito barulho no céu, pacato e de poucas palavras como foi aqui na terra. Mas continuará a ser um grande trabalhador no céu como o foi cá na terra!

Que Deus nos conceda muitos outros irmãos combonianos como ele!
P. Manuel João Pereira Correia – Castel D’Azzano (Itália) 

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21 de setembro de 2019

NOTÍCIAS DAS FILIPINAS



 A viagem correu bem, e desde o Dubai até Manila encontrei-me com um comboniano Filipino sem saber! 

O corpo do P. TQ, vindo do Quénia, ia no mesmo avião em que viajei. Conhecia-o muito bem, e tinha sido meu formando…. Morreu muito novo.

Já é o segundo comboniano Filipino na eternidade; o primeiro foi o Abito que morreu há uns anos atrás apenas oito dias depois de ter feito a primeira profissão… os desígnios de Deus são de facto diferente dos nossos. Vou pedir a intercessão destes dois para a reabertura do noviciado aqui.

Estes dias têm sido de readaptação a esta realidade, já conhecida mas também um pouco diferente.

Tenho passado grande parte do tempo a preparar a casa e tudo o resto para a reabertura do noviciado, no dia 10 de Outubro, com a presença do nosso Padre Geral e do P. Alcides.

Os noviços serão três... se não houver mais surpresas: um Filipino e dois Vietnamitas. Outro deveria entrar no noviciado saiu uns dias antes de eu chegar.

Também tive a oportunidade de visitar alguns amigos que se recordam do Manuel Augusto e do Alberto.

Encontrei a casa muito como a deixei há há anos atrás… os colegas que aqui estiveram mudaram pouco! E vim para o mesmo quarto. Encontrei também as coisas que aqui deixei… incluindo um bom número de aviões lindos!

Enfim, já vai longa esta minha saudação; fico por aqui e digo-vos que estou contente e feliz de ter regressado a esta terra, embora não tenha sido fácil despedir-me da minha boa mãe.

Agradeço a Deus os dez anos que passei na província, a vossa amizade e apoio.

Ppeço desculpa pelo que não fiz de bem e continuemos unidos na amizade, na oração e na missão.

Abraço amigo,
Victor Dias 
Manila

2 de setembro de 2019

FESTA DE MESKEL


A Santa Cruz é festa maior na Etiópia e Eritreia.
Os cristãos (ortodoxos e católicos) da Etiópia e Eritreia celebram a Festa de Meskel (Santa Cruz) com grande solenidade a 27 de Setembro, ou 17 de Meskerem – segundo o calendário local, que começa a 1 de Meskerem (11 de Setembro – ou 12, se o ano for bissexto).

A festa, uma das celebrações mais importantes da liturgia cristã etíope e eritreia – juntamente com a Páscoa, Natividade e Baptismo do Senhor, a Assunção (ou Dormição) da Virgem Maria e o Ano Novo – marca a descoberta da cruz de Jesus feita por Santa Helena, mãe de Constantino, o imperador romano que deu cidadania ao Cristianismo.

O comboniano eritreu P.e Habtu Teclai explicou-me o significado desta festividade: «A festa de Meskel é uma das maiores festas da Igreja da Eritreia e da Etiópia. Depois de celebrar a Santa Missa as pessoas saem das igrejas para irem para um lugar público onde uma pira de lenha é preparada para a celebração. Sacerdotes e diáconos, vestidos com roupas litúrgicas, encabeçados pela Cruz, dirigem-se de todas as igrejas para o lugar público. Aí, rezam e abençoam o fogo e acendem a pilha de lenha preparada para a celebração. Esperam que a lenha consumida caia na direcção do leste, o que é um bom sinal para o ano que começa. Então as pessoas pegam em cinza e com ela fazem o sinal da cruz na testa.»

A celebração, que começa na véspera ao fim do dia, continua com os tradicionais comes e bebes e muita dança à mistura.

Em Adis-Abeba, a capital etíope, o lugar do fogo sagrado é Meskel Square, a Praça da Cruz, para onde convergem milhares de fiéis, velados por mantos brancos, juntamente com clérigos com os melhores paramentos de todas as igrejas da cidade para a grande celebração. Nos anos de sangue do comunismo, deram-lhe o novo nome de Praça da Revolução, mas quando o regime caiu, a praça voltou a chamar-se Meskel.

A cruz tem um lugar especial na identidade tanto de Etíopes como de Eritreus. É sinal de uma fé milenária e muito sofrida. Pode ser feita de prata ou mesmo ouro, ferro, bronze, cobre, latão, madeira, pedra, osso ou couro. Pode ser pintada ou bordada. É sempre muito estilizada e intricada, autênticas filigranas de entrelaçados geométricos harmoniosos que evocam a vida eterna. É usada nos brincos, anéis e ao pescoço. E tatuada na testa ou nos pulsos. As cruzes processionais são as mais vistosas pelo tamanho e pelo trabalho artístico. São decoradas com panos ricos e coloridos e levadas na ponta de uma vara por padres ou diáconos.

Os padres ortodoxos trazem sempre no bolso uma pequena cruz de madeira ou de metal para abençoar os fiéis com um gesto muito harmonioso: tocam com a cruz na testa de quem pede a bênção, que, por sua vez, a beija num movimento sincronizado e muito respeitoso. As cruzes de mão normalmente têm um quadrado na base que evoca a Arca da Aliança.

As cruzes etíopes provêm de três escolas artísticas relacionadas com as cidades de Aksum (a cidade santa onde os Etíopes juram ter a Arca da Aliança), Lalibela (famosa pelas onze igrejas escavadas na rocha) e Gondar (que foi capital da Etiópia iniciada pela engenharia militar portuguesa).

Uma cruz etíope é uma peça de arte linda, mas é sobretudo sinal da fé de um povo que aceitou Jesus Cristo como seu Senhor no século IV e tem-se-lhe mantido fiel ao longo dos tempos mesmo conturbados.