19 de julho de 2019

32 ANOS


Hoje faz 32 anos que Dom António Castro Xavier Monteiro, bispo de Lamego, impôs-me as mãos e ordenou-me padre missionário na Igreja paroquial de Cinfães.

Nessa altura, escrevi na estampa-recordação, citando Paulo na 1.ª Carta ao amigo Timóteo: «Dou graças Àquele que me confortou, a Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança, chamando-me ao ministério.»

Hoje, esse agradecimento é ainda maior e mais espantoso pelo conforto, pela confiança e pela partilha que Jesus fez comigo em 32 anos de ministério vivido em tantas latitudes e com pessoas tão diferentes e sempre tão lindas.

O Salmo 115 da missa de hoje disse-me o que havia de fazer para celebrar a minha ordenação: «Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.»

Sim, o Senhor fez tanto por mim e para lhe agradecer elevo o cálice da minha vida, faço um brinde ao seu Amor com todas as pessoas que trago no coração. É interessante como num órgão tão pequeno pode caber tanta gente... E há sempre lugar para mais um.

O teólogo Tomas Halik diz que escolheu ser cristão por causa do paradoxo da fé: cabe lá tudo e o seu contrário.

É o que sinto visitando a avenida da memória do meu sacerdócio: há graça e pecado, há luz e trevas, há alegria e lágrimas, há tanta tanta gente que me quer bem e que representa o carinho amoroso que Deus tem por mim!!!

Termino este memorial com uma pequena confissão: o P. Acácio Soares, abade de Cinfães e pessoa de referência para mim, dizia que o dia mais feliz do seu serviço paroquial foi a minha ordenação. Por isso, queria colocar uma lápide de mármore na Igreja para perpetuar a memória da festa.

Eu nunca concordei e ele não a colocou. E porquê? Porque tinha mede de um dia decidir mudar de rumo e talvez casar... Se não o fiz, foi porque o Senhor é fiel e me faz fiel.

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