5 de abril de 2017

PRÉMIO SEM VENCEDOR


O Prémio Ibrahim ficou mais um ano em branco.


Mohammed Ibrahim nasceu no Sudão há 70 anos e fez um pé-de-meia considerável no sector das redes móveis de telecomunicações. A revista Forbes coloca-o no lugar número 1577 da lista de 2016 das pessoas bilionárias, com uma fortuna avaliada em 1,14 mil milhões de dólares. É o 46.º mais rico do Reino Unido, onde vive por ser cidadão de sua majestade. Ocupa a posição número 71 da lista dos mais poderosos de 2013.

Em 2006, Ibrahim criou a própria fundação, a Mo Ibrahim Foundation, para apoiar e galardoar a boa governação e a liderança excepcional na África com o Prémio Ibrahim. O galardão distingue líderes africanos que desenvolvem o país, fortificam a democracia e os direitos humanos e promovem a prosperidade equitativa e sustentável.

O prémio é generoso: a personalidade laureada recebe cinco milhões de dólares num período de dez anos (500 mil dólares por ano); depois fica com uma reforma vitalícia de 200 mil dólares por ano.

Um comité de 16 membros tem a missão de passar em revista os mandatos e premiar ex-chefes de Estado ou de governo africanos democraticamente eleitos que exerceram uma liderança excepcional no cumprimento do mandato constitucional e que deixaram o poder nos três anos anteriores à atribuição do prémio.

Com critérios tão apertados, é aceitável que numa década o Prémio Ibrahim só tenha tido quatro vencedores e um laureado honorário. A lista inclui dois ex-presidentes dos países africanos de expressão portuguesa.

Nelson Mandela, «um líder excepcional reconhecido mundialmente», recebeu o prémio honorário em 2007, porque já tinha deixado a presidência sul-africana havia oito anos quando o prémio foi instituído.

Joaquim Chissano embolsou o primeiro Prémio Ibrahim em 2007 «por conduzir Moçambique do conflito à paz e democracia». O seu sucesso? «Trazer paz, reconciliação, democracia estável e progresso económico a Moçambique depois da guerra civil», lê-se na citação.

Festus Mogae foi laureado em 2008 «por manter e consolidar a estabilidade e prosperidade do Botsuana face à pandemia da sida que ameaçava o futuro do seu país e do seu povo».

O comité acrescenta na sua citação que «sob a liderança do presidente Mogae, o Botsuana demonstrou como um país com recursos naturais pode promover desenvolvimento sustentado com boa governação, num continente onde frequentemente a riqueza mineral se tornou maldição».

Depois de dois anos em branco, em 2011 o Prémio Ibrahim foi para Pedro Pires «por transformar Cabo Verde num modelo de democracia, estabilidade e prosperidade crescente» e pelo seu serviço à diáspora cabo-verdiana.

Em 2014, Hifikepunye Pohamba ganhou o prémio «pelo papel no forjar da coesão nacional e reconciliação num momento-chave da consolidação da democracia na Namíbia».

Salim Ahmed Salim, que encabeça o comité do prémio, anunciou que «depois de cuidada deliberação o comité decidiu não atribuir o prémio em 2016».

Para o comité, entre 2015 e 2016 não houve nenhum líder excepcional («que por definição é incomum» – sublinhou Salim) a terminar o mandato de governo na África.

Talvez em 2017 haja melhores notícias!

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