18 de abril de 2017

AMARAM, VIVEMOS!


O Livro do Ben Sira termina a evocação do glorioso profeta Elias com um versículo enigmático, um dizer (quase) perdido: «Felizes os que te viram e os que morreram no amor; pois, nós também viveremos certamente» (Sir 48,11).

Este é o ícone bíblico que para mim melhor evoca os 70 anos de história dos combonianos em Portugal: porque os nossos antepassados no Instituto amaram, também nós vivemos. A nossa consagração é energizada e nutrida pelo amor que dedicaram a Jesus Cristo e ao serviço missionário em Portugal e no mundo, a seiva que nos alenta. São «parábolas existenciais» e pontos de referência como no-lo recorda o nº 14 dos Documentos Capitulares 2015.

Revisitar, escrever a história da província não é encenar com trajes da época algum evento medieval tão em moda. A história não se simula ou representa; evoca-se, recorda-se para resgatar a memória, para lançar o futuro.

O Papa Francisco alerta que «a falta de memória histórica é um defeito grave da nossa sociedade». E ajunta: «Conhecer e ser capaz de tomar posição perante os acontecimentos passados é a única possibilidade de construir o futuro» (Amoris Laetitia 193).

Assim, revisitar a história da província portuguesa dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus não é tão-pouco embandeirar em arco, pavonear-se no passeio das vaidades.

É celebrar o passado por inteiro, com as suas luzes e sombras, com a sua graça e pecado, com as conquistas e as derrotas para nos inspirarmos e ousarmos caminhos novos de animação missionária, pastoral vocacional de rosto comboniano e governo com a mesma audácia inovadora, generosa, alegre, inserida e próxima dos que nos precederam.

O meu muito bem-haja reconhecido ao P. Manuel Augusto Lopes Ferreira por ter aceitado o convite do Conselho Provincial para aprofundar e escrever a história dos 70 anos da presença comboniana em Portugal.

Durante mais de um ano fez um trabalho aturado e meticuloso de investigação nos arquivos gerais em Roma, nos arquivos provinciais em Lisboa e nos das comunidades. Espirrou com o pó, leu imenso, entrevistou, verificou nomes, datas e factos. Produziu um trabalho persistente e consistente de análise crítica de uma fita do tempo de 70 anos que atravessa momentos históricos, sociais e eclesiais muito contrastantes.

A todos os leitores, sobretudo aos confrades, auspico que esta viagem pelas avenidas da memória comboniana em Portugal sirva de inspiração para gizar caminhos novos de amor missionário.

Somos convocados a amar hoje para que os de amanhã também possam viver o carisma comboniano!

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