Escrevemos a vocês, jovens.
Vocês têm sede de vida plena e de valores autênticos. Seu desejo nos interpela, nos desafia a partilhar convosco as razões de nossa esperança.
Acreditamos em sua força e vitalidade para cuidarmos juntos desse mundo, conforme o projeto de amor de Deus.
Escrevemos desde as periferias do continente americano e da Ásia. As fronteiras são nossa casa.
Como missionários, tentamos assumir o desafio de Papa Francisco: uma Igreja em saída, que caminha junto aos pobres e aos que não conhecem a alegria do Evangelho.
Uma vida doada a Jesus e a seu povo é uma vida bela. Nas fronteiras do sofrimento humano, experimentamos o «gosto espiritual de estarmos próximos à vida das pessoas» (EG 268). Queremos ser testemunhas e profetas de relações fraternas, fundadas no perdão e na misericórdia.
Estamos inquietos e preocupados pela situação de nossos continentes.
O resultado das eleições nos Estados Unidos reforça, mundo afora, uma onda de intolerância e racismo. Representa a falência da política e da democracia por causa do medo e da hegemonia do poder financeiro. Essa economia saqueia os bens comuns, devasta, corrompe e mata.
Nas zonas onde trabalhamos está aumentando a violência, no campo e nas periferias urbanas. Em América Central e México as 'pandillas' e o tráfico ceifam a vida das juventudes. Os defensores de direitos humanos, dos povos indígenas e da mãe terra são executados para calar a boca aos movimentos sociais e à Igreja, quando se manifesta com profecia. Em Colômbia, apesar do esforço desmedido para promovermos uma cultura de reconciliação, nos surpreendeu o resultado de um referendum que mais uma vez pode adiar os acordos de paz.
Em Ásia, sentimo-nos pequenos frente aos desafios de um imenso continente e à complexidade do diálogo entre as culturas e as religiões. Porém, é esse o caminho para promover o encontro e descobrir Deus vivo na humanidade.
É no coração dessa história que os cristãos se envolvem como comunidade, acompanham, frutificam e festejam! Sem medo, ousando tomar a iniciativa.
Aprendemos muito ao lado das juventudes, trabalhando juntos na solidariedade às vítimas do terremoto no Equador, ou enfrentando a violência nas paróquias de periferia de Lima, em Peru. Rezamos convosco e descobrimos o rosto de Deus em nossas casas de formação. Admiramos sua determinação no Brasil, onde estão ocupando mais de mil escolas em protesto não-violento contra as medidas antipopulares do governo.
Vos pedimos desculpa se não estamos sempre à altura de sua coragem. Queremos abrir mais nossas casas ao encontro convosco, porque vocês renovam nossa paixão missionária.
Caminhemos juntos! Nos ajudem a sonhar e promover a justiça e a paz, a cuidar da mãe terra assim como nosso Pai cuidou de nós até aqui.
Padre Ezequiel Ramin, jovem missionário comboniano que doou a vida junto aos indígenas e às famílias sem terra no Brasil, nos inspire e provoque sempre. Ele nos disse: «Tenham um sonho. Sigam somente um sonho. Uma vida que tem um sonho se renova dia após dia».
São Paulo, Brasil – 25 de novembro de 2016
Os missionários combonianos de América e Ásia
Lindo gesto,... profético! Um abraço e santo Advento. Arlindo Pinto.
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