4 de março de 2014

Sudão do Sul: 50 ANOS DA EXPULSÃO




Março de 1964: 
Partida do Sudão 
e chegada à Itália

As Missionárias e Missionários Combonianos estão a celebrar 50 anos da expulsão do Sudão, o parto doloroso da Igreja local e de novos espaços de missão para os dois institutos.

O Conselho de Ministros Sudanês decretou a expulsão de todos os missionários católicos e protestantes a operar no Sudão do Sul a 27 de Fevereiro de 1964, acusando-os de abuso da hospitalidade e ingerência nos assuntos internos do país.

Até 9 de Março, 154 combonianas, 104 combonianos e 13 missionários de Mill Hill e algumas dezenas de protestantes tiveram que abandonar a missão e o país.

Um bispo, 25 padres diocesanos e três missionários combonianos locais ficaram com a responsabilidade de levar para a frente 58 missões católicas. Havia ainda cinco congregações locais: três femininas e duas masculinas, de irmãos.

A expulsão não foi o golpe mortal na Igreja que florescia no Sul do Sudão, como pretendia o Governo islamizador de Cartum. Marcou, isso sim, o nascimento de uma hierarquia sul-sudanesa, a abertura das etnias dinca e nuer ao Evangelho e o início da Igreja Católica no norte do Sudão.

O Sudão do Sul estava em guerra contra Cartum desde Agosto de 1955, ainda antes da independência que aconteceu a 1 de Janeiro de 1956, contra a arabização e islamização da área.

Com a guerra a ganhar força, depois da expulsão dos missionários, muitos sulistas buscaram refúgio em Cartum e aí se encontraram com agentes pastorais católicos que continuavam a trabalhar nos campos da educação e da saúde no ambiente muçulmano, sobretudo membros das etnias dinca e nuer que antes se tinham mantido fechados à Boa-Nova de Jesus.

Uma dúzia de anos mais tarde, os bispos locais já eram cinco.

Com a expulsão, as duas congregações combonianas viram-se com 258 membros no «desemprego» e abriram-se a outras latitudes na África, Médio Oriente e América Latina, incluindo Chade, República Centro-Africana, Etiópia, Leste do Uganda e Quénia.

As Missionárias Combonianas estabeleceram-se em Portugal em finais de 1964. Antes passavam por cá só para aprenderem a língua a caminho de Moçambique.

Os missionários também renovaram a metodologia de trabalho e intensificaram a preparação de agentes de pastoral locais, leigos e clérigos, para acautelarem possíveis expulsões em massa como aconteceu no Sudão.

Os superiores provinciais dos Combonianos e Combonianas no Sudão do Sul escreveram uma mensagem conjunta para marcar o evento intitulada «Recordando cinquenta anos da expulsão do Sudão do Sul (1964-2014): o caminho longo e tortuoso em direcção a uma nova nação.»

A Ir. Giovanna Sguazza e o P. Daniele Moschetti fazem memória desta «história sagrada» e celebram as maravilhas de Deus que «em situações muito dolorosas foi capaz de fazer algo de bom para a salvação do seu povo.»

Referindo-se à violência que afecta o Sudão do Sul desde Dezembro passado, os líderes da família comboniana no país escrevem: «Acreditamos e rezamos para que o povo sul-sudanês saia desta crise mais forte que nunca, prontos para fazer frente às dificuldades da história e da vida. Acreditamos que o povo do Sudão do Sul vai redescobrir a identidade nacional para construir juntos a sua nação com a ajuda de Deus, ultrapassando o demónio do tribalismo e divisão.»

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