Roma, 20 de
Fevereiro de 2014
«Consolai, consolai o meu povo, é o
vosso Deus quem o diz...» (Is 40, 1)
Queridos irmãos, irmãs e LMCs de
Sudão
do Sul
e República
Centro-africana
Saudamos-vos no nome do Senhor da Missão.
Durante estas duas semanas de encontro, oração e reflexão
que nós, superiores das circunscrições, tivemos com a direção-geral do nosso instituto,
seguimos com preocupação a situação de violência em curso nos vossos países. Recusamos
a indiferença e por isso vos dirigimos estas palavras de comunhão e fraternidade.
Dor e morte continuam a marcar indelevelmente o
caminho da missão. O testemunho de presença, de «estar com» de todos vós nesta realidade
de violência irracional e injustificada leva-nos a animar-vos a descobrir que
São Daniel Comboni continua a amar e a fazer causa comum com os mais pobres e
abandonados da África de hoje através da vossa presença. O vosso testemunho torna
a sua presença viva e atual.
Estamos igualmente conscientes dos interesses
políticos e económicos que provocaram uma crise profunda opondo os componentes
de uma sociedade multiétnica e multirreligiosa. Fragilizou-se assim a
convivência pacífica e fraterna de longos anos partilhados num mesmo território.
A crise humanitária gerada não tem precedentes. Também sabemos que as portas de
muitas das nossas paróquias e casas de formação foram abertas para acolher,
acompanhar e consolar milhares de refugiados e deslocados. É, sem dúvida, uma
faceta do ministério missionário da «consolação» de um povo em busca de paz.
Comungamos dos vossos riscos e perigos, solidariedade e coragem.
Recordamos-vos as palavras que
o nosso pai e inspirador escreveu uma semana antes de morrer: «Que aconteça tudo o quer Deus quiser.
Deus nunca abandona quem nele confia. Ele é o protetor da inocência e o
vingador da justiça. Eu sou feliz na cruz, que levada de boa vontade por
amor de Deus gera o triunfo e a vida eterna» (Escritos 7246). E as suas
palavras no leito de morte: «Coragem para o presente, mas sobretudo para o futuro.»
Rezamos para que cesse todo o tipo de violência e de
violação dos direitos humanos, para que a paz, a justiça e a reconciliação
rompam o horizonte do «humanamente impossível» e encontrem um lugar no coração
dos homens e mulheres de boa vontade nos vossos países.
Abraçamos-vos com ternura e carinho e temos-vos
presentes nas nossas orações e nos nossos corações. Que São Daniel Comboni
cuide de cada um de vocês e das pessoas que vos foram confiadas.
Superior-geral e seu conselho
Superiores províncias/delegados
Direção-geral
Missionários Combonianos
Dá uma imensa pena constatar como os esforços por criar comunidades, em que a fraternidade sem fronteiras fazia respirar uma atmosfera de confiança no futuro, são deitados por terra em pouco tempo. No Congo-Kin vivemos também situações semelhantes no que respeita às populações e no que respeita à insegurança para os missionários. Em Bamokandi-Dungu,em 1996-97 e, em 1998 aquando da invasão pelos rebeldes do Sul do Sudão, nós decidimos ficar com as populações. Inspirou-nos nessa decisão o exemplo dos missionários Combonianos em Moçambique e no Uganda: apesar das vítimas entre eles, nunca abandonaram as populações. Agradeço muito aos missionários e às missionárias que, na RCA e no Sudão do Sul, continuam a testemunhar que a fraternidade é para ser vivida e manifestada principalmente quando o preço dela é muito alto. Que o Senhor esteja convosco, irmãs e irmãos.
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