1 de fevereiro de 2013

ENCONTROS DE CULTURAS


©SAmado
Os padres sinodais deram uma tarefa à Igreja em África: que desenvolva a (nova) evangelização no encontro com as antigas e novas culturas.

Em Julho do ano passado, tive de celebrar a missa Zande – em inglês – na paróquia de Nzara e tive uma surpresa interessante: os músicos do coro conseguiram combinar o tradicional xilofone azande feito de madeiras da floresta local com as modernas guitarras elétricas, uma parábola cultural de como o velho e o novo podem unir-se num casamento harmonioso.
Esta experiência veio-me à mente quando li o que os padres sinodais pediram à África na mensagem final do sínodo: «Nós olhamos para vós cristãos, homens e mulheres, que viveis nos países de África e expressamos a nossa gratidão pelo vosso testemunho ao Evangelho por vezes em circunstâncias difíceis. Exortamos-vos a reavivar a evangelização que recebestes em tempos recentes, a construir a Igreja como família de Deus, a fortalecer a identidade da família, a suster o empenho de padres e catequistas especialmente nas pequena comunidades cristãs. Afirmamos a necessidade de desenvolver o encontro entre o Evangelho e culturas velhas e novas. Grande expectativa e um apelo forte é dirigido ao mundo da política e aos governos das várias nações de África para que, em colaboração com gente de boa vontade, direitos humanos fundamentais possam ser promovidos e o continente livre de violência e dos conflitos que ainda o afetam.»
Um parágrafo que apresenta um itinerário abrangente para uma pastoral incarnada: o caminho da (nova) evangelização em África passa pelo diálogo do Evangelho com as culturas tradicionais e contemporâneas e pela promoção dos direitos humanos fundamentais como caminho para a pacificação do continente.
As novas gerações africanas vivem entaladas entre a tradição e a modernidade e o seu sistema de valores está a diluir-se continuamente. O Evangelho tem de guiar as novas gerações a fazerem novas sínteses de valores. A Igreja Ortodoxa Etíope resistiu às investidas do Islão porque traduziu a Bíblia na sua língua e inculturou a liturgia que aprendeu da Igreja de Alexandria, no Egipto. Mais perto do nosso tempo, a Igreja da República Democrática do Congo criou um rito próprio dando à celebração tonalidades africanas. As Igrejas locais em África têm de indigenizar a fé para que o Evangelho não saiba a produto importado mas seja testemunho de que Deus também é africano, fala através das culturas africanas e disseminou nas culturas africanas as sementes da Palavra à espera de germinar no contacto com o Evangelho!

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