11 de setembro de 2012

A NOVA FRONTEIRA DOS EUA



A China lidera a cooperação na África, mas a América do Norte continua a fortalecer a presença militar no continente, a nova fronteira do combate ao terrorismo internacional.

Celebrei o primeiro aniversário da independência do Sudão do Sul em Nzara, uma cidadezinha nos confins do país, junto à fronteira com a RD Congo. Na tribuna VIP, entre os dignitários, encontravam-se uma meia dúzia de militares norte-americanos. Eram membros de uma força de mais de 3,000 soldados do Sudão do Sul, Uganda, RD Congo e República da África Central que, desde Março, tenta neutralizar Joseph Kony, o líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA na sigla inglesa), rebeldes norte-ugandeses que espalham o terror pela região. O combate ao LRA pode ser uma operação de charme para cobrir envolvimentos mais questionáveis dos militares dos Estados Unidos na África.
Os Estados Unidos estabeleceram a primeira base militar na África em 2003, no Campo de Lemonnier, no Djibuti, para fortalecer a segurança e estabilidade na região e proteger os interesses norte-americanos. O Comando Norte-americano na África – AFRICOM – foi oficialmente criado em 2007, com sede na Alemanha. Hoje os norte-americanos têm cerca de 2000 soldados na base de Lemonnier e mantêm presença militar em cerca de 40 países africanos, incluindo Etiópia, Sudão do Sul, Uganda, Seicheles, Burkina Faso, RD Congo, República da África Central, Burundi, Libéria e Mali. A sua presença irá expandir-se ao Quénia e Egito.
O AFRICOM tem duas missões: fortalecer as capacidades de defesa dos países amigos – faz exercícios militares conjuntos com Marrocos, Camarões, Gabão, Botsuana, África do Sul, Lesoto e Senegal, ao mesmo tempo que treina as forças da Argélia, Burkina Faso, Chade, Mauritânia, Níger e Tunísia em táticas anti-terrorismo; assim como combater ameaças à América e aos interesses americanos provenientes de membros da Al-Qaeda e de outros movimentos extremistas em África. Os Estados Unidos operam uma rede de vigilância e combate com pequenos aviões não tripulados – os «drones», a arma de eleição da administração Obama contra terroristas – a partir do Djibuti, Etiópia, Seicheles e Burkina Faso. O objectivo alegado é controlar a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, Boko Harem na Nigéria, Ansar Dine no Mali, Al Shabaab na Somália e Al-Qaeda no Iémen. Também usam aviões civis de vigilância e caças F15.
Os Estados Unidos retiraram do Iraque, embora ainda mantenham no pais uma força de segurança significativa, estão a fasear a saída do Afeganistão, mas continuam a fortalecer a presença militar em África para confrontar o terrorismo internacional nas novas fronteiras marcadas pela administração Obama. Mas, como é evidente, estão igualmente em jogo interesses económicos e motivos geoestratégicos.

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