30 de maio de 2010

SURRENDER

© JVieira

The great thing about God’s love is that it’s not determined by the object. God does not love us because we are good. God loves us because God is good. It takes our whole lives for that to sink in because that’s not how human love operates.
Human love is largely determined by the attractiveness of the object.
When someone is loveable, nice, good, and attractive physically or in terms of their personality, we find it much easier to give ourselves to them. That’s the way humans operate outside of the economy of grace.
Divine love is a love that operates in a quite unqualified way without making distinctions between persons and without following my personal preferences.
We almost don’t have an outlet in our head to receive that notion! Divine love is received by surrender, which is why the mystics use that word a lot also.

Richard Rohr IN Following the Mystics through the Narrow Gate

28 de maio de 2010

DETIDOS

Mulheres da informação em Juba. Lili, à direita, encontre-se entre os detidos. É editora da SSTV.

Nove jornalistas da rádio e televisão públicas do Sul do Sudão encontram-se detidos sem culpa formada há oito dias no edifício da Segurança Nacional em Juba.
Os detidos fazem parte de um grupo de 12 profissionais da informação pública que a segurança deteve na sexta-feira passada.
Os jornalistas estavam em greve de zelo desde a quarta-feira feira para reivindicar o subsídio de habitação referente a 2009.
Três mulheres, duas mães e uma doente, foram entretanto postas em liberdade e contaram como foram humilhadas pelas forças de segurança.
Uma associação de jornalismo e a missão da ONU no Sudão estão a tentar negociar a libertação dos detidos sem causa formada, mas parece que o ministério da Informação quer fazer deles bodes expiatórios.
O dinheiro parece que sumiu – ou para pagar o canal satélite ocupado pela SSTV, o canal televisivo do Sul, como diz o ministério, ou repartido por uns tantos como acusam os jornalistas.
Mais um prego no caixão da liberdade de informação. Infelizmente, o Sul parece destinado a copiar as coisas piores do norte.

25 de maio de 2010

RELATIONSHIPS

© JVieira
It is true that relationships are a whole lot messier than rules, but rules will never give you answers to the deep questions of the heart, and they will never love you.

WM. Paul Young in The Shack

22 de maio de 2010

FESTA




Hoje quando vim para o almoço tinha uma surpresa agradável à espera: o vizinho Salva Kiir Mayardit ia celebrar o inicio do seu segundo mandato como presidente do Sul do Sudão e convidou o pessoal da Casa Comboni para ir à festa.
O P. Onésimo Kenyi abriu as celebrações com um momento de oração. Depois foram os discursos e a janta – VIPs na casa do presidente e outros convidados no terraço – e depois música e dança.
Nós fizemos parte dos VIPs e tive oportunidade de cumprimentar Angelina Teny, candidata independente a governador de Unity que entrevistei durante a campanha quando fui celebrar a Páscoa a Leer, o ministro da Agricultura – que era ministro da Informação quando cheguei, outras individualidades, e, claro, o presidente.
Quando cumprimentei a Mamã Angelina, o marido – é o vice presidente do Governo do Sul do Sudão – perguntou para quem trabalhava. O Ministro da Agricultura respondeu que eu era o director de Bakhita! Eu disse que era o director de informação, que a directora era a irmã. «E tu trabalhas debaixo de uma mulher» - foi o comentário pronto do ministro que depois foi cumprimentar a Ir. Cecília
.
Ah! Entre os convidados estava também o ministro da Informação, Paul Mayom, que fez uma cara de enjoada quando a irmã Cecília o cumprimentou.
No fim da janta – por sinal bem gostosa e regada com um bom vinho tinto francês –, ainda houve tempo para uns passos de dança com o povão que se divertia à maneira.
Um final cinco estrelas para uma semana levada da breca: os dois jornalistas que trabalham comigo estavam «fora de acção» – ele a fazer os exames na Católica e ela em Cartum num seminário depois de uns dias no Uganda para exames médicos – e o trabalho sobrou para mim.
Mas as férias vêm aí! Urra…

21 de maio de 2010

PRESIDENTE



© JVieira

Salva Kiir Mayardit prestou hoje juramento como primeiro presidente eleito do Sul do Sudão depois de ter conquistado 93 por cento dos votos nas eleições de Abril.
O momento histórico
foi presenciado por uma enorme multidão no Mausoléu de John Garang, em Juba, e marcado por manifestações de grande júbilo e um forte – e desnecessário – dispositivo de segurança.
James Wani Igga, presidente da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão, presidiu à cerimónia que marcou o início do mandato de Kiir.
O evento abriu com orações oferecidas por um bispo anglicano sudanês e por um xeque muçulmano.
O presidente do Uganda, Yoweri Museveni, o vice presidente queniano Stephene Kalonzo Musyoka e o ex-presidente Daniel arap Moi, e o vice-presidente do Sudão, Ali Osman Taha, membros do corpo diplomático sediados em Juba estavam entre os muitos dignitários que participaram na inauguração do mandato do Presidente Kiir.
O novo presidente apresentou um programa de governo de 11 «objectivos cardinais e princípis essenciais» com a agricultura à cabeça e a unidade nacional a fechar.
Kiir prometeu investir dinheiros do petróleo na transformação rural depois de reconhecer que os resultados do sector nos últimos cinco anos foram mínimos.
Educação e saúde são outros objectivos. O Governo deve trabalhar para reduzir os índices de mortalidade infantil e maternal durante e depois do parto.
O governo vai continuar com campanhas de desarmamento forçado para estabelecer segurança e paz no sul do Sudão. Kiir disse que os militares já confiscaram mãos de 22 mil armas ilegais.
Nas questões da mulher, Kiir prometeu elevar de 25 para 30 por cento a participação feminina em cargos políticos, incluindo ministras, secretárias de estados e directoras gerais.
O governo quer promover a reconciliação através de um diálogo sul-sul para manter a região unida.
A protecção do meio ambiente também aparece nas prioridades do governo para os próximos cinco anos.
A prioridade das prioridades vai ser a preparação e realização do referendo sobre a auto-determinação do Sul do Sudão com a possibilidade da independência no horizonte.

19 de maio de 2010

AMEAÇA

© USAID

O Ministro da Informação do Governo do Sul do Sudão ameaçou fechar duas rádios privadas por motivos diferentes.
Paul Mayom acusou a Miraya FM de instigar à violência por ter passado uma entrevista que fez via telefone satélite ao general Deorge Athor que se amotinou com uma centena de soldados depois de ter perdido as eleições para governador de Jonglei.
O Ministro deu uma semana à rádio da ONU para pedirem desculpa ao povo do Sul do Sudão e mandarem para a rua os jornalistas implicados no suposto delito.
Na mesma altura o Dr. Mayom avisou a católica Bakhita FM de cingir a sua programação a matérias religiosas ou revoga a licença de transmissão.
Esta tarde, quando a jornalista da Reuters no Sul do Sudão, Skye Wheeler notou ao ministro que as duas rádios eram privadas, o Dr. Mayom perdeu as estribeira e aos gritos afirmou «privadas uma carapuça, quem manda é o Governo.»
O meu amigo Nhial Bol, director e proprietário do diário «The Ciziten» disse-me numa entrevista que o governo do Sul do Sudão estava a seguir o processo eritreu e depois de ganhar as eleições iria meter a «rolha» à comunicação social!
Parece que os acontecimentos estão a dar razão ao Nhial.
Miraya e Bakhita são duas rádios privadas com boas audiências deixando a milhas a rádio do governo. E o senhor ministro como não as consegue controlar, quer amordaçá-las.
No caso da Bakhita a pretensão do Dr. Mayom é no mínimo caricata. O projecto de lei sobre a comunicação do Sul do Sudão prevê dois tipos de rádios: públicas e privadas. As privadas estão subdivididas em comerciais e comunitárias. A lei não consagra as rádios religiosas. Mas o ministro quer limitar a programação da Bakhita a assuntos religiosos numa clara violação da liberdade de informação.
O Dr. Mayom é um advogado, mas deve andar muito esquecido das normas jurídicas que regem a comunicação social.
Mais: arvora-se o direito de fechar as rádios com o argumento de ser o governo quem dá as licenças. Uma meia verdade porque o governo atribui a frequência de emissão. A licença, essa é dada pelo governo estadual cada ano.
O Ministro continua a acusar Miraya e Bakhita de ultrapassarem o seu mandato. Tenho a impressão que quem ultrapassa o mandato é o ministro que se comporta como um déspota da comunicação social!

17 de maio de 2010

YIROL


© ANunes

O bispo de Rumbek benzeu ontem a nova igreja de Yirol, referida como «a catedral», numa cerimónia que juntou milhares de fiéis e autoridades civis e religiosas.
O novo templo, benzido por Dom César Mazzolarim, um dos quatro bispos combonianos do Sudão, levou sete anos a construir.
O bispo disse que era um monumento à solidariedade: os dinheiros vieram da comunidade local, da Itália e da Espanha, sobretudo de Andaluzia, a terra do pároco de Yirol, o comboniano José Parladê.
A nova igreja é dedicada à Santa Crus porque fica a cerca de 60 quilómetros da primeira missão de Daniel Comboni
no Sudão: a missão de Santa Crus onde permaneceu entre 1875 e 1876. As febres mataram alguns dos seus colegas e despacharam-no para Itália num estado de saúde muito precário. Hoje o lugar é conhecido por Kenissa: palavra árabe para igreja.
A nova igreja foi feita para acomodar até 700 pessoas. Contudo, o P. Parladê disse que aos domingos mais de 1000 pessoas a enchem para a missa.
A velha igreja, construída de materiais locais e tecto de capim, foi transforma numa escola: as quatro salas em que foi dividida têm pelo menos 90 estudantes cada uma.
Aliás, as escolas são uma das grandes paixões do padre Parladê: com a ajuda dos familiares, conterrâneos e amigos já construiu quase 30 que depois passou ao governo.
Yirol fica no Estado de Lagos a uns 100 quilómetros a leste de Rumbek, a capital e sede da diocese, uma área muito conturbada por pilhagens de gado, entre o povo Dinka.

16 de maio de 2010

INTERNET


O Papa desafiou os padres a usarem a internet e as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna com sabedoria (a tradução inglesa usa a palavra astúcia) na mensagem que preparou para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que se celebra hoje.
A mensagem tem por título «O sacerdote e a pastoral no mundo digital:
os novos media ao serviço da Palavra.»
Bento XVI desenvolve o tema da pastoral no âmbito vasto e delicado do mundo digital, «que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra.»
O Santo Padre compara a internet com o «pátio dos gentios» do Templo de Jerusalém, o espaço reservado aos que procuravam Deus mas ainda não pertenciam ao povo hebraico.
O papa pede aos padres para estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica para anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais, que Bento XVI chama ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis para a evangelização e a catequese.
O Santo Padre deixa também um alerta: «a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.»

LIÇÃO


O ex-presidente do Quénia ensina ao Presidente Salva Kiir Mayardit como permanecer no topo através das eleições do poder em três tempos: não deixes a mão direita saber o que a esquerda faz; faz o contrário do que os oponentes esperam; explora as fraquezas dos teus oponentes.
E o professor de politica Daniel arap Moi conclui: Não vais falhar. Confia em mim: tenho 24 anos de experiência.
O Sudão celebrou há um mês as primeiras eleições multipartidárias em 24 anos.
Salva Kiir Mayardit foi eleito presidente do Governo do Sul do Sudão com 92,9 por cento dos votos expressos.
O SPLM (Movimento de Libertação do Povo do Sudão na sigla me inglês) de Kiir conquistou 160 dos 170 lugares na Assembleia Legislativa do Sul do Sudão.
Moi foi o segundo presidente do Quénia de 1978 a 2002.

13 de maio de 2010

MASSAGEM


Às vezes apetecia-se ser Salva Kiir Mayardit para saber o que é uma massagem de parabéns.
Desde que a Comissão Nacional de Eleições declarou o candidato do SPLM presidente do governo do sul do Sudão com quase 97por cento dos votos expressos,instituições e indivíduos que querem ser notados têm publicado massagens – e mensagens também – de felicitação pela vitória espectacular.
Dizem que o português é uma língua muito traiçoeira! E o inglês não é?
Ainda no capítulo das eleições, hoje descobri através do sítio do SPLM que os resultados das eleições para a Assembleia Legislativa do Sul do Sudão já foram integralmente publicados. O SPLM lá conseguiu ocupar 160 dos 170 lugares da «augusta casa» como aqui lhe chamam.
Vitória avassaladora ou fraude eleitoral?
A Comissão Eleitoral de Eleições não apresenta resultados detalhados, só totais.
No condado de Terekeka cerca de 45 por cento dos eleitores votaram para os presidentes da república e do Sul do Sudão enquanto que quase 90 por cento votaram para o governador! A urna de voto era a mesma e os eleitores recebiam os três boletins juntos. Será que metade decidiu guardar os impressos com as caras dos candidatos a presidentes como recordação? Improvável!
Há outro desenvolvimento preocupante: o general George Athor decidiu candidatar-se como independente a governador de Jonglei. Perdeu, gritou batota e foi para o mato com mais de uma centena de soldados e alguns civis desde o primeiro de Maio.
Diz que já matou mais de 100 soldados do SPLA em recontros esporádicos, mas o exército do sul nega.
Entretanto, o Governo está a tentar encontrar uma solução política para o levantamento porque – como me disse o porta-voz do exército, uma solução militar ia fazer muitas vítimas civis.
O coronel Malaak garantiu-me que o SPLA tem o general renegado e as suas forças cercados enquanto esperam uma decisão do poder político.

12 de maio de 2010

FÚRIAS

José Rodrigues dos Santos intitulou o seu romance mais recente «Fúria Divina», mas a obra retrata sobretudo as fúrias humanas: dos muçulmanos radicais, especialmente Talibãs e da al-Qaeda, e dos serviços de segurança ocidentais a tentar descobrir as ameaças do Islão radical.
O livro é um trabalho a duas velocidades: a história de Ahmed Barakah, aliás Ibn Taymiyyah, leva anos enquanto que as investigações de Tomás Noronha se passam cerca de dois meses.
«Fúria Divina» é uma ficção sobre um perigo real: a possibilidade de a al-Qaeda conseguir deitar mãos a uma bomba nuclear russa e o perigo que isso põe para a segurança mundial.
Uma história que começa na Rússia, passa para o Egipto, Afeganistão e Paquistão, vem a Portugal e acaba em Nova Iorque, com a al-Qaeda a tentar detonar uma bomba atómica no momenta em que os líderes mundiais se encontravam a participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Claro que o Prof. Noronha foi mais expedito que os operacionais islamistas e conseguiu gorar o que seria o aniquilamento da liderança política mundial.
A narrativa agarra o leitor apesar dos muitos lugares comuns a que o autor recorre e que destoam com o seu estilo de escrita. Li as 608 páginas em menos de uma semana à custa de bastantes horas de sono!
O livro foi sobretudo o confronto com uma versão do islão muito diferente da que aprendi no Instituto Missionário de Londres e descobri num curso que fiz sobre o Islão no Cairo: uma versão extremista que mistura o Corão com estórias e ditos atribuídos a Maomé, uma mistura explosiva que radicaliza milhares de muçulmanos envolvidos na Jihad, a guerra santa, contra os infiéis do Oeste.

9 de maio de 2010

PUBLICIDADE

©JVieira

Durante a campanha eleitoral foram trazidos para o Sul do Sudão estruturas gigantes para cartazes de publicidade.
Os “billboards” foram usados para a encorajar os cidadãos a votarem através de cartazes gigantes.
As estruturas, de segunda mão, vieram do Quénia.
Agora que as eleições passaram, as mensagens à participação do acto eleitoral estão a ser substituídas por publicidade a marcas de cerveja importada do Uganda e do Quénia.
É estranho que as autoridades permitam tal publicidade numa sociedade que sofre de alcoolismo crónico.
As classes pobres não consomem o produto importado porque o dinheiro não chega. Mas fabricam as próprias bebidas: cerveja e aguardente de milho painço destiladas em casa através de métodos artesanais mas engenhosos.

8 de maio de 2010

LOVE STORY

© SAmado

Chastity is a call to some contemplative space where the heart can learn from God. The trouble is that I can shirk entering that space without anybody knowing. […] Celibacy becomes dangerous, I think, when it lacks prayerful listening; for then it loses touch with its main justification, which is mystical. Years ago I used to be more content with a functional view of celibacy – the claim that without family commitments, I can be free for people. But both my experience of myself and this contact with married friends have convinced me that the value of celibacy lies beyond this practical sphere. Absence of sexual intimacy, just for the sake of pastoral activity, would be too high a price to pay. Rather it must be “for the Kingdom” as the gospel says, in the sense of sharing in the heart of Christ. Only by entering that alternative love story, with its costs and its fulfilments, can one be liberated to care for people.
Michael Paul Gallagher in Where is Your God?

7 de maio de 2010

CRIANÇAS-SOLDADO

© JVieira

A Comissão de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração do Sul do Sudão quer reintegrar na vida civil cerca de 1200 crianças das fileiras do exército do sul.
Trezentas crianças foram já desmobilizadas desde o início do ano.
Segundo o coordenador da desmobilização de crianças, Oluku Andrew Holt, a maioria dos soldados menores encontra-se nas regiões de Bahr el Ghazal e Upper Nile.
O especialista disse que a pobreza é um dos elementos que mantém as crianças no exército: pelo menos têm comida.
As crianças a desmobilizar são todas rapazes. As meninas já foram reintegradas na sociedade.
A UNICEF está a encorajar as crianças desmobilizada a frequentar a escola, dando-lhes os materiais necessários.
O Programa de Alimentação Mundial, por seu turno, fornece a comida durante os primeiros três meses de reintegração.

5 de maio de 2010

DIÁLOGO

© JVieira

Jornalistas e agentes de segurança reuniram-se hoje em Juba pela segunda vez para analisar a cobertura das eleições, rever os problemas que surgiram durante o processo eleitoral e aprofundar os canais de comunicação.
As forças de segurança são o obstáculo maior à prática de jornalismo no sul do Sudão e os profissionais da comunicação há muito que sentiam a necessidade de se sentarem à mesa com polícias, militares e agentes da secreta para se conhecerem.
No encontro de hoje estiveram três militares: um coronel, porta-voz do exército, e dois oficiais subalternos. O chefe da polícia prometeu mas não apareceu.
O coronel Malaak Ayuan começou por apresentar a situação corrente: um general que concorreu como independente a governador de Jonglei perdeu e em protesto – diz que os resultados das eleições são manipulados– foi para o mato com mais de 100 soldados depois de ter morto cerca de 10 soldados no quartel onde estava para roubar armamento.
Também falou da escalada de violência na fronteira norte-sul: o exército do norte está a concentrar-se nessa área e no mês passado registaram-se alguns recontros com baixas pesadas entre as tropas do norte e do sul.
O diálogo foi positivo e franco: os participantes analisaram a cobertura das eleições – considerada muito boa – e o modo como os agentes de segurança actuaram: em Juba de uma forma exemplar, fora de Juba nem tanto.
O encontro, que reuniu 24 jornalistas de Juba e de Yei, deu ainda para trocar impressões sobre os desafios que a cobertura do referendo de 2011 coloca à comunicação social e às forças de segurança.
Foi decidido organizar um Fórum para jornalistas quanto antes para preparar a cobertura da consulta sobre a auto-determinação do sul do Sudão seguido do terceiro diálogo entre as forças de segurança e os profissionais da comunicação desta vez envolvendo os ministros da informação, exército e do interior.

4 de maio de 2010

HEALING


© JVieira

Since most of our hurts come through relationships, so will our healings, and grace rarely makes sense for those looking in from the outside.
WM Paul Young in The Shack

3 de maio de 2010

LIBERDADE DE IMPRENSA

© JVieira

A Freedom House preparou um relatório intitulado Liberdade de Imprensa 2010 para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que decorre hoje.
O relatório apresenta uma tabela que classifica 196 países e territórios em livres, parcialmente livres e sem liberdade de informação.
Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia ocupam o topo da tabela classificativa mundial da liberdade de imprensa.
Portugal ocupa a décima sexta posição, acima dos EUA (24), Canadá e Reino Unido (26) e Espanha (47).
Na África os países com imprensa livre contam-se pelos dedos de uma mão: Mali, Gana, Maurícias, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
O Sudão ocupa a posição 165 acima da Chade, Etiópia e RD do Congo, embora o relatório reconheça que o país melhorou em matéria de liberdade de imprensa.
O país mais adverso a jornalistas é a Coreia do Norte.
O estudo da Freedom House diz que há 69 países com imprensa livre, 64 parcialmente livre e 63 sem liberdade.
Por zonas, o Oeste europeu é a parte do globo onde a liberdade de imprensa floresce: 92 por cento dos países têm imprensa livre e oito parcialmente livre. O Médio Oriente e o Norte de África são os antípodas: cinco países têm imprensa livre, dez parcialmente livre e 70 sem liberdade.
O relatório revela que a liberdade de imprensa tem vindo a declinar nos últimos oito anos e acrescentou que a Internet é o novo campo de batalha de controlo dos governos, a começar pela China.