1 de abril de 2010

CONFUSÃO


Yasser Arman, o candidato do SPLM à presidência do Sudão, decidiu retirar a candidatura alegando que o NCP, o partido que controla o poder há mais de 20 anos, está altamente envolvido na prática de fraude eleitoral e as eleições não serão livres.
Tudo começou quando a Comissão Nacional das Eleições deu o dito por não dito e decidiu imprimir os boletins de voto para o presidente da república em árabe na tipografia do equivalente da Casa da Moeda sudanesa, propriedade de um membro do NCP.
O concurso tinha sido atribuído a uma empresa da Eslovénia. Os outros boletins foram impressos na Inglaterra e na África do Sul.
A oposição, liderada pelo SPLM, afirma que a impressão dos boletins numa tipografia do NCP abre o caminho à fraude porque o partido pode imprimir um número extra de buletins para preencher e fornecer a eleitores dispostos a venderem o seu voto à candidatura do presidente Omar al-Bashir.
O esquema funciona assim: oficiais da campanha do presidente preenchem os boletins e entregam-nos a cidadãos que pretendam vender o voto. Estes quando votam, metem o impresso que receberam na mesa de voto no bolso e introduzem na urna o voto pré-preenchido. Depois deslocam-se ao contacto, entregam o voto em branco e recebem a soma acordada.
Esta é uma prática comum nestas latitudes segundo um observador internacional que esteve nas últimas eleições presidenciais do Egipto.
O SPLM também anunciou que não vai concorrer às legislativas no Darfur.
A dez dias das eleições a temperatura política sobe ao rubro. A oposição pediu que o voto fosse adiado para Novembro para tentar remediar os actos de fraude em curso.
Ontem o vice-presidente do SPLM disse aos jornalistas que era improvável que o seu partido boicotasse ou adiasse as eleições.
Al-Bashir durante a semana foi peremptório: se o SPLM boicota as eleições, ele não permite a realização do referendo sobre a auto-determinação do sul esperado para Janeiro de 2011.
A desistência de Arman, um árabe muçulmano não praticante e com sérias possibilidades de causar mossa nas aspirações de al-Bashir de continuar no poder pelo voto, veio lançar a confusão total no processo eleitoral que alguns observadores consideram ferido de morte.
A vice-secretária-geral do SPLM prometeu uma conferência de imprensa esta manhã para tornar públicas as decisões que o secretariado do partido tomou ontem à tarde.

1 comentário:

  1. ó compadre, isto é uma confusão do caraças. Realmente com esquemas destes, nem com observadores internacionais se conseguem declarar eleições livres. Abraço!

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